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Charlotty, o filme: a transfobia colocada em pauta

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charlotty

Charlotty, o filme é dirigido por Phillipe Bastos e Gleyson Spadetti e roteirizado por Zen Salles. Expõe um tema extremamente pertinente nos dias atuais: a transfobia. Este mal que mata uma pessoa a cada 48 horas, é identificado como o preconceito e a discriminação em razão da identidade de gênero, contra travestis e transexuais. E o pior: praticamente nada é feito, nem pela sociedade e, principalmente, pelas autoridades.

Os diretores, que já haviam feito Milagre Maldito e Aspirina para Dor de Cabeça, comentaram num bate papo exclusivo para o Cinema e Pipoca, a respeito deste novo projeto e do tema, que “é de extrema importância que os filmes tragam esse tema da transfobia para as telas, hoje mais do que nunca, pois estamos vivendo uma época de muitas tentativas de restrição às liberdades e de retorno às manifestações extremistas de intolerância”.

Charlotty, o filme, tem a previsão de ser rodado ainda este ano, na primeira quinzena de dezembro, mas tudo vai depender desse final de captação de recursos e, claro, do apoio das pessoas em nossa campanha de Financiamento Coletivo. Em relação ao lançamento, primeiramente, vai para o circuito de festivais no Brasil e no exterior, e futuramente nas TVs Paga, Aberta, VOD e internet.

Confira mais sobre nosso bate papo com Phillipe Bastos e Gleyson Spadetti:

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Cinema e Pipoca: Como foi sair de um projeto como “Aspirina para Dor de Cabeça” e entrar em “Charlotty, o filme”, que tem um tema tão forte?

Phillipe e Gleyson: Tudo começou quando Zen Salles, que é nosso amigo, leu o roteiro do “Aspirina” e nos fez a proposta para dirigirmos o “Charlotty”. Ele nos disse que tínhamos a linguagem ideal para fazer “Charlotty” se tornar um filme. E nós aceitamos de imediato. Gostamos muito da maneira poética com que o Zen escreve suas histórias; da forma lúdica e real como ele cria todo o contexto da trama em seu roteiro.  Esperamos que esse filme possa conscientizar e informar sobre esse tipo de crime, sobre esse “preconceito invisível”, que a sociedade insiste em não enxergar.

Charlotty, o filme

Carol Marra atriz que interpretara Charlotty

CP:  Como é trabalhar com um roteiro escrito por outra pessoa? Zen Salles, o roteirista, participará também do processo de filmagem?

PeG: O Zen não participará da filmagem, do set, mas tem sido um autor ativíssimo durante todo o processo de preparação do filme, da transposição de cada um dos detalhes da trama e dos personagens para a imagem cinematográfica. Poder explorar o universo criado por outro autor tem sido uma experiência muito estimulante.

É um verdadeiro presente poder criar sobre a linguagem de uma mente tão pulsante e criativa como a do Zen, além do roteiro ser um material extremamente polêmico, necessário, controverso. Temos processos distintos, mas que vem se complementando, com total liberdade de ambas as partes.

CP:   Vocês comentam na página do benfeitoria.com que “o filme fala dos limites sociais impostos ao amor e à liberdade de expressão”. Neste contexto, acreditam que um país tão arcaico quanto o nosso, um dia conseguirá aceitar o amor entre duas pessoas do mesmo sexo, por exemplo, sem julgá-las?

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PeG: Acreditamos que esse será um longo processo de desconstrução dos medos, das fobias sociais, e de construção de valores que prezem, acima de tudo, o respeito, o amor incondicional à vida. É de extrema importância para os dias atuais, e para o futuro pacífico da humanidade, que debates como esse sejam uma constância diária.

É muito bom poder abrir espaço para que as pessoas possam refletir sobre como isto é sério, pois mata milhares de pessoas, todos os dias, ao redor do mundo todo. O respeito ao outro, e à sua individualidade, não é um dom, é uma conquista que só vem com o esforço diário de todos. 

CP: Hoje em dia, com a arte sendo tão contestada aqui no país, vocês ainda acreditam que ela pode ser a chave para a mudança?

PeG: Sim, a arte sempre foi, e sempre será, um dos mais poderosos instrumentos de transformação da sociedade – e exatamente por isso tem sido tão contestada nesses tempos sombrios pelos quais passamos no Brasil. A arte é, por essência, a forma de dizer o que precisa ser dito, ouvido, e se paramos de nos expressar o país, o mundo, andam pra trás.  E não devemos nos calar por conta de preconceitos e, principalmente, daqueles que estimulam a intolerância e o ódio entre os seres humanos.

CP: Como foi feita a escolha do elenco? Havia algum destes atores ou atrizes que já era cotado para os papeis?

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PeG: Sim, a Gilda Nomacce e o Thalles Cabral são atores convidados pelo próprio Zen Salles – e um verdadeiro presente para qualquer diretor. Nossa protagonista, Carol Marra foi escolhida em conjunto por nós e nossa produtora, Rosana K. Barroso, não apenas por esbanjar talento, mas por sua militância pela causa Trans no Brasil. Queríamos, de fato, uma mulher empoderada, e ficamos muito felizes quando ela topou nosso convite e desafio para viver uma personagem tão polêmica. Aliás esse foi o quesito principal na hora de montar esse elenco: que todos fossem militantes pela causa, e pelo fim das intolerâncias sociais.

O filme também trás no elenco Paula Goja, Hugo Maia e Jaed´son Bahia. Além desse elenco estelar também temos o privilégio de contar com o cantor Thiago Pethit – que assina a música tema do filme – e Alexandre Herchcovitch, que assina o design do vestido de formatura da personagem título.

Charlotty, o filme

Carol Marra, Philippe Bastos e Gleyson Spadetti

CP: Acreditam que seja mais fácil o apoio em sites como o Benfeitoria do que a tentativa de obtenção de recursos em editais do governo?

PeG: “Charlotty, o filme”, que é uma produção da Projeto6 e Rosana K. Barroso, venceu um edital de fomento à cultura da Energisa na cidade de Nova Friburgo, onde o filme será rodado, e graças a esse prêmio já temos um terço de nosso orçamento arrecadado. O filme está aprovado nas leis de incentivo, e estamos à procura de outras empresas que se identifiquem com o nosso projeto, mas como queremos acelerar o processo de captação, decidimos abrir para a sociedade, e para o cidadão, a oportunidade de colaborar com um projeto que diz respeito ao amor ao próximo, à vida em todas as suas formas e expressões.

A campanha no Benfeitoria é também, acima de tudo, uma forma de alertar, de conscientizar as pessoas, antes mesmo do filme realizado, para as atrocidades que a Transfobia causa diariamente.  Também contamos com o apoio da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, do ISEC – Instituto Serrano de Economia Criativa e do SerraAção- Polo Audiovisual de Nova Friburgo e Região.

CP: Tem novos projetos para o futuro? Poderia comentar um pouco sobre eles?

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PeG: Temos três novos projetos de longa-metragem em desenvolvimento: dois roteiros de terror e um filme de comédia. Temos profunda paixão pelo cinema de terror e fantasia, gêneros que começam a ser explorados com muito sucesso no Brasil, e queremos explorar os mitos e lendas de nosso país nesses dois filmes.

Já nossa comédia é uma crítica, super ácida, ao preconceito da classe AAA com a ascensão social e profissional dos menos favorecidos em nosso país. O Brasil tem um povo incrível e uma cultura riquíssima, e é sobre isso que queremos falar e dialogar com as plateias.

Confira o trailer do filme:

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Editor CP

ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS

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Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’

– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

ONDE VIVEM OS MONSTROS 2009


Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.

Saiba mais da lista e a entrevista especial sobre o Dia Mundial do Livro Infantil
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Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

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Entrevista com Rosane Svartman

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!

Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.

No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.

Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Sinopse de Vicky e a Musa

O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.

Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.

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Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.

O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.

Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.

Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.

Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.

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Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.

É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.

O elenco da série

O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.

Entrevista com Rosane Svartman

Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?

  • Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.

De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?

  • Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.

O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?

  • Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.

E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?

  • Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.

E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?

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Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

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casa vazia Ivo Lopes Araujo credito arquivo pessoal

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como GirimunhoTatuagemGreta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau

O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.  

Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.

Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.

Entrevista com Ivo Lopes Araújo
Cartaz Casa Vazia

Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia

Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?

Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.

Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama? 

Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.

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casa vazia Credito Panda Filmes
Crédito: Panda Filmes

Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?

Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.

É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.

E quais são os seus próximos projetos?

Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.

Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.

E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!

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