À Margem de Nós Mesmos | Entrevista com diretora

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À Margem de Nós Mesmos é um curta metragem dirigido por Luiza de Andrade e roteirizado por ela e por Leonardo Castelo Branco. A história fala sobre bissexualidade, amor e ódio, tudo isso com a cidade de São Paulo como pano de fundo. A diretora e o roteirista bateram um papo conosco e você confere tudo agora.

Cinema e Pipoca: Primeiramente como surgiu a ideia do roteiro e como é escreve-lo a quatro mãos?
Luiza de Andrade: A ideia do roteiro não surgiu do nada, ela foi evoluindo entre muitos encontros que eu e o Léo fizemos durante 1 ano. A gente sempre quis falar sobre a bissexualidade através da nossa personagem principal e assim o fizemos, mas a história foi evoluindo cada vez mais até chegar no resultado final.

Eu gostei muito dessa criação a quatro mãos, foi bom demais compartilhar as ideias e criar juntos. Nós nos abrimos, nos tornamos confidentes e fomos sempre sinceros um com o outro, e focados na mensagem que iríamos passar com aquela história. No final o foco era esse, o que vamos contar.

Leonardo Castelo Branco: Foi uma das melhores partes. Lembro da primeira vez que a Luiza chegou para me contar a ideia, rascunhada em paragrafo, num guardanapo de bar. Ver hoje na tela é uma sensação inexprimível. Passa um filme na cabeça de todo processo. Maior que isso, acho que só a reação do público.

As pessoas olham pra mim e dizem: “Vocês expuseram a diversidade de um jeito natural, como parte da rotina”. O objetivo não era ser mirabolante, um filme cheio de truques de roteiro, mas algo inclusivo, uma imagem do mundo igualitário que sonhamos. 

À Margem de Nós MesmosCP: Luiza, esta questão de colocar São Paulo como um personagem, personificando a tristeza daqueles e de tantos outros cidadãos sempre foi algo fundamental para vocês?
LA: Quando decidimos que a história seria contada na cidade de São Paulo, quisemos incorporá-la ao filme. Por isso a coloquei presente em muitos enquadramentos.

Os prédios, suas muitas janelas, os sons e as multidões nas ruas. São Paulo é dúbio, é amor e ódio, riqueza e pobreza, multidão e solidão, é uma projeção de todos nós e por isso a queríamos tão presente no filme.

CP: Quais as principais diferenças do Leonardo roteirista do curta ‘Fui Comprar Cigarros’ para este À Margem de Nós Mesmos?
LCB:
Um Leonardo mais vivido, calejado.  Menos afobado também.  Sou um cara que me demoro num projeto, mas só entrego o produto quando chego ao resultado esperado. Na época do Fui Comprar Cigarros eu só queria ter um filme no curriculum o mais rápido possível. Cinema não é isso. Cinema é entrega, trabalho, reescrita. Mas também é contemplação e ócio criativo.

À Margem de Nós Mesmos

CP: Qual a maior dificuldade para os produtores independentes no país? E o que poderia ser mudado para facilitar tais projetos?
LA: A maior dificuldade para fazer uma produção independente é fazê-la sem apoio ou patrocínio. Existem as leis de incentivo, mas conseguir captar dinheiro para realizar os projetos é muito difícil e as empresas não estão acostumadas a fazer tais investimentos. Também existem os editais, mas o número de filmes realizado é muito maior, então a competição é muito grande. Poderiam e deveriam ter mais estímulos de apoio à cultura.

LCB: Acredito que se tivéssemos mais investidores seria muito mais simples fazer cinema no Brasil. Mais faculdades publicas também.

CP: A entrega dos atores para seus personagens é plena. Como ocorreu o processo de preparação?
LA: O processo de preparação foi muito legal. Tivemos como preparadora de elenco a Ana Paula Dias, diretora e atriz, que usa a técnica Meisner.

Essa técnica faz com que o ator viva verdadeiramente uma situação imaginária e esteja presente em cena. Para isso fizemos alguns ensaios para descobrirmos o que funcionava ou não com cada ator e tê-los inteiramente entregues.

CP: Vocês acham que a personagem principal de À Margem de Nós Mesmos, assim como na música de Criolo, acredita que não existe amor em SP ou tudo isso são fases da vida?
LA: É difícil responder essa pergunta sem trazer para o lado pessoal, afinal de contas a nossa personagem sou eu e o Leonardo Castelo Branco, e como eu tenho uma visão mais romântica da vida eu diria que são apenas fases da vida.

LCB: Claro que existe. Mostramos ao menos umas 3 delas no filme.

À Margem de Nós Mesmos

CP: Quando o filme sairá para o público e pretendem inseri-lo em festivais?
LA: Nós já começamos a enviá-lo para os festivais e o filme estreou no The São Paulo Times Film Festival dia 30/09/2016. Ficamos muito felizes com a notícia de sua primeira seleção, e felizes por ser em um festival de cunho internacional. À Margem de Nós Mesmos sairá para o público depois de rodar entre os festivais, provavelmente no fim do ano que vem e então ficará disponível na internet.

CP: Existe algum projeto futuro? Poderiam nos dizer a respeito?
LA: Acho que sempre existem projetos futuros..rs
E sim, temos alguns projetos futuros, um deles é sobre a cidade de São Paulo e essa relação dúbia. Queremos fazer um filme experimental e poético sobre a cidade. E o outro projeto é um filme curta metragem que mostrará um conflito entre um casal gay e suas diferentes ideias sobre a vida.

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Primeiro vingador do Cinema e Séries (antigo Cinema e Pipoca) e do Pipocast, sou formado em Jornalismo e também em Locução. Aprendi a ser ‘nerdzinho’ bem moleque, quando não perdia um episódio de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete ou os clássicos oitentistas na Sessão da Tarde. Além disso, moldei meu caráter não só com os ensinamentos dos pais, mas também com os astros e estrelas da Sétima Arte que me fizeram sonhar, imaginar e crescer. Também sou Redator Freelancer.

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