AMORES SANTOS | DIRETOR FALA SOBRE O PROJETO

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O Cinema e Pipoca entrevistou Dener Giovanini, diretor do polêmico documentário ‘Amores Santos’, que fala sobre a hipocrisia do discurso religioso. Durante seis meses, milhares de líderes religiosos como Arcebispos, Bispos, Padres e Pastores, foram contatados e gravados – via webcam – fazendo sexo virtual com um ator do documentário Amores Santos. Confira nosso bate papo:

Cinema e Pipoca: Fale um pouco sobre sua carreira, até chegar em ‘Amores Santos’.
Dener Giovanini: Sou jornalista e sempre atuei na área ambiental. Dediquei quase trinta anos da minha vida a causa ambiental, fazendo projetos e trabalhando com organizações ambientalistas. Na produção audiovisual comecei como roteirista e atuo nesse setor há cerca de 12 anos. Além de roteiros eu faço direção e também apresento programas para TV. Atualmente estou com uma série na TV Justiça, chamada Tribunal Ambiental. A ideia de fazer o documentário Amores Santos surgiu da minha necessidade de experimentar novas áreas do conhecimento. Eu queria fazer algo diferente na minha carreira de diretor cinematográfico.

CP: Como surgiu a ideia do roteiro? Houve muita discriminação da igreja e de outras pessoas por conta do tema?
DG: Inicialmente eu pensei em fazer um documentário sobre a homofobia. Principalmente sobre as consequências sociais do preconceito e também abordar a amplificação do discurso do ódio nas redes sociais. Para isso eu criei um perfil de um personagem na internet e comecei a falar com religiosos sobre o tema. A expectativa era que, quando o personagem se revelasse gay, eu poderia conhecer a construção do discurso homofóbico. Mas acabou acontecendo o que eu não esperava. Quando o personagem dizia que era gay começaram a surgiu cantadas por parte dos religiosos. Nesse momento nasceu o Amores Santos.

CP: Qual a maior dificuldade para se tirar um projeto como este do papel?
DG: Desde o início eu quis fazer um filme diferente. Um filme produzido inteiramente na internet. O nosso custo foi praticamente zero. Todos os que trabalharam no filme concordaram em fazer o serviço para receber porcentagem nos lucros da comercialização da obra. Foi uma grande aposta de todo mundo. É um risco, pois não sabemos de o filme será um “sucesso de bilheteria”.

CP: Qual o maior intuito do documentário?
DG: O filme trata, antes de tudo, sobre a hipocrisia e, principalmente, sobre as consequências do discurso homofóbico. Queremos mostrar que o discurso de ódio, hoje tão propagado por certas religiões, tem consequências muito graves, como suicídios, desagregação familiar e muito sofrimento, principalmente para uma parcela mais jovem da sociedade. O filme é muito forte. Mostra religiosos pregando uma coisa e fazendo outra. Queremos revelar uma grande farsa e creio que conseguiremos.

CP: O enfoque do projeto sempre foi este o início ou tiveram algumas modificações? E quanto tempo de gravação vocês conseguiram?
DG: Quando o documentário Amores Santos se revelou para nós, foi definitivo. Sabíamos que tínhamos uma grande história em nossas mãos e que tínhamos também uma grande responsabilidade sobre ela e sobre todos os que nela estavam envolvidos. Todo o processo de gravação durou cerca de seis meses.

CP: Como vocês pretendem disponibilizar o filme, já que será impossível exibi-lo em circuito comercial?
DG: Ainda estamos estudando essa questão da distribuição. Como o filme foi inteiramente produzido na internet eu creio que o caminho natural será a sua distribuição via Video On Demand (VOD). Estamos estudando em qual plataforma vamos disponibilizar o filme e também se iremos percorrer o circuito dos Festivais. Já temos alguns convites.

CP: Darico Macedo, o ator do filme, sempre foi a primeira opção?
DG: Darico Macedo foi escolhido também pela internet. Existiam outros possíveis candidatos, mas após algumas conversas e entrevistas ficou muito claro para mim que o papel era dele. Darico tem uma grande capacidade de comunicação e sabe atuar com muito profissionalismo e dedicação. Não foi um filme fácil de fazer. Não é qualquer ator que consegue manter 15, 20 relações sexuais virtuais por dia. Além do fato de ter a capacidade de deixar o interlocutor à vontade para revelar as suas fantasias.

CP: Quais os principais cuidados que estão tomando em relação às pessoas que aparecem nas filmagens?
DG: O nosso intuito é não prejudicar ninguém. Não importam os nomes, os rostos. O que importa é a situação. Se os religiosos querem fazer sexo, tudo bem. Não os condeno por isso. Mas eles não podem e não devem pregar uma coisa e fazerem outra. Não podem condenar a homossexualidade na missa da manhã e usarem calcinha vermelha debaixo da batina a noite.

CP: Tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?
DG: No momento estou finalizando o documentário Amores Santos e também o documentário Brasil/África – Um Elo Natural, que gravei no continente africano e que aborda as relações socioambientais entre o Brasil e a África. Também tenho alguns outros projetos em captação e espero começar a produção o mais breve possível. Também quero me dedicar a outros projetos parecidos com o Amores Santos. Eu gostei muito de fazer esse filme.

Primeiro vingador do Cinema e Séries (antigo Cinema e Pipoca) e do Pipocast, sou formado em Jornalismo e também em Locução. Aprendi a ser ‘nerdzinho’ bem moleque, quando não perdia um episódio de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete ou os clássicos oitentistas na Sessão da Tarde. Além disso, moldei meu caráter não só com os ensinamentos dos pais, mas também com os astros e estrelas da Sétima Arte que me fizeram sonhar, imaginar e crescer. Também sou Redator Freelancer.

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