A completa decadência do cinema nacional ocorreu tão rapidamente e sem aviso prévio que tirá-lo do coma é uma tarefa árdua (houve evolução, mas estamos longe do ideal).
Parte desse ‘passo adiante’ deve-se ao sucesso estrondoso de Cidade de Deus. Uma produção que fez o espectador sair de casa e comprar o ingresso para ver Dadinho e companhia.
Sendo assim, o projeto fincou nomes de profissionais como Fernando Meirelles (O Jardineiro Fiel) e o diretor de montagem Daniel Rezende em projetos mundo afora.
Da fotografia de César Charlone, (que na primeira parte usa uma iluminação quase ofuscante para, logo depois, a escurecer. Seguindo o tom bastante decadente do período), à montagem (entrelaçado em flashbacks), tudo foi milimetricamente calculado, resultando num projeto perfeito.
No meio das intrincadas relações entre os “donos das bocas”, há espaço para sequências descontraídas. Como, por exemplo, a impagável cena de Dadinho pedindo para dançar com a garota. E, enfim, para a trilha sonora competente de Antônio Pinto e Ed Côrtes.
Cidade de Deus teve quatro indicações ao Oscar (sendo as de Melhor Diretor, Roteiro Adaptado, Montagem e Fotografia) e belíssimas críticas. Em suma, isso é a prova cabal de que nossos produtos estão amadurecendo e reaparecendo.