Devo dizer que é com imenso orgulho que o
Cinema e Pipoca faz esta entrevista com Mário Lúcio de Freitas, fundador do Estúdio de Dublagem Gota Mágica.
“Mesmo sem você saber, em algum momento meu trabalho fez parte da sua vida”. Essa frase estampa a importância do trabalho de Mário Lúcio de Freitas para várias gerações. Bem como, ainda hoje, somos influenciados por músicas e vinhetas que ele criou.
Entrevista sobre o estúdio de dublagem Gota Mágica
Cinema e Pipoca: Primeiramente, nos conte um pouco da sua carreira no mundo artístico.
Mário Lúcio de Freitas: Antes de tudo, ressalto que minha carreira é muito extensa. Ela se iniciou em 1952, no circo Marabá de meu pai. Nesse meio tempo, eu já era palhacinho e cantor. Depois fui para a TV. Trabalhei na TV Paulista, hoje Rede Globo, de 60 a 67, atuando como apresentador, ator, cantor e diretor.
Depois fui músico de conjunto, tendo integrado vários grupos famosos. Como, por exemplo, Os Beatniks, Os Iguais, The Jet Black’s e Os Incríveis. Posteriormente, virei produtor musical, diretor de dublagem, etc. etc. etc.
![Entrevista com fundador do estúdio de dublagem Gota Mágica 3 entrevista com Mário Lúcio de Freitas](data:image/svg+xml;base64,PHN2ZyB4bWxucz0iaHR0cDovL3d3dy53My5vcmcvMjAwMC9zdmciIHdpZHRoPSIyMDAiIGhlaWdodD0iMTQ5IiB2aWV3Qm94PSIwIDAgMjAwIDE0OSI+PHJlY3Qgd2lkdGg9IjEwMCUiIGhlaWdodD0iMTAwJSIgc3R5bGU9ImZpbGw6I2NmZDRkYjtmaWxsLW9wYWNpdHk6IDAuMTsiLz48L3N2Zz4=)
CP: Para quem não se lembra, quais as músicas de desenhos animados que compôs? E qual a composição própria que mais gosta?
MLF: Criei muitas aberturas de TV e não só da área infantil. Por exemplo:
- Primeiramente, Chaves
- Em seguida, Clube do Chaves
- Logo depois, Punk, a levada da breca
- Ao mesmo tempo, Fly – o pequeno guerreiro
- Bem como, Cavaleiros do Zodíaco
- Dragon Ball
- Ursinhos Carinhosos
- Bananas de Pijamas, etc;
Programas como:
- TJ Brasil
- Aqui Agora
- Hebe
- Programa Livre
- Escolinha do Golias, etc;
As novelas:
- Chispita
- Os ricos também choram
- Jerônimo
- Sombras do Passado
- Pecado de Amor
- O Direito de Nascer, etc.
Já minha composição preferida, em termos de arranjo, é a abertura de Rei Arthur. Como criação, talvez seja a abertura de Angel – a menina das flores.
CP: Como surgiu a ideia de fundar o estúdio de dublagem Gota Mágica?
MLF: A Gota Mágica não era apenas um estúdio de dublagem. Fazia dublagem, mas também publicidade, discos, disc 900, shows em circo, eventos etc. Foi o primeiro estúdio polivalente do Brasil. Surgiu da possibilidades de se juntar todas essas vertentes num espaço só.
CP: É mais fácil ser dublador hoje do que era antigamente? Por quê?
MLF: Acho que seja, sim e penso que a Gota ajudou um pouco nesse processo. Ela abriu suas portas para a imprensa e para os fãs, o que não acontecia anteriormente. O dublador era um artistas anônimo. Atualmente, tem mais o reconhecimento do grande público.
![Entrevista com fundador do estúdio de dublagem Gota Mágica 4 Entrevista com Mário Lúcio de Freitas](data:image/svg+xml;base64,PHN2ZyB4bWxucz0iaHR0cDovL3d3dy53My5vcmcvMjAwMC9zdmciIHdpZHRoPSIyMDAiIGhlaWdodD0iMTM0IiB2aWV3Qm94PSIwIDAgMjAwIDEzNCI+PHJlY3Qgd2lkdGg9IjEwMCUiIGhlaWdodD0iMTAwJSIgc3R5bGU9ImZpbGw6I2NmZDRkYjtmaWxsLW9wYWNpdHk6IDAuMTsiLz48L3N2Zz4=)
CP: E a qualidade da nossa dublagem é boa se comparada com outros países?
MLF: Excelente. Em minhas várias viagens pelo exterior pude comprovar isso. Tem dublagem por aí que é sofrível.
CP: Por que a Gota Mágica acabou?
MLF: A Gota fechou suas portas, não por falta de trabalho e nem pelo não reconhecimento de sua qualidade. Veja que fazem 13 anos que isso ocorreu e a gente continua falando dela. Seu fechamento se deveu por problemas particulares meus, que acabaram interferindo em seu funcionamento.
CP: Você continua dublando e fazendo temas de abertura de desenhos animados?
MLF: Não. Por causa de uma ação indenizatória que está em curso. Esse mercado me ficou praticamente fechado. Mas venho atuando na criação de livros infantis, de audionovelas, de shows, etc. Um mercado parecido, mas não o mesmo.
CP: Está trabalhando em algum novo projeto? E se sim, qual seria?
MLF: Em parceria com Hellen Palácio, acabei de lançar a coleção de livros com CD. Se chama “Contando e Cantando Cantigas de Roda”, pela editora Vida & Consciência.
São dez livros, com histórias baseadas nas letras das cantigas da cultura oral brasileira. Dirigi também, recentemente, a audionovela de Zíbia Gasparetto, chamada “Se abrindo pra vida”, entre outros trabalhos.
CP: É mais complicado trabalhar para o público adulto ou infantil? E quais as principais diferenças?
MLF: Sempre trabalhei para os dois. Fiz mais de 15 produções para novelas da Globo, muitos discos adultos, mas o mercado infantil me fascina mais. Talvez pela minha origem circense. A diferença é que a criança não mente. Ela gosta ou não gosta. Já o mercado adulto sofre muita influência política, de interesses comerciais envolvidos.
CP: Deixe um recado final para todos os leitores, que assim como eu, admiram e sentem muita saudade da Gota Mágica!
MLF: Obrigado a vocês por acompanharem meu trabalho e quem sabe a Gota não volte um dia desses, né? Grande abraço a todos.
Portanto, quero saber. E aí, o que achou da Entrevista com Mário Lúcio de Freitas? Comente com a gente!
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