O projeto dirigido Stephen Daldry, diretor acostumado a colocar um teor dramático muito forte em suas obras, foi tirado do livro de Andy Mulligan e trata o Brasil com total respeito e dignidade, mostrando as mazelas da sociedade e a corrupção que nos envolve, mas também toda alegria e malandragem que nos cercam.
‘Trash – A Esperança vem do Lixo’ é dinâmico e envolvente e ainda consegue reverenciar ‘Os Goonies’, um dos grandes clássicos da Sessão da Tarde, por conta do espírito aventureiro do trio de protagonistas, vivido por Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein e pela forma esperta com que aquele quebra cabeças é montado, ou seja, troca-se o idioma, o tesouro por dinheiro em espécie e os vilões um tanto inofensivos dos anos 80, por policiais sedentos por poder.
Martin Sheen e Rooney Mara se esforçam para falar, o mais claramente possível, seus diálogos em português, mas é Wagner Moura, com poucos minutos frente às câmeras, que faz a ponte e insere o espectador dentro da trama.
Raphael é um garoto que trabalha no lixão no Rio de Janeiro e, um dia, encontra uma carteira com muito dinheiro e um bilhete. Frederico é um policial que chega ao local para encontrar, justamente, o objeto perdido, que pertence a um importante político. Logo seus amigos Gardo e Rato se juntam a Raphael para descobrirem o que há de tão importante naquilo tudo.
Na fotografia decadente de uma favela pegando fogo, no sorriso sincero de um negro suburbano ou na chuva de notas em pleno lixão, Daldry prova o valor das classes menos favorecidas e transforma ‘Trash – A Esperança vem do Lixo’ numa pequena grande obra que deve ser vista por todo cinéfilo que se preze.
Título Original: Trash
Ano Lançamento: 2014 (Brasil/Reino Unido)
Dir: Stephen Daldry, Christian Duurvoort
Elenco: Rickson Tevez, Eduardo Luis, Gabriel Weinstein, Selton Mello, Rooney Mara, Martin Sheen, Wagner Moura, Nelson Xavier, André Ramiro, José Dumont, Daniel Zettel, Stepan Nercessian
ORÇAMENTO: —
NOTA: 9,0
Por Éder de Oliveira