O Corpo é Nosso!, dirigido por Theresa Jessouroun

O Corpo é Nosso

No dia 5 de setembro chega aos cinemas de 17 cidades brasileiras O Corpo é Nosso!, dirigido por Theresa Jessouroun e produzido pela Kinofilmes. O filme venceu na categoria Melhor Edição de Som o Cine PE 2019, além de ter sido exibido na Mostra Competitiva do Festival Internacional Porto Femme, em Portugal e no Durban Int’l Film Festival, na África do Sul.

Com um projeto de forte teor político e social, quis saber se haveriam mais dificuldades de tirar O Corpo é Nosso! do papel hoje em dia e a diretora comenta que “talvez sim, porque com a “pré-censura” que o presidente Jair Bolsonaro quer estabelecer na análise de projetos, este projeto seria considerado inadequado pois fala da trajetória da liberação do corpo da mulher”. 

Confira a entrevista na íntegra logo abaixo!

Cinema e Pipoca: Há uma mescla entre documentário e ficção que permeia o longa. O uso destas narrativas esteve presente desde o início e qual a intenção em inseri-las?

Theresa Jessouroun: Sim, desde o início. Primeiro porque queria fugir um pouco do modelo tradicional de documentários que levam poucas pessoas ao cinema. Segundo, porque pensei em mostrar a reflexão que os documentários conseguem provocar no público incorporando, através da metalinguagem, um personagem que reflete sobre o que este documentário está discutindo. Assim, poderia provocar identificação dos homens (principalmente) com a reflexão que o personagem faz. E já fiz em dois filmes anteriores esta mescla, num curta (Clarita) e num longa (À Queima Roupa), e gosto bastante deste recurso. E fiquei muito feliz no Festival de Recife quando duas mulheres negras vieram me dizer, no final da exibição, que se sentiram representadas no filme e que vão levar todo o coletivo de mulheres para assistir o filme.

Cinema e Pipoca: Como foi o processo de escolha de Renato Góes, Roberta Rodrigues e Oscar Magrini?

Theresa Jessouroun: Foram todos sugeridos pelo Ernesto Piccolo, que fez o casting e preparação do elenco. Neco já tinha trabalhado com todos eles no teatro. Já é o terceiro filme, onde mesclo ficção com documentário, que trabalho com ele, com ótimos resultados.

Cinema e Pipoca: E o processo de escolha das mulheres entrevistadas, como foi lapidado?

Theresa Jessouroun: Parte dos entrevistados foram escolhidos por mim durante a pesquisa, nos textos e livros que li deles – como Mary del Priore, Rodrigo Faour, Mirian Goldemberg e Gilmar Rocha – muitos deles indicados pelo pesquisador Marcio Selem que trabalhou comigo na fase inicial de pesquisa de conteúdo. As outras entrevistadas foram indicadas pelas consultoras que tive no filme: Tainá de Paula, Luciana Boiteux e Sabrina Ginga.

O Corpo é Nosso!, dirigido por Theresa Jessouroun
Pôster do filme

Cinema e Pipoca: Qual foi o momento mais marcante nas entrevistas?

Theresa Jessouroun: Foi quando a entrevistada Lucia Xavier, da ONG Criola, citou o assédio a domésticas. Ela não sabia que tínhamos já escritas cenas onde mostraríamos o jornalista refletindo sobre seu assédio à doméstica da sua casa no passado. Foi emocionante, pois se encaixou perfeitamente no que eu queria mostrar. Inclusive, deixei a entrevista dela nesta parte sem nenhum corte para que se veja que não conduzi este tema na entrevista.

Cinema e Pipoca: Quanto tempo durou todo o processo de O Corpo é Nosso, desde as primeiras páginas do roteiro até a finalização? E quais foram os maiores percalços que passaram?

Theresa Jessouroun: Dois anos e meio. As maiores dificuldades foram definir as/os entrevistada/os, pois algumas/alguns não toparam dar entrevista. Quando eu pesquiso, eu integro o que leio no conteúdo, e se aquela idéia não pode entrar pela fonte que li, tenho que mudar o rumo do conteúdo.

Cinema e Pipoca: Qual sua perspectiva para que mulheres, negros, periféricos e LGBTQs sejam, de fato, tratados com igualdade em uma sociedade tão hipócrita quanto a nossa?

Theresa Jessouroun: As mulheres avançaram muito em consquistas mas ainda falta muito a ser atingido. Enquanto a sociedade como um todo não entender que as opressões de gênero, raça e classe, entranhadas na nossa sociedade patriarcal, devem ser combatidas e desconstruídas por todos, não iremos conseguir a igualdade ideal para que vivamos numa sociedade melhor.

O Corpo é Nosso!, dirigido por Theresa Jessouroun
Cena do filme O Corpo é Nosso!

Cinema e Pipoca: Existem novos projetos que está envolvida e que poderia nos contar a respeito?

Theresa Jessouroun: Neste momento tenho um projeto de série ficcional em andamento inspirada no meu filme À QUEIMA ROUPA e outros três temas para documentários em fase de pesquisa.

E aí, o que achou da entrevista sobre O Corpo é Nosso!, dirigido por Theresa Jessouroun? Comente com a gente!

Confira o trailer de O Corpo é Nosso!, dirigido por Theresa Jessouroun!

Primeiro vingador do Cinema e Séries (antigo Cinema e Pipoca) e do Pipocast, sou formado em Jornalismo e também em Locução. Aprendi a ser ‘nerdzinho’ bem moleque, quando não perdia um episódio de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete ou os clássicos oitentistas na Sessão da Tarde. Além disso, moldei meu caráter não só com os ensinamentos dos pais, mas também com os astros e estrelas da Sétima Arte que me fizeram sonhar, imaginar e crescer. Também sou Redator Freelancer.

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