Neville de Almeida foi um diretor de extremo sucesso na época das pornochanchadas, com títulos como A Dama da Lotação e Rio Babilônia e coloca o contexto do cinema marginal em seu A Frente Fria que a Chuva Traz, pois há um universo sujo e que troca amor pelo puro sexo e um planejamento do futuro pelo imediatismo.
A crítica social pesada aparece na forma com que os jovens da classe alta veem os moradores das favelas, da banalização da cultura e da perversidade com que destroem suas próprias vidas. Amsterdã, papel de Bruna Linzmeyer, leva o espectador a tentar entender um universo que, num primeiro momento, pode parecer distante para muitos, mas que está escancarado no nosso dia a dia.
Assim como cita o personagem de Flávio Bauraqui, dono da laje em que os ricaços fazem as festas, se tivesse oportunidade, ficaria deitado na beirada da piscina e jamais apareceria lá. Mas da mesma forma que há um vazio crescente dentro dos corações ‘mais abastados’, também existe o mesmo sentimento do outro lado, deixando claro que somos tão iguais quanto podemos imaginar.
Mesmo com um excelente tratamento na fotografia, há uma repetição cansativa de situações, fazendo o segundo e terceiro atos se arrastarem interminavelmente, assim como a inserção de personagens, que entram e saem apenas para enfatizar momentos pouco interessantes – o tal cantor Raposão é um exemplo disso. A Frente Fria que a Chuva Traz recoloca Neville no mapa e prova que o diretor ainda tem ‘lenha para queimar’.
Sinopse de A Frente Fria que a Chuva Traz
Um grupo de jovens de classe alta costuma organizar festas na favela do Vidigal, regadas a muitas drogas, bebidas e sexo. Gru, dono do local, reclama da condição deixada pelos locatários e Amsterdã, jovem pobre e viciada que se infiltra nas festas, são o contraponto deste universo desregrado e podre.
Título Original:A Frente Fria que a Chuva Traz
Ano Lançamento: 2016 (Brasil)
Dir: Neville de Almeida
Elenco: Bruna Linzmeyer, Johnny Massaro, Chay Suede, Juliana Lohmann, Marina Provenzzano, Juliane Araújo, Nathália Limaverde
ORÇAMENTO: —
NOTA: 5,0
Por Éder de Oliveira
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