Acho que antes de mais nada, temos que parar de ficar procurando substitutas para as divas do cinema, pois nenhuma chegará aos pés de atrizes como Judi Dench, Meryl Streep ou Audrey Hepburn. Esta última, além de uma beleza descomunal, era dona de uma doçura e elegância que conquistava todo e qualquer espectador.
Blake Edwards (‘Um Convidado Bem Trapalhão’) levou para as telas o romance de Truman Capote e no terço inicial tenta trazer suavidade e leveza, mas se na época o humor pastelão funcionou, hoje em dia está um tanto ultrapassado e burocrático (principalmente se citarmos o ator oriental que faz o síndico do prédio, absurdamente ruim).
Depois deste trecho o drama ganha força e aí sim ‘Bonequinha de Luxo’ mostra o porquê de todo o prestígio. Os diálogos entre O. J. Berman e Varjak no parque ou os 15 minutos finais dão um banho em qualquer comédia que se preze, colocando no roteiro artifícios densos como a crítica à burguesia e ao consumismo exacerbado, pois se os homens queriam prazer fácil com a garota, ela queria o luxo e o glamour. Nesse ponto, Edwards acaba questionando até que ponto isso valeria a pena.
Holly é uma garota de programa louca para encontrar um homem milionário, casar-se e viver às custas dele. Sonhadora e um tanto inocente, se entrega aos braços de qualquer ricaço e sempre acaba se dando mal, até conhecer um pobretão que é bancado por sua amante e se apaixonar por ele.
No fim das contas, todos acabam tirando suas máscaras, principalmente Paul Varjak. Mas não da forma palpável como é mostrada e sim emocionalmente. O estilo fashion, com um figurino sensacional, dá mais brilho a obra e apesar de vermos apenas dois ou três beijos ao longo da projeção, a sensualidade paira no ar em todos os 115 minutos. Bem que o tempo poderia ter parado para Hepburn.