Quem já era mais crescido nos anos 80 e 90, muito provavelmente já deve ter ouvido falar no nome de John Hughes. Mas se não ouviu, com certeza assistiu algum filme dirigido, produzido ou roteirizado por ele.
Talvez tenha sido o profissional de Hollywood que mais entendeu os questionamentos, as rebeldias e crises da adolescência daquela geração. Criou um estilo próprio, onde seus personagens falavam diretamente para a câmera, dando a sensação de proximidade entre espectador e protagonista, além do uso de trilhas sonoras inesquecíveis.
Nascido em Michigan no dia 18 de fevereiro de 1950, mudou-se para Illinois em 1962 e foi casado com Nancy Ludwig, tendo dois filhos.
Começou a carreira em 1982, escrevendo para a revista ‘National Lampoon’ e mais ou menos na mesma época criou o roteiro de ‘A Reunião dos Alunos Loucos’. No ano seguinte embalou outros dois roteiros: ‘Férias Frustradas’ e ‘Dona de Casa por Engano’. Mas foi com ‘Gatinhas e Gatões’ (1984) que Hughes apareceu para o mundo da sétima arte e encantou público e crítica, com uma comédia leve e extremamente divertida. Aqui, temas como a solidão, as paixões e o descobrimento do sexo são pontuados.
Na parte de roteiro, escreve a continuação ‘Férias Frustradas II’, que tem sua graça mas não é tão marcante assim para a carreira de Hughes.
No ano seguinte, roteiriza e produz ‘Garota Rosa Shocking’, que fez certo sucesso e contrasta o lance de consumismo exacerbado e por vezes desnecessário. Mas cravou ainda mais seu nome com ‘Curtindo a Vida Adoidado’ – além de dirigi-lo, produziu e roteirizou –, que tinha o promissor Matthew Broderick na pele de um rapaz que só queria matar um dia de aula para se divertir com a namorada e um amigo. É uma homenagem a todos nós, que já fomos jovens, já matamos aulas e, acima de tudo, já sentimos a necessidade de nos livrarmos das amarras de uma vida burocrática e cansativa – a cena da sala de aula, com a ideia de um professor chato é o exemplo real e fundamental no filme.
Saindo do mundo das comédias adolescentes, Hughes traz a dupla Steve Martin e John Candy para ‘Antes só do que Mal Acompanhado’ (1987). Não fez o sucesso esperado, mas provou sua qualidade em dialogar com todos os públicos.
Parece que Hughes, assim como seus fãs, ia calcando os degraus da vida e com ‘Ela vai ter um Bebê’, sente a necessidade de mostrar que o casamento não é o conto um fadas de Hollywood. Kevin Bacon e Elizabeth McGovern são recém casados, que sonham em ter uma vida perfeita. Mas depois da gravidez, todas as responsabilidades aumentam a cada dia. Uma curiosidade, é que Matthew Broderick volta a viver Ferris Bueller aqui.
1989 chega, e com ele a produção e o roteiro de ‘Férias Frustradas de Natal’ e também a direção de ‘Quem vê cara não vê Coração’, sua última parceria com Candy – o ator viria a falecer em 1994 – e a primeira vez que Macaulay Culkin aparece nos cinemas.
Voltando a trabalhar com Culkin, escreve o mega-sucesso ‘Esqueceram de Mim’ em 1990, que seria dirigido por Chris Columbus, arrebataria multidões nos cinemas e faturaria ao redor do mundo mais de 470 milhões de dólares. Mas erra ao escrever ‘De Volta para Casa’ no ano seguinte.
Sua despedida na direção chegaria em 1991, com ‘A Malandrinha’, produção lotada de clichês e que fica muito aquém daquilo que Hughes já havia nos mostrado. Depois disso, ele foi, gradativamente se afastando de Hollywood e voltou a morar em Chicago. Logo após a morte de John Candy, ficaria evidente sua tristeza e a falta de motivações para voltar a dirigir filmes.
Mesmo assim, roteirizou e escreveu os mais diversos sucessos, como ‘Esqueceram de Mim 2 – Perdido em NY’ (1992), ‘Beethoven – O Magnífico’ (1992), ‘Denis – O Pimentinha’ (1993), ‘Milagre na Rua 34’ (1994), ‘Ninguém Segura esse Bebê’ (1994) e ‘101 Dalmatas’ (1996). Seu último trabalho seria a comédia estrelada por Owen Wilson, chamada ‘Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor’ (2008).
Saudades deste, que poderia viver para sempre e nos alegrar com seu encanto e sua eterna juventude.