Na década de ouro dos faroestes, tivemos não só excelentes exemplares norte-americanos (‘O Homem que Matou Fascínora’ ou ‘Sete Homens e um Destino’) como também italianos (a trilogia dos dólares e ‘O Bom, o mau e o feio’). Com o declínio nas décadas de 70 e 80, o gênero só voltou a ter relevância com ‘Os Imperdoáveis’, clássico dirigido por Clint Eastwood.
Os neo-westerns surgiram desta necessidade de Hollywood manter as tradições, mas também inserir uma linguagem e cenários mais atuais, foi assim com ‘El Mariachi’, ‘3 Enterros’, ‘Onde os Fracos não tem Vez’ e este A Qualquer Custo, que chegou devagarzinho, mas vem ganhando força na corrida pelo Oscar 2017.
O diretor David Mackenzie, com a ajuda do excelente roteirista Taylor Sheridan, cria um ambiente hostil, onde podemos notar o quanto os Estados Unidos e parte de sua população sofrem com o desnivelamento de renda – isso é visto desde as moradias caindo aos pedaços, passando pelas vestimentas dos personagens e chegando às suas próprias atitudes desesperadas.
Encontramos aqui o famoso jogo de gato e rato, portanto, enquanto os irmãos Tanner e Toby saem roubando todos os bancos da redondeza, o xerife Marcus e seu parceiro Alberto tentam encontra-lo. Com linguagem clássica e pautada nos detalhes (não há arrombos de ação desenfreada e tudo é moldado pela construção de cada escolha) e uma câmera ágil e sempre no melhor lugar, o projeto deve ser visto por cada fã do gênero que se preze.
Jeff Bridges, Chris Pine, Ben Foster e Gil Birmingham agarram seus personagens com unhas e dentes e dão personalidades ímpares para cada um – e por conta disso Bridges ganhou uma indicação ao Oscar deste ano. A violência gráfica do terceiro ato é explosiva, mas o início, assim como certos coadjuvantes, demora a engrenar e a ‘entrar nos trilhos’. Todo Oscar tem sua grata surpresa e A Qualquer Custo é o exemplo da vez.
Título Original: Hell or High Water
Ano Lançamento: 2017 (Estados Unidos)
Dir: David Mackenzie
Elenco: Ben Foster, Chris Pine, Jeff Bridges, Gil BirminghamBuck Taylor, Dale Dickey
ORÇAMENTO: —
NOTA: 7,5
Por Éder de Oliveira
Indicações ao Oscar: Melhor Filme / Melhor Ator Coadjuvante / Melhor Roteiro Original / Melhor Edição