Lonely | Diretor fala sobre o projeto
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Lonely | Diretor fala sobre o projeto

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Lonely é um curta metragem dirigido pelo paulistano B.N.L. (abreviação de Bruno Nogueira Leonardo) e filmado aqui em Campinas, tendo como protagonistas Beatriz Leonardo e Jhonatan Leonardo, retrata de forma bastante honesta a luta de uma garota contra a depressão. Mesmo feito de maneira independente, ‘Lonely’ foi selecionado para ser exibido nas plataformas Fliqio e Catalyst Communities.

Nós do Cinema e Pipoca vimos o curta e achamos que toda a ambientação, transição de cenas e escolha de cenários e figurinos é muito bem feita, tratando de um tema tão impactante de maneira respeitosa e séria. ‘Lonely’, acima de tudo, é um projeto que mostra que há talentos espalhados em cada canto do país, baste a boa vontade daqueles que financiam e injetam o dinheiro, terem a boa vontade e saírem destes gêneros pré-estabelecidos e desta forma mecânica com que regem a cultura no país, para que, aí  sim, a diversidade seja plena. Enquanto isso, a internet está aí para dar essa merecida oportunidade.

Entrevista com o diretor de Lonely.

Cinema e Pipoca: Fale um pouco sobre sua carreira até chegar em ‘Lonely’.

BNL: Primeiramente, ainda acho um tanto quanto complicado estar apto a utilizar o nome “carreira” como definição do que realmente faço. Infelizmente, ainda estou um pouco longe de atingir esse status profissionalmente. Muitos de meus projetos nasceram através da MSP (Moonshine Productions), uma criação nossa (minha e de meus primos), mas como resultado de experimentos caseiros e, consequentemente, independentes… Onde adquiri experiência e conhecimento sobre a área. Ainda sim, comecei a expressar essa paixão pelo Audiovisual razoavelmente cedo, há aproximadamente 7 anos atrás, desenvolvendo projetos com meus primos, os quais muitos não chegaram em definitivo a nenhuma plataforma online ou meio de exibição.
Com o passar do tempo, decidi participar de um festival promovido internamente pela rede de ensino do Colégio onde estudava. Por quatro anos consecutivos, o nosso trabalho (meu e dos meus amigos que embarcaram nessa jornada comigo) evoluiu bastante em termos técnicos, alcançando uma qualidade superior a que esperávamos; o que nos garantiu o primeiro lugar em todos os anos que participávamos (em uma categoria pré-selecionada).

CP: Baseou seu roteiro em uma história real? E por que falar sobre este tema?

BNL: Não diria que a ideia surgiu de uma história específica, mas certamente é baseada numa realidade que abrange a vida de muitas pessoas, especialmente de quem sofre com esse tipo de problema. Sempre que passava por essa estação abandonada em um bairro residencial de Campinas, essa história me vinha a cabeça.

Talvez não nos moldes finais de agora, mas com um tema central em comum. Logo, eu quis explorá-lo com alguma profundidade, mesmo que de forma subjetiva, o que acabou aproximandando-a, no decorrer do desenvolvimento do roteiro, de uma vertente desse mesmo tópico, que é a depressão – um assunto muitas vezes pouco abordado, mas de séria gravidade. Então, pensei que talvez pudesse retratar esse sentimento de agonia e solidão, com o qual pessoas pudessem se identificar, como uma visão constante do mundo idealizado pela personagem principal (Jane), dentro de sua própria mente, do qual ela não consegue se livrar. Seja por medo ou por falta de ajuda.

Há o embate psicológico entre quem ela poderia ser e quem ela realmente é naquele momento. E os resultados disso foram positivos, porque pude contatar pessoas que já estiveram em situações parecidas, e que se relacionaram de algum modo com a história. Essa era a finalidade.

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CP: Quanto tempo duraram as filmagens e quais as principais dificuldades para tirar este projeto do papel?

BNL: As principais dificuldades para executarmos esse nosso pequeno projeto foram o velho e conhecido tempo, vilão de todos os planos, e a escolha de uma locação (que era de vital importância para o desenrolar dos fatos, porque representa, através da degradação do ambiente, um ponto de forte conexão entre a personagem e seu passado). Como moro em São Paulo e meus primos em Campinas, cidade na qual realizamos as gravações, era bastante complicado estarmos em sintonia com datas nas quais poderíamos fazer tudo sem tanta correria; mas durante uma semana na qual estive por lá, foi fácil se organizar para que tudo saísse do papel.

CP: Como surgiu o convite para serem um dos projetos selecionados para a plataforma Fliqio?

BNL: Antes mesmo da estreia no YouTube, em Julho, eu já havia selecionado um grupo de festivais/plataformas online nas quais o curta-metragem estaria elegível para participar oficialmente, na esperança de garantir um feedback, independentemente da seleção. Até que, na semana passada, depois de vários meses após o envio, recebi um comunicado via e-mail, me informando que “LONELY” tinha sido aprovado na seleção, entre mais de 10.000 projetos. E foi uma sensação de felicidade indescrítivel para alguém que ainda não está inserido completamente na área e atua com pouquíssimos recursos e contatos.

CP: Como foi feita a escolha do elenco?

BNL: Na realidade, foi um processo bem simples. Optei por escolher meus dois primos, Beatriz e Jhonatan, que já trabalharam comigo antes, por conhecer a capacidade deles para a execução de tal projeto. Embora houvesse timidez, como na maioria dos casos, no momento em que iniciávamos uma cena, eles estavam comprometidos e focados em darem o seu melhor. E funcionou.

CP: É muito difícil fazer filmes independentes no país?

BNL: Infelizmente, não posso afirmar aquilo que mal conheço. Como disse, ainda não atuo de forma efetiva na área; porém, é notável a distinção que existe entre o conteúdo nacional produzido pelo monopólio das grandes produtoras e o que é produzido pelas pequenas produtoras (especialmente quando tratamos de equipamentos, distribuição e público-alvo). Falta incentivo. Falta apoio a diferentes gêneros, que são pouco explorados, e que, consequentemente, não atingem o circuito aberto do mercado brasileiro, tendo que se utilizar de outras plataformas digitais como o YouTube – o que não deixa de ser bom também.

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CP: ‘Lonely’ já participou ou vocês têm pretensões de tentar inserí-lo em algum festival de cinema?

BNL: Eu busquei inseri-lo em diversos festivais nacionais e internacionais, reconhecendo a característica experimental do projeto. Mas foquei a divulgação em plataformas online (como Fliqio e a Catalyst Communities, na qual o curta-metragem foi selecionado em 2015).

CP: Tem novos projetos a caminho? Poderia falar deles pra gente?

BNL: Depois de “LONELY”, dei início ao desenvolvimento de “LIMIAR”, uma drama com toques de ficção científica, que já possui um roteiro finalizado e é bem diferente do que qualquer coisa que já havia feito antes, mas que ainda não tem data oficial para sair do papel. Juntamente com a equipe do Projeto Olhar em Londrina, parceira na realização desse próximo projeto, tínhamos uma previsão inicial, mas faltou apoio para a execução. Mesmo assim, já estamos correndo atrás de elenco e diferentes locações como planejado.

Assista ao curta metragem Lonely:

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