Missão Impossível: O Acerto Final | Vale a pena assistir?
Após quase três décadas, sete filmes e incontáveis saltos de helicóptero, perseguições de moto, explosões em tempo real e corridas incansáveis de Tom Cruise por telhados alheios, Missão Impossível: O Acerto Final chegou aos cinemas brasileiros com a promessa de ser o encerramento da saga de Ethan Hunt. Dirigido mais uma vez por Christopher McQuarrie — parceiro fiel de Cruise desde Nação Secreta — o longa tem quase três horas de duração e busca, com todas as forças (e muito CGI prático), oferecer ao público um desfecho épico, nostálgico e explosivo. E, no geral, ele consegue.
Este novo capítulo começa exatamente de onde Acerto de Contas – Parte 1 parou, seguindo a jornada de Hunt em sua luta contra uma entidade de inteligência artificial que ameaça o mundo. Como já sabemos, “A Entidade”, o vilão da vez, é um algoritmo onipresente e fora de controle — uma escolha curiosamente atual e assustadoramente plausível no mundo contemporâneo de deepfakes e vigilância digital. Mas, mesmo com um conceito que poderia render reflexões interessantes, o roteiro tropeça feio na primeira hora.
Missão Impossível: O Acerto Final derrapa em seu primeiro ato
O problema está nos diálogos — e muitos deles. Expositivos, redundantes e, por vezes, irritantes. Há uma tendência dos personagens complementarem as frases uns dos outros, como se o espectador fosse incapaz de conectar as ideias por conta própria. Isso não só quebra o ritmo narrativo como esgota a paciência. É uma escolha destoante, especialmente considerando que a franquia sempre tratou seu público com mais inteligência e elegância na construção de tensão e informação.
Mas assim que a narrativa se livra dessas amarras, Missão Impossível: O Acerto Final engrena e se transforma no que todo fã espera: uma aula de ação. Tom Cruise, aos 62 anos, continua a desafiar as leis da física e da previdência social – seus agentes devem ficar loucos com ele. A ação é absolutamente insana — e são, sim, cinema puro. A sequência envolvendo dois aviões em pleno voo me fez segurar forte na poltrona, e a outra, envolvendo um submarino submerso, é claustrofóbica e angustiante. São momentos como esses que justificam não apenas o ingresso, mas também a existência do cinema de ação em tela grande.
Homenagens a outros filmes da franquia
Além disso, McQuarrie faz um trabalho interessante ao homenagear os outros episódios da franquia. Há elementos visuais e temáticos que remetem diretamente ao primeiro e ao terceiro filmes, dirigidos por Brian De Palma e J. J. Abrams, respectivamente, assim como há ecos de Protocolo Fantasma e da elegância brutal de Efeito Fallout.
A suspensão da descrença, como sempre, é mandatória. É preciso aceitar que um ser humano consiga correr por quilômetros sem suar, segurar o fôlego e aguentar nadar num oceano gelado e ainda pilotar um avião em condições extremas — tudo isso com carisma e olhar determinado. Mas essa é a graça de Missão: Impossível.
Quanto ao elenco, Hayley Atwell assume um papel de destaque com elegância, apesar de seu arco dramático ser menos convincente do que deveria. Ving Rhames e Simon Pegg continuam sendo a alma emocional do time, oferecendo tanto humor quanto afeto. Pom Klementieff, tem carisma, mas se a personagem dela não existisse, Missão Impossível: O Acerto Final poderia seguir tranquilamente, e Esai Morales exagera em sua construção de vilania, mas não derrapa totalmente.
Seria este um ponto final da franquia?
Ao contrário de outras franquias que se perderam na ambição de crescer eternamente — olá, Velozes e Furiosos —, Missão: Impossível entende que cada boa história precisa de um ponto final. O encerramento (ou é isso que acreditamos) é digno, épico e, acima de tudo, coerente com tudo o que veio antes.
Não é o melhor filme da franquia, mas faz algo que Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, por exemplo, não conseguiu: fechar uma saga com grandeza, emoção e respeito ao público. No fim, a missão foi cumprida. E, para Ethan Hunt e Tom Cruise, talvez a maior façanha de todas tenha sido manter essa chama acesa por tanto tempo — com o mesmo vigor. E isso, meus amigos, é algo realmente impossível.
Onde assistir Missão Impossível: O Acerto Final?
- O filme está nos cinemas nacionais
Sinopse de Missão Impossível: O Acerto Final
Ethan Hunt retorna em mais uma missão explosiva para impedir que uma Inteligência Artificial fora de controle domine o sistema global. Em uma corrida contra o tempo, ele enfrenta inimigos do passado e novos poderes que usam a tecnologia para oprimir.
Nota Cinema e Pipoca: ★★★½
Título Original: Final Destination 2
Ano Lançamento: 2025 (EUA/Reino Unido)
Diretor: Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Henry Czerny, Angela Bassett, Esai Morales, Pom Klementieff, Mariela Garriga, Pasha D. Lychnikoff, Holt McCallany, Janet McTeer, Nick Offerman
Curiosidades de Missão Impossível: O Acerto Final
- 22 de maio de 1996, data mencionada no novo filme como importante na trama, é também a data de estreia do primeiro Missão: Impossível nos cinemas.
- Tom Cruise e Ving Rhames são os únicos atores a aparecerem em todos os oito filmes da franquia.
- A ideia original era filmar os episódios 7 e 8 em sequência, mas isso foi alterado por conta de atrasos e a campanha de Top Gun: Maverick.
- O subtítulo “Acerto de Contas: Parte Dois” foi removido, provavelmente por conta da baixa bilheteria da parte 1.
- Na cena do paraquedismo, Tom Cruise usou um cinto com haste e câmera acoplada ao abdômen para capturar um take frontal durante o salto.
- Tom Cruise tinha 62 anos durante o lançamento do oitavo filme — mais velho que Jon Voight (58) no filme original de 1996.
- A atriz Hayley Atwell estava grávida de 8 meses e meio ao filmar uma das cenas de luta em Missão Impossível: O Acerto Final.
- Com 169 minutos de duração, este é o filme mais longo de toda a franquia Missão: Impossível.
- O filme se passa dois meses após os eventos de Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte Um (2023).
- Este é o primeiro filme da franquia lançado no feriado de Memorial Day nos EUA desde Missão: Impossível 2 (2000).
- Este é o segundo filme da franquia dirigido por Christopher McQuarrie que não conta com trilha sonora de Balfe — o primeiro foi Nação Secreta (2015), com trilha de Joe Kraemer.
- O diretor Christopher McQuarrie é o primeiro da franquia a dirigir mais de dois filmes da série — sendo responsável por quatro deles.
- Missão Impossível: O Acerto Final teve locações internacionais, incluindo Ártico, Itália, Noruega, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos.
- Missão Impossível: O Acerto Final foi gravado em película de 35mm e IMAX, com cenas planejadas especificamente para grandes formatos, visando a melhor experiência visual possível.