A animação Mil Beijos, foi produzido durante cinco anos e contou com a ajuda de 30 profissionais do Brasil, Estados Unidos, Irlanda, Uruguai e Ucrânia. O projeto tem direção de Richard Goldgewitch, participação da atriz alemã Elke Sommer, que empresta a voz para a personagem Nettechen e produção de Eitan Rosenthal. Este último bateu um papo com o Cinema e Pipoca, a respeito do processo de criação, de como foi manter o time focado durante todo este tempo e muito mais!
O roteiro conta uma história de amor real vivida pelos avós maternos do produtor do filme, um polonês e uma alemã, durante a segunda guerra mundial. Com a chegada de Hitler ao poder, Moses resolve viver no Brasil enquanto a noiva, Nettechen, sem dar mais explicações, continua na Alemanha, sozinha.
Mil Beijos já esteve ou estará presente em festivais internacionais como o Annecy, na França, o Real Time Film Festival, da Nigéria, o Atami Film & VR Festival, no Japão, o San Francisco Jewish Film Festival, nos Estados Unidos, o 15th IN THE PALACE International Short Film Festival na Bulgária e o Alpinale Short Film Festival, na Áustria.
Confira a entrevista na íntegra sobre a animação Mil Beijos, logo abaixo!
Cinema e Pipoca: O roteiro da animação Mil Beijos é baseado em fatos reais. Como fazer para respeitar a história e ainda assim inserir certas licenças poéticas?
Eitan Rosenthal: A história de Mil Beijos é particularmente propícia para esta situação. Como temos as cartas de Moses para Natália, pudemos construir uma narrativa fidedigna da experiência que ele viveu. Mas as cartas de Natália para Moses se perderam, e optamos por retratar uma Natália que pudesse estar nas fantasia de Moses durante a solidão que viveu no período em que estiveram separados.
CP: O filme teve participação de 30 profissionais do Brasil, Estados Unidos, Irlanda, Uruguai, Ucrânia e Alemanha. Já havia trabalhado com uma equipe tão globalizada assim? Como foi a experiência?
ER: Tenho trabalhado com equipes globalizadas em outros projetos de outros segmentos, o que me incentivou a seguir essa estrategia na produção de Mil Beijos. Com acesso ao mercado global de colaboradores, conseguimos agregar mais “production value” ao filme dentro do orçamento existente.
CP: Diversas histórias sobre a 2ª Guerra Mundial já foram contadas no cinema. Como fazer para não cair nos clichês já vistos a exaustão pelos filmes que retratam este período?
ER: Mil Beijos é uma historia de amor. O ciclo de migrações às véspera da 2ª Guerra é apenas um pano de fundo contextual da nossa história, não é o tema em si. Espero que tenhamos conseguido fugir dos clichês!
CP: Desde a ideia inicial até o lançamento se passaram 5 anos. Quais os momentos de maior dificuldade neste período?
ER: A maior dificuldade foi manter o tônus de produção e a organização do projeto durante um período tão longo, e com recursos parcos. Ao longo do tempo as diversas dificuldades que surgem precisam ser tratadas com coerência ao planejamento e a gestão do projeto.
CP: Apesar da animação em 3D ser a mais utilizada nos cinemas mundiais, vocês escolheram algo mais clássico. A que se deve a escolha?
ER: A solução de “cut animation” oferece uma vasta gama de possibilidades estéticas e narrativas e tem custo de produção mais acessível e controlável.
CP: Imaginava toda esta repercussão do filme Mil Beijos, indo para festivais como o Annecy, o Real Time Film Festival ou o Atami Film & VR Festival?
ER: Para nossa alegria, a lista está crescendo rápido (veja agenda atualizada em www.thousandkisses.com). E até ganhamos nosso primeiro prêmio: Melhor animação no Near Nazareth Festival, em Israel. E sim, imaginava que o filme pudesse ter boa repercussão por gostar muito da história original e da sua versão final em filme. Na verdade voltei a produzir filmes depois de 10 anos fora do mercado justamente por ter me encantado com a história e a universalidade do tema.
CP: Você consegue imaginar um cenário cinematográfico tão completo existindo aqui no Brasil?
ER: Ao meu ver o mercado cinematográfico é essencialmente globalizado, ou seja só se completa em escala global, e cabe ao Brasil aprender a jogar o jogo da globalização no universo da produção. Não falta talento aqui, pelo contrário, mas acho que faltam visões mais modernas para o setor.
CP: Poderia nos falar um pouco a respeito dos próximos projetos?
ER: Atualmente sou produtor cultural e consultor, e no momento estou comprometido em projetos em outras áreas. Voltarei ao cinema, ou não, ao sabor dos projetos futuros.
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