CAPITÃES DA AREIA

O escritor Jorge Amado pode não ter se revirado completamente em seu túmulo, mas provavelmente comentou com alguns deuses que sua obra poderia ter sido muito melhor retratada nas telonas. Culpa da escolha dos atores mirins, que não dão conta do recado e tem pouca naturalidade – nem a coreografia da luta de capoeira se salva!

Existem duas seqüências musicais que não se encaixam no roteiro, assim como a ‘esperteza’ – que se torna uma galhofada só – dos órfãos. Além disso, as mulheres são tratadas como um objeto de desejo, tendo uma função bastante aquém do que eu imaginaria que tivessem.

Talvez o drama possa convencer nas páginas, mas o pouco vigor na direção de Cecília Amado influencia negativamente na concepção final do longa. Como contraponto e grande achado, podemos citar a fotografia belíssima e a trilha sonora.

Pedro Bala, Professor, Gato, Sem-Pernas, Boa Vida e Dora são órfãos que vivem juntos e conseguem dinheiro e comida na base da esperteza.
A cada dia eles têm que lutar por sua própria sobrevivência, numa Bahia tão bela, quanto desigual.

A inversão de valores – crianças com responsabilidades de adultos e adultos pouco participativos – é até bem moldada, mas em certos momentos passa do ponto. Talvez devêssemos nos deixar levar pela narrativa desse mestre da literatura e apenas saudar essa iniciativa, pouco inspirada, de transpô-la para o cinema.

Título Original: Capitães da Areia
Ano Lançamento: 2009 (Brasil)
Dir: Cecília Amado
Elenco: Jean Luis Amorim, Ana Graciela, Roberio Lima, Israel Gouvea, Paulo Abade, Marinho Gonçalves, Ana Cecília

ORÇAMENTO: 9 Milhões de Reais