Connect with us

Entrevistas

Menino da Gamboa | Entrevista com o diretor

Published

on

menino da gamboa

Exibido no Festival do Rio, o curta metragem Menino da Gamboa conta a história de Gum, uma criança de 9 anos nativa da praia da Gamboa. Ele nutre profunda admiração por seu irmão mais velho, carregador de malas dos turistas. De um jeito particular, Gum inventa uma maneira de ser como seu irmão.

Os diretores Pedro Perazzo e Rodrigo Luna conversaram com o Cinema e Pipoca sobre o projeto. Confira o bate papo logo abaixo.

Cinema e Pipoca: Falem um pouco sobre a carreira de vocês, até chegarem em ‘Menino da Gamboa’.

Pedro: Eu nasci na Bahia, depois morei no Rio pra fazer a faculdade de cinema e por lá trabalhei por um tempo. Desde o início da faculdade, já tinha uma inclinação pra trabalhar como roteirista, e foi o foco que eu dei, eventualmente também dirigindo coisas. Trabalhei em muitas funções pra ir pagando as contas, mas escrever e dirigir sempre foram os principais objetivos. Antes de “Menino da Gamboa” eu tinha escrito e dirigido alguns curtas na faculdade. “Menino da Gamboa” foi o primeiro que teve uma carreira realmente significativa em festivais. Como roteirista, eu escrevi documentários, curtas, programas de TV. Depois de “Menino da Gamboa” já rolaram roteiros de longas que estão em fase de finalização ou de pré-produção.

Advertisement

Rodrigo: Desde a faculdade eu trabalho com audiovisual, nas mais diversas funções (produção, edição, roteirista) mas meu foco sempre foi ser diretor. Em cinema, já fui assistente de produção, vídeo assist, assistente de Direção, meio que sempre topei qualquer coisa pra estar no set. Eu sempre dirigia algumas coisas, como videoclipes, videodanças, documentários. Em 2012, me juntei com alguns amigos e fizemos um curta na raça, “Arremate”, onde fui diretor e roteirista (adaptando um conto do Neil Gaiman), que deu uma circulada bacana por festivais no Brasil. Em 2013 rolou Jessy, que escrevi e dirigi junto com Paula Lice e Ronei Jorge, esse curta já teve financiamento do Fundo de Cultura do Governo da Bahia e circulou bem tanto no Brasil como lá fora, ganhando alguns prêmios em festivais bem bacanas. Em 2014, Pedro me chamou pra dirigir com ele o “Menino da Gamboa”, formalizando uma parceria e amizade que já tínhamos. De lá pra cá, tenho trabalhado como diretor freelancer em algumas produtoras de Salvador e continuo tentando viabilizar meus projetos mais autorais.

CP: Como foi feito a escolha de elenco? O processo foi muito demorado para encontrarem um ator que fosse parecido com o personagem principal?

Pedro: Nós fomos pra Gamboa (que fica numa ilha no litoral da Bahia) algumas vezes até que, 1 mês antes do período de filmagens, fomos pra ficar de vez. Levamos com a gente a atriz Paula Lice, que seria nossa preparadora de elenco. Com ela, organizamos oficinas de interpretação pra toda a população de lá. Nosso objetivo era arranjar todo o elenco (crianças, adolescentes e adultos) nessas oficinas. No decorrer da oficina, já tínhamos alguns meninos em vista. Mas, no último instante do último dia da oficina, apareceu Oscar. A gente se entreolhou, todo mundo com o mesmo pensamento: esse menino tem tudo o que queremos pro personagem. Daí conseguimos que ele fizesse uma improvisação ali na hora e ele foi incrível. Foi muita sorte ele ter aparecido lá, e que bom que a gente enxergou, porque ele se saiu muito bem.

Rodrigo: Além do ator principal, praticamente todo o elenco foi formado por pessoas que moram em Gamboa, era uma vontade da gente para o filme ter a cara da Gamboa. A exceção foi o irmão do personagem principal, porque acho que os adolescentes não estavam muito interessados em fazer oficina de teatro. Além dele, tem a turista, que aproveitamos ter nossa preparadora de elenco no filme, a sempre divertida Paula Lice.

CP: Como surgiu a ideia do roteiro e em quanto tempo ele foi escrito?

Advertisement

Pedro: Eu fiz uma viagem a passeio pra Gamboa em 2010, e o roteiro surgiu da vontade de fazer um filme lá (acho que eu queria algum pretexto que me fizesse ficar dias lá, que é um lugar massa), aliado à vontade de fazer um filme infantil. Escrevi o roteiro em 2010 em pouco tempo, mas como nada aconteceu, ele ficou guardado até 2012, quando participei de um laboratório de roteiros do festival Curta Cinema, no Rio de Janeiro. Lá o roteiro foi discutido e eu fui ganhando ânimo com ele de novo, até que ele foi premiado nesse laboratório como Melhor Projeto Nacional. Pouco depois eu inscrevi o roteiro no edital da Secretaria de Cultura da Bahia e ele foi contemplado.

CP: Qual a maior dificuldade para se tirar um projeto como este do papel?

Pedro: A maior dificuldade é o financiamento. A política de incentivo pra curtas é muito frágil, infelizmente. Só foi possível fazer esse filme porque tivemos o apoio financeiro do Estado.

Rodrigo: Mesmo com o financiamento garantido, tivemos muito problema com o atraso do repasse da verba por parte do governo. Isso é um grande problema que acaba atrapalhando todo o planejamento do filme, e tem sido uma constante aqui na Bahia. Aliás, estamos passando por um momento bastante delicado na Bahia, com a atual gestão de Cultura, que parece estar promovendo uma descontinuidade da política cultural que, ainda que necessitasse muitos aperfeiçoamentos, vinha tendo uma regularidade.

CP: Há quem diga que aquele final não estava no roteiro, mas foi colocado ali por conta da imprevisibilidade daquela tomada e da felicidade natural do protagonista. Isso é verdade?

Advertisement

Pedro: O roteiro previa aquele final. O protagonista entrava na água feliz da vida, abandonando o carrinho na areia, e um bebê chegaria e entraria no carrinho, resignificando aquele objeto. Mas o bebê que atuou no filme fez muito mais do que só entrar no carrinho. Ele fez uma cena muito melhor do que a que tínhamos programado. Por isso, inclusive, a câmera fica “solta” indo atrás dele.

CP: Planejam filmar algum longa metragem futuramente? E essa transição é complicada?

Pedro: Eu, como roteirista, tenho me envolvido em alguns projetos de longa que devem começar a sair do papel. Já como diretor (e roteirista), eu e Luna temos alguns projetos de longa. Ganhamos recentemente uma verba pra desenvolver um longa que se passa na Chapada Diamantina e que vamos escrever juntos nesse semestre. Além disso, temos um projeto de longa de baixo orçamento que vai começar a percorrer os editais nacionais. A transição é complicada, sim (nada nesse universo de cinema no Brasil é muito simples). São muitos projetos pra, relativamente, pouco dinheiro. Há maneiras alternativas de se produzir, que também consideramos, mas cinema é uma arte cara. E também coletiva, é importante dar boas condições de trabalho a todo mundo que se envolve no projeto.

CP: Tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?

Pedro: Como disse na pergunta anterior, estamos escrevendo juntos um longa de ficção que se passa na região da Chapada Diamantina, na Bahia. Por ora, o título é O Enterro de Neide, e é um filme que se passa em duas épocas distintas. O outro projeto que temos engatilhado, já com roteiro escrito e pronto pra concorrer nos editais, chama-se Espiral e também é um longa de ficção, esse ambientado em Salvador.

Advertisement

Rodrigo: Eu estou finalizando um filme novamente co-dirigido com Paula lice e Ronei Jorge, um documentário sobre o processo de nascimento de um palhaço. Além disso, fui diretor assistente de um curta dirigido por Renato Gaiarsa que sempre esteve presente nos nossos filmes (no Menino da Gamboa ele foi operador de câmera é montador, por exemplo), com o roteiro de Pedro. Seja qual for nosso futuro no cinema, acho que vamos sempre estar juntos colaborando uns com os outros.

Confira outras entrevistas no Cinema e Pipoca!

Editor CP

ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS

Published

on

Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’

– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

ONDE VIVEM OS MONSTROS 2009


Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.

Saiba mais da lista e a entrevista especial sobre o Dia Mundial do Livro Infantil
Continue Reading

Entrevistas

Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

Published

on

Entrevista com Rosane Svartman

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!

Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.

No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.

Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Sinopse de Vicky e a Musa

O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.

Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.

Advertisement

Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.

O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.

Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.

Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.

Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.

Advertisement

Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.

É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.

O elenco da série

O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.

Entrevista com Rosane Svartman

Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?

  • Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.

De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?

  • Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.

O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?

  • Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.

E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?

  • Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.

E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?

Continue Reading

Entrevistas

Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

Published

on

casa vazia Ivo Lopes Araujo credito arquivo pessoal

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como GirimunhoTatuagemGreta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau

O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.  

Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.

Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.

Entrevista com Ivo Lopes Araújo
Cartaz Casa Vazia

Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia

Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?

Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.

Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama? 

Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.

Advertisement
casa vazia Credito Panda Filmes
Crédito: Panda Filmes

Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?

Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.

É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.

E quais são os seus próximos projetos?

Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.

Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.

E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!

Advertisement
Continue Reading

Trending

Você não pode copiar o conteúdo desta página

GeraLinks - Agregador de links Trends Tops - Trending topics À toa na net