
De 13 a 23 de novembro, São Paulo será palco da São Paulo Food Film Fest 2025, um evento que une cinema, gastronomia e reflexão social em torno de um tema urgente e inspirador: o direito humano à alimentação adequada. Este ano, o festival ganha um significado ainda mais especial ao celebrar o marco histórico da saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU, de acordo com dados da FAO, que indicam menos de 2,5% da população em situação de subnutrição.
O resultado é fruto de políticas públicas que priorizam a alimentação saudável, a agricultura familiar, a educação alimentar e a redução da pobreza — pilares que reafirmam o princípio consagrado na Constituição de 1988 de que comer é um direito fundamental, indissociável da dignidade humana.
Durante dez dias, o festival transforma São Paulo em um território de encontros e experiências sensoriais. As exibições ocorrem no Reserva Cultural, no Centro Cultural Vergueiro e nos CEUs do Circuito Spcine, com parte da programação também disponível na plataforma Spcine Play, garantindo acesso gratuito a todo o Brasil. Mais do que um evento cinematográfico, o São Paulo Food Film Fest 2025 é uma celebração da cultura alimentar e da cidadania. A cada sessão, o público poderá degustar pratos e bebidas inspirados nos filmes exibidos, em experiências que conectam narrativa, sabor e emoção. Cada degustação é um convite à reflexão sobre como o ato de comer pode ser político, afetivo e transformador.
Além disso, o objetivo é fortalecer laços culturais internacionais com o apoio institucional da Embaixada da França no Brasil, que promove o intercâmbio entre os dois países por meio de produções francesas, como Frango para Linda e Atlantic Bar. Essa parceria reforça o caráter global do evento, que olha para a comida como linguagem universal capaz de unir povos, memórias e saberes em torno da sustentabilidade e da arte.
Atrações especiais no São Paulo Food Film Fest 2025
Entre as atrações especiais, haverá uma homenagem aos 40 anos do clássico A Marvada Carne, de André Klotzel, exibido em cópia remasterizada. O filme é uma das obras mais emblemáticas do cinema brasileiro e retrata, com humor e poesia, o desejo de fartura e dignidade do povo.
Outros destaques incluem celebrações marcantes do cinema mundial: Goodfellas, de Martin Scorsese, completa 35 anos; Pão e Tulipas, de Silvio Soldini, celebra 25 anos; Comer, Rezar, Amar, estrelado por Julia Roberts, chega aos 15 anos; Os Goonies, de Richard Donner, comemora 40 anos; e o mestre do sushi, Jiro Ono, homenageado pelo documentário Jiro Dreams of Sushi, completa 100 anos de vida.
A programação também contempla uma série de estreias internacionais e nacionais que tratam a comida como expressão de regeneração, solidariedade e consciência ambiental. Entre elas estão:
- Comida Para Quem Precisa, de Leonardo Brant, que narra histórias de resistência e solidariedade no combate à fome no Brasil;
- Wilding – Selvagem, do britânico David Allen, que documenta a recuperação ecológica de terras degradadas;
- Prazo de Validade (Shelf Life), de Ian Cheney, que investiga o processo artesanal e filosófico por trás da produção de queijos;
- A Refeição Perfeita – Os Segredos da Dieta Mediterrânea, de Alexandros Merkouris, que revela a ciência e a tradição por trás de uma das dietas mais saudáveis do mundo;
- Centímetros de Solo (Six Inches of Soil), que mostra jovens agricultores britânicos reinventando a produção de alimentos;
- Compartilhando a Colheita (Sharing the Harvest), de Philipp Petruch, sobre cooperativas agrícolas sustentáveis na Alemanha; e
- Em Defesa da Comida: Um Manifesto, de Michael Schwarz, inspirado na obra do jornalista Michael Pollan, que propõe um olhar crítico sobre os ultraprocessados e a reconexão com a comida natural.
Entrevista inédita no São Paulo Food Film Fest 2025
O São Paulo Food Film Fest 2025 exibe O Veneno Está na Mesa II e apresenta uma entrevista inédita com o cineasta, seguida de debate mediado por André Luzzi, com participação de Ana Tendler e da pesquisadora Susana Prizendt. A homenagem, programada para 20 de novembro no Reserva Cultural — data do Dia da Consciência Negra —, reforça o compromisso do festival com o artivismo, essa junção entre arte e ativismo que marcou a trajetória de Tendler. Sua obra, que denunciou o envenenamento químico da agricultura e defendeu a agroecologia, permanece como semente de um cinema transformador.
Os debates do festival ampliam essa reflexão e reúnem especialistas de diversas áreas para discutir o papel da alimentação na construção de um mundo mais justo. Em Comida para Quem Precisa, mediado por Leonardo Brant, nomes como Júnior Yanomami, Juliana Bruno e Cintia Sanchez debatem as políticas públicas e ações comunitárias que combatem a insegurança alimentar.
Já em Comida de Verdade e Ultraprocessados, com mediação de Ariela Doctors e participação de Bela Gil, Maria Alvim e Paula Johns, o foco recai sobre os impactos da indústria alimentícia e os caminhos para fortalecer a agricultura familiar e a educação alimentar. Outro destaque é o encontro Comida e Ancestralidade, que celebra a sabedoria das cozinhas quilombolas e indígenas, reconhecendo a comida como patrimônio imaterial e herança viva de um povo.





