Mulheres no cinema: Elas na telona
Neste dia 08 de março, precisamos falar das mulheres no cinema, pois elas desempenharam papéis fundamentais, mas muitas vezes invisíveis ou subestimados, tanto na frente quanto atrás das câmeras.
Como uma forma de arte e entretenimento popular, a Sétima Arte não apenas reflete a sociedade, mas também molda a forma como vemos o mundo e as relações humanas. Ao longo das décadas, as mulheres no cinema evoluíram, desafiaram normas e se tornaram símbolos de empoderamento e resistência.
As primeiras mulheres no cinema
As primeiras mulheres a entrar nesse universo, ainda nos primórdios, eram, em sua maioria, atrizes. Os curtas de Georges Méliès e de Alice Guy-Blaché, envolviam narrativas curtas e simples, e elas eram frequentemente retratadas como figuras submissas ou em papéis limitados, como esposas e mães.
Alice Guy-Blaché, uma cineasta francesa que, infelizmente, foi apagada da história do cinema por muitos anos, foi uma das primeiras a dirigir filmes narrativos. Sua obra desafiava os papéis tradicionais de gênero, retratando-as como pessoas complexas e inovadoras. Dentre os projetos dirigidos pela artista, temos: A Fada do Repolho (1896), The Consequences of Feminism (1906) e Madame a des envies (1907), só para citar alguns.
Lois Weber é outra que deve ser citada, pois foi uma das cineastas mais prolíficas do período mudo, que também usou seu trabalho para comentar sobre questões sociais e políticas, incluindo o aborto e os direitos das mulheres.
A Era de Ouro de Hollywood: O papel das atrizes
Durante a chamada “Era de Ouro” de Hollywood, que se estendeu pelas décadas de 1930 a 1950, surgiram Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Ingrid Bergman e Katharine Hepburn, que tornaram-se ícones de glamour e beleza. Mas ainda não tinham papéis de muito protagonismo, fora de seus relacionamentos com os personagens masculinos.
Mesmo assim, Katharine Hepburn, por exemplo, desafiou os padrões com sua postura independente e personalidade forte. Ela foi uma das primeiras mulheres a conquistar grande liberdade em sua carreira, ganhando quatro Oscars, um Emmy e indicações para o Grammy e o Tony
Além dela, Marilyn Monroe, embora muitas vezes reduzida a um ícone sexual, também teve um impacto profundo na cultura e na forma como a sexualidade feminina era percebida no cinema. Seus filmes mais famosos foram Os Homens Preferem as Loiras, Quanto Mais Quente Melhor, A Malvada, O Pecado Mora ao Lado e Torrente de Paixão.
Já Dorothy Arzner foi uma das únicas diretoras ativas durante essas décadas e, ao longo de sua carreira, desafiou normas de gênero, trabalhando com temas de independência feminina e explorando as complexidades das relações entre mulheres.
Anos 1960 e 1970: As mulheres no cinema e a contracultura
A década de 1960 viu o movimento feminista se fortalecer e, com isso, ocorreu maior luta por igualdade de gênero. Filmes como O Bebê de Rosemary (1968), apesar de pertencerem a períodos diferentes, ajudaram a transformar a percepção das mulheres na tela, apresentando-as como figuras de resistência, complexidade e força interior.
Já a Nouvelle Vague francesa apresentou ao mundo a cineasta Agnès Varda e outras diretoras cujas obras começaram a desafiar a forma como as mulheres eram representadas. Ela teve obras como Cléo das 5 às 7 (1962) e Duas Garotas Românticas (1967). Nos Estados Unidos, Jane Campion e Barbara Loden se destacaram.
A representação feminina nas décadas de 1980 e 1990
A figura da mulher guerreira ou heroína em obras como Aliens – O Resgate (1986), com Sigourney Weaver, fizeram com que elas fossem inseridas no cinema de ação.
Na década de 1990, projetos independentes ganharam força, com mulheres como Nicole Holofcener e Sarah Polley. Filmes como O Piano (1993), dirigido por Jane Campion, mostraram um novo tipo de heroína: uma mulher complexa, com desejos, fraquezas e forças próprias, que não estava limitada a representações simplistas de feminilidade.
Nos anos 1990, surgiram as chamadas “feministas de Hollywood”, que trabalharam para abrir mais espaços e discutir os aspectos da desigualdade de gênero na indústria cinematográfica.
2000 e além: Mulheres na direção e produção
Kathryn Bigelow, que já tinha uma ótima filmografia e foi a primeira da história a faturar o Oscar de Melhor Diretora e Filme com Guerra ao Terror (2008). Lady Bird (2017) de Greta Gerwig e A Despedida (2019), de Lulu Wang, deve ser visto e revisto por todos.
A nova geração de Hollywood
A nova geração de mulheres no cinema de Hollywood já está aí! Nomes como Millie Bobby Brown e a vencedora do Oscar Mikey Madison (Anora), provavelmente, serão vistas ao longo dos próximos anos. Confira elas e outras.
Millie Bobby Brown
Após conquistar o mundo vivendo Eleven em Stranger Things, Millie Bobby Brown se firmou, transitando em papéis dramáticos e aventuras de ação, como em Enola Holmes e Donzela, por exemplo. Ela não apenas é uma atriz de destaque, mas também se aventurou na produção, mostrando um potencial multifacetado para dominar Hollywood nos próximos anos.
Mikey Madison
Vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Anora, Mikey Madison tem se destacado por sua capacidade de entregar performances profundas e emocionais. Desde Era uma vez em… Hollywood, ela mostra a vontade de aprender para colocar todos os detalhes mais interessantes em seus personagens.
Anya Taylor-Joy
Outra das mulheres no cinema é Anya Taylor-Joy, que encantou o mundo em A Bruxa e continuou a surpreender com papéis memoráveis, como em O Gambito da Rainha. As chances de faturar um Oscar e outros prêmios é gigantesca, principalmente por seu estilo de atuação único. Segue vinculada em dramas como O Menu e no gênero da ação como Furiosa.
Jenna Ortega
Com seu trabalho em Wandinha, Os Fantasmas Ainda se Divertem e Pânico, Jenna Ortega se tornou uma jovem promessa na indústria cinematográfica. Ortega, atuando, lembra bastante Christina Ricci e Juliette Lewis quando eram mais jovens e merece toda atenção!
Mia Goth
X – A Marca da Morte, Pearl e Maxxxine foram os projetos que colocaram Mia Goth nos holofotes. Suas personagens sempre têm um ar esquisito e sombrio e, desta forma, já atraiu a atenção de diretores renomados, como grandes atores como Luca Guadagnino, Ti West, Lars von Trier e Autumn de Wilde.
Florence Pugh
A ascensão de Florence Pugh foi meteórica, com papéis em Midsommar e Adoráveis Mulheres, onde demonstrou um talento impressionante para entregar performances multifacetadas. Dali em diante, foram inúmeros sucessos, como Viúva Negra (2021), Oppenheimer (2023), Todo Tempo que Temos (2024), Duna – Parte 2 (2024) e Thunderbolts, que estreia ainda este ano.
Zendaya
Zendaya poderia ter abocanhado uma indicação ao Oscar em Rivais. Mas antes disso, teve performance cativante em Euphoria e na franquia Homem-Aranha. Transformou-se numa das atrizes mais influentes da atualidade, mesclando sucessos comerciais e projetos independentes. Além de ser uma ativista e ícone de estilo, Zendaya representa uma nova era de artistas comprometidos com a mudança e a representação no cinema.
Margaret Qualley
Com papéis memoráveis em Era uma Vez… em Hollywood, se apresentou para o mundo em A Substância, como a versão mais jovem de Demi Moore. Margaret Qualley combina essa beleza e juventude com uma fisicalidade interessante. Poderá estar em próximos filmes da Marvel, como a Vampira dos X-Men, mas isso são apenas rumores.
Mulheres no cinema e filmes com personagens femininas fortes!
Preciosa – Uma História de Esperança (2009)
Em Preciosa, a personagem principal, Clareece “Precious” Jones, interpretada por Gabourey Sidibe, é uma jovem que, apesar de sofrer abusos físicos e emocionais de sua mãe e viver em uma situação de extrema pobreza, encontra forças para lutar por uma vida melhor. Essa é uma representação clara de resistência e a busca por autonomia, mesmo diante de um ambiente que tenta a todo momento destruir sua autoestima.
O Impossível (2012)
Em O Impossível, estrelado por Naomi Watts, conhecemos Maria, uma mãe que luta para salvar seus filhos após o devastador tsunami que atingiu a Ásia em 2004. Ela não só cuida de sua família, mas também enfrenta o caos com uma determinação feroz. Sua jornada mostra como, mesmo diante das adversidades mais extremas, as mulheres podem ser os pilares de apoio, sobrevivência e esperança.
Lucy (2014)
Scarlett Johansson vive a personagem título, uma jovem mulher que se vê envolvida em uma situação de tráfico de drogas. Logo depois de adquirir habilidades extraordinárias após um incidente, começa a desenvolver poderes além do imaginado que a colocam em um novo nível de consciência e poder.
O Quarto de Jack (2015)
Em O Quarto de Jack, a personagem Joy “Ma” é uma mulher que foi sequestrada e mantida em cativeiro por anos, mas cria seu filho com uma imensa força emocional dentro de um pequeno quarto. Sua determinação para protegê-lo e lutar por sua liberdade é uma representação de coragem que mostra o poder do amor e da esperança, mesmo em situações desesperadoras.
Que Horas Ela Volta (2015)
Regina Casé, é uma empregada doméstica que, ao se mudar para trabalhar na casa de uma família rica, começa a questionar as desigualdades sociais e as fronteiras entre classes. Sua luta por respeito e dignidade é um reflexo das mulheres que, mesmo nas situações mais desiguais, buscam ser reconhecidas como iguais. Que Horas Ela Volta é daqueles projetos que você precisará de alguns lenços, porque você vai chorar.
Três Anúncios para um Crime (2017)
A talentosa Frances McDormand é uma mãe determinada a fazer justiça pela morte de sua filha, enfrentando uma cidade inteira e suas próprias limitações. A personagem é uma das representações mais icônicas de força feminina, onde sua coragem em protestar contra o sistema de justiça e a indiferença das autoridades coloca Mildred como uma heroína atípica e implacável. Sua luta por justiça é uma inspiração para muitas mulheres que, assim como ela, desafiam os sistemas estabelecidos para reivindicar seus direitos.
Atômica (2017)
Em Atômica, a personagem Lorraine Broughton, interpretada por Charlize Theron, é uma espiã da MI6 que se infiltra em Berlim durante a Guerra Fria, mostrando que as mulheres podem ser tão implacáveis e habilidosas quanto os personagens masculinos em filmes de ação. Lorraine é uma personagem extremamente competente e fria, com uma força que desafia a ideia de fragilidade frequentemente atribuída às mulheres.
Um Lugar Silencioso (2018)
Em Um Lugar Silencioso, a personagem Evelyn, interpretada por Emily Blunt, é uma mãe que, em um mundo pós-apocalíptico, luta para proteger sua família de criaturas que caçam pelo som. Evelyn é uma personagem que exemplifica o poder da mulher em situações extremas, onde a intuição, a inteligência e a coragem se tornam armas poderosas.
Ainda Estou Aqui (2024)
Em Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, é um projeto nacional que mostra toda a luta de Eunice Paiva, após ter seu marido sequestrado por militares na época da Ditadura Militar. Fernanda Torres segura a personagem com unhas e dentes, mostrando como uma mãe pode proteger seus filhos e como elas conseguem ser fortes e determinadas em todos os momentos. Obra prima nacional… assistam!
E então, as mulheres no cinema são, além de tudo, espetaculares! Sabemos que faltaram várias, mas essa é uma pequena homenagem a todas.