O cinema de Renato Tapajós, assim como sua trajetória de vida, é de militância, mas ao contrário de projetos anteriores como ‘O Rosto no Espelho’ ou ‘A Batalha de Maria Antônia’, que são documentário, resolveu filmar sua primeira ficção e se dá bem, principalmente no quesito do realismo.
Corte Seco foi exibido na Mostra Cena Cine, aqui na cidade de Campinas e logo após houve uma roda de debates com o próprio diretor. O interessante é que o projeto se passa na época da ditadura militar, mas o enfoque acaba sendo menos na questão política – que é vista em breves momentos – e mais as torturas em si.
Desde os primeiros minutos notamos o quão pessoal Corte Seco é, por conta da veracidade na violência, que é incômoda e potente, e da reconstrução de cada detalhe, tanto nas vestimentas, quanto nas locações (a cena da tomada da rádio é a maior prova disso). O problema é que, às vezes, há um excesso de xingamentos e uma teatralização nas atuações.
O que incomoda – e acontece quase sempre em nosso país, quando a questão é cinema independente – é saber que só após dois anos do seu lançamento, o drama é exibido em Campinas, local onde foi filmado. Nos trechos a seguir, Tapajós fala sobre seu trabalho.
Título Original:Corte Seco
Ano Lançamento:2014 (Brasil)
Dir:Renato Tapajós
Elenco: Gabriel Miziara, Alexandre Caetano, Daves Otani, Gustavo Valezi, Eduardo Ozório
ORÇAMENTO: —
NOTA: 7,0
Por Éder de Oliveira
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