Green Book: O Guia deveria estar no Oscar?

É engraçado notarmos que o diretor de Green Book: O Guia, Peter Farrelly, é o mesmo cara que fez comédias escrachadas como Quem vai ficar com Mary ou Debi & Loide 1 e 2. Aqui ele parte para um caminho oposto do que está acostumado e faz uma espécie de road movie que trabalha a amizade de um descendente de ítalo-americano com um pianista negro em plena década de 1960, onde o racismo estava por todas as partes dos Estados Unidos de maneira muito clara.

E apesar da química entre Viggo Mortensen e Mahershala Ali ser o ponto fundamental por aqui, o roteiro teima em suavizar temas que deveriam ser explicitados e isso faz com que todos os embates e momentos dramáticos se tornem esquecíveis e sem emoção – há uma sequência em um restaurante onde falta um roteiro mais bem desenvolvido e um diretor que entenda do achado.

Farrelly não se esquece de inserir piadinhas espertas e são nestes segmentos que Green Book: O Guia cresce, mas era preciso mais… era preciso mais para nos fazer acreditar que Tony deixou de ser um homem racista infectado pelo seu ciclo social e familiar e se transformou em uma pessoa melhor e mais compreensível.

Compreendo perfeitamente as indicações para Melhor Ator e Ator Coadjuvante, mas havia merecimento para inserirem o projeto nas categorias de Melhor Filme e Roteiro Original? Quando saí da sessão, me peguei comparando O Discurso do Rei com esta obra, já que as duas tem seu valor, mas existem diversos outros mais impactantes e que serão mais lembrados. Mas o Oscar tem dessas… já era para eu ter me acostumado.

Sinopse de Green Book: O Guia

Tony é um segurança que após ficar desempregado é contratado por um famoso pianista negro para ser seu motorista e levá-lo em uma turnê pelos Estados Unidos. No decorrer do caminho, eles irão criar uma amizade forte, mas também terão que lidar com todo preconceito enraizado naquela sociedade.

Título Original: Green Book
Ano Lançamento/País de Origem: 2019 (Estados Unidos)
Dir: Peter Farrelly
Elenco: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini, Dimeter Marinov, Mke Hatton, Iqbal Theba, Sebastian Maniscalco

ORÇAMENTO: 23 Milhões de Dólares
NOTA: 6,5

INDICAÇÕES AO OSCAR: Melhor Filme / Melhor Ator (Viggo Mortensen) / Melhor Atror Coadjuvante (Mahershala Ali) / Melhor Roteiro Original / Melhor Montagem