Lá estava eu, procurando alguma coisa para assistir numa tarde de sábado e minha noiva decide apertar o play, justamente neste desconhecido filme intitulado Jack e a Mecânica do Coração. Num primeiro momento fiquei um tanto reticente, pois queria ver alguma coisa mais, digamos, conhecida. Mas por sorte, esta animação francesa é doce e delicada e nos prendeu do início ao fim.
Além de fazer uma homenagem ao cinema de um modo geral – e assim como em A Invenção de Hugo Cabret, George Meliès também dá as caras por aqui –, o roteiro me lembrou, em certas passagens, o livro Circo Mecânico Tresaulti de Genevieve Valentine, lançado aqui pela editora Darkside.
A estranheza do primeiro ato – quando vemos o coração do garoto ser trocado por um relógio – pode até nos fazer lembrar das ideias góticas de Tim Burton, além do que, toda a ambientação é dotada de formas extravagantes, assim como ocorria no Expressionismo Alemão, em projetos como O Gabinete do Dr. Caligari ou ‘Nosferatu’. Mas é fácil de se acostumar com aquele universo criado.
Jack e a Mecânica do Coração é muito mais do que uma grande homenagem. Tem força para nos apresentar um triângulo amoroso que leva a trama sempre para frente, além do uso de uma fotografia melancólica e uma trilha sonora emocionante.
Os diretores Mathias Malzieu e Stéphane Berla têm coragem, pois no terceiro ato, confirmam ainda mais que a figura feminina está ali não só para ser a dama em perigo e que Jack aprendeu, entre tristezas e alegrias, qual era sua função neste mundo. Assim como certos filmes da Pixar, esta animação francesa nos prova que o tal final feliz, depende das escolhas de cada um.
Título Original: Jack et la Mécanique du Coeur
Ano Lançamento: 2014 (França)
Dir: Mathias Malzieu e Stéphane Berla
Vozes: Jean Rochefort, Olivia Ruiz, Rossy de Pal
ORÇAMENTO: —
NOTA: 7,5