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Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites

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matheus benites

Os traumas e dificuldades da adolescência e o anseio de ser aceito pela sociedade já foram temas de diversos filmes. Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites também dialoga sobre estes temas, mas como ele mesmo diz, “quando você é jovem, que é o meu caso, e também interage constantemente com outras pessoas de realidade semelhante à sua, fica mais fácil de entender como essas pessoas enxergam o mundo, o que elas esperam da vida e o que perturba a cabeça delas“.

Com um elenco formado por atores jovens e outros conhecidos do grande público, como Malu Mader e Eduardo Galvão, este drama indie nacional tem tudo para ter boa carreira em festivais pelo Brasil e pelo mundo.

Confira nosso bate papo na íntegra!

Cinema e Pipoca: Como surgiu a ideia do roteiro de Primeiros Amigos?

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Matheus Benites: Em primeiro lugar, agradeço ao Cinema e Pipoca pelo apoio e interesse na divulgação do filme. O roteiro surgiu da vontade de fazer um filme sobre jovens entrando na vida adulta e que vem de um lugar privilegiado, muitas vezes dificultando que eles próprios se reconheçam adultos e responsáveis, em função do “mimo” decorrente desde a infância. Eu queria fazer um filme que mergulhasse nesse universo e explorasse as inseguranças comuns desse estilo de vida e como eles podem encontrar as respostas através da amizade.

Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites

Cena do filme Primeiros Amigos

O protagonista Joaquim, por exemplo, está inserido no contexto de jovens privilegiados que estudam em universidades caras e podem perseguir seus sonhos. Ele se acha um intelectual, mas mal faz um frango sozinho. Um rapaz que tem muita bagagem de estudo e entusiasmo por aquilo que ele faz, mas não tem tanta vivência de mundo. Os amigos estão indo fazer intercâmbio, ou arranjando trabalhos altamente demandantes, enquanto seu universo começa e termina dentro de seu quarto.

Eu queria que o filme partisse de uma invasão dessa zona de conforto de Joaquim e caminhasse para um arco de maturação. A ideia dos amigos serem os “Primeiros Amigos” veio também num período que revivi um contato mais forte com meus amigos de infância, os do colégio, que são amizades muito ricas, não apenas por se tratarem de pessoas com quem você cresce ao lado desde pequeno, mas também por serem conexões que aconteceram por acaso. Não tem um nicho específico de interesses que une essas pessoas, elas podem ser muito diferentes e ainda assim muito próximas. Eu acho isso incrível.

Quando elas ingressam nas faculdades e seguem caminhos pessoais, tendem a se afastar, algumas vezes perdendo todo o contato que tinham. O desconforto de tentar resgatar esse contato, essa intimidade que já existiu, ou de fingir que ela ainda existe, foi também um elemento que busquei explorar bastante no roteiro.

C&P: Acredita ser mais fácil para um diretor jovem como você, fazer filmes que tenham esta temática e dialogue com este público?

MB: Com certeza! É uma realidade que estou vivenciando agora e, consequentemente, tudo que o filme tem a dizer vem de um lugar muito verdadeiro. Procurei pôr um pouco de mim e de amigos próximos em cada um dos personagens desse filme.

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Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites

Equipe e elenco

C&P: Como Malu Mader e Eduardo Galvão entraram no elenco? E como se deu a escolha dos outros atores e atrizes?

MB: Tudo começou quando eu escalei o Guilhermo Marcondes para fazer o personagem do Felipe (o amigo playboy). Quando ele entrou no projeto, fez questão de me ajudar com a produção do elenco e trouxe o Vitor Novello para encarnar o Joaquim (hoje, com filme montado, não consigo imaginar outra possibilidade) e o Ramon Francisco para o Thomás (o amigo filósofo).

A Maria Clara Parente já tinha trabalhado comigo no curta “Falsas memórias” e no meu primeiro longa “Antes Que Ela Vá“, e eu achei que sua personalidade como atriz combinava com a personagem da Júlia. A Thuany Andrade eu conheci num festival de cinema que o “Antes Que Ela Vá” passou, porém não pessoalmente. Eu a vi no seu filme de estreia, “Homem Livre“, junto com o produtor Caio Moura e ambos decidimos que seria interessante testá-la para o papel da Amanda (a amiga psicóloga). E como estávamos certos!

Malu entrou no projeto porque gostou muito do roteiro. Consegui que chegasse até ela através de seu filho João, que é amigo da Maria Clara. Na dúvida de quem poderíamos escalar para o pai, o Vitor me falou sobre o Eduardo, com quem já havia trabalhado na Malhação. Eu achei a escolha perfeita e me sinto muito sortudo por ele, assim como a Malu e todos os outros.

Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites

Matheus Benítes e Malu Mader

C&P: Quais os prós e contras de se utilizar poucas locações (como, no caso, seu apartamento) para a construção de um longa?

MB: Os prós foram que eu, assim como o fotógrafo e parte da equipe, já conhecíamos muito bem o local. Pude desenhar os storyboards com tranquilidade e o Gustavo Ferraz (fotógrafo) conseguiu fazer seus mapas de luz com uma boa noção geográfica. É a minha casa, portanto eu posso filmar o quanto eu quiser lá dentro (graças ao apoio incondicional da minha família) e, por ser localizada numa região tranquila, o som ficou bastante limpo.

Os contras foram o espaço apertado e o fato de não ter um lugar de concentração para a equipe, ou camarim para os atores, que não fossem também cenários do filme e tivessem que ser arrumados diversas vezes novamente.

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C&P: Em que fase o filme se encontra e pretendem lançar Primeiros Amigos nos cinemas? Se sim, quando mais ou menos?

MB: O filme está na pós-produção. Nossa meta é finalizá-lo até o mês de Junho, para que possamos inscrevê-lo no Festival do Rio e outros a partir do final do ano, até a metade de 2019. Ao mesmo tempo, pretendo buscar uma distribuidora e não deixo de sonhar com o circuito comercial.

C&P: Entre seu primeiro filme e este, você sentiu uma evolução no quesito da direção dos filmes? Acaba se tornando algo mais natural ou a tensão e a adrenalina são as mesmas?

MB: Senti uma baita evolução e fico contente com isso. Certamente, as coisas são mais naturais e seguras para um diretor de segunda viagem nos longas. No entanto, o frio na barriga e o entusiasmo pulsante são os mesmos.

Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites

Equipe de Primeiros Amigos

C&P: Como é fazer cinema independente no Brasil?

MB: Tem vários tipos de cinema independente. Este tipo, de “guerrilha”, para mim é muito gratificante, pois me sinto livre como artista e a atmosfera da colaboração com meus amigos e com o elenco é muito divertida. No entanto, cada filme tem o seu jeito de ser feito. Antes de escrever eu já pensei em fazer o “Primeiros Amigos” neste esquema de produção, de modo que tudo foi concebido para isso dar certo.

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Filmes mais complexos em termos de locação, número de atores e tipo de cenas vão exigir um orçamento maior e eu recomendo aos diretores/produtores que busquem um esquema mais tradicional, com editais e muita paciência, para não correr o risco da obra sair prejudicada.

E aí, o que você achou da entrevista sobre Primeiros Amigos, do diretor Matheus Benites? Comente conosco!

Editor CP

ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS

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Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’

– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

ONDE VIVEM OS MONSTROS 2009


Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.

Saiba mais da lista e a entrevista especial sobre o Dia Mundial do Livro Infantil
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Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

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Entrevista com Rosane Svartman

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!

Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.

No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.

Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Sinopse de Vicky e a Musa

O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.

Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.

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Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.

O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.

Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.

Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.

Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.

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Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.

É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.

O elenco da série

O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.

Entrevista com Rosane Svartman

Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?

  • Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.

De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?

  • Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.

O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?

  • Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.

E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?

  • Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.

E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?

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Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

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casa vazia Ivo Lopes Araujo credito arquivo pessoal

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como GirimunhoTatuagemGreta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau

O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.  

Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.

Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.

Entrevista com Ivo Lopes Araújo
Cartaz Casa Vazia

Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia

Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?

Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.

Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama? 

Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.

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casa vazia Credito Panda Filmes
Crédito: Panda Filmes

Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?

Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.

É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.

E quais são os seus próximos projetos?

Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.

Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.

E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!

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