É louvável vermos uma ficção científica como A Chegada ser indicada na principal categoria do Oscar e é louvável notar o trabalho primoroso do diretor Denis Villeneuve (conta em seu currículo com o excelente ‘Os Suspeitos’ e o bom ‘Sicario – Terra de Ninguém‘) não só na concepção de uma premissa palpável, mas também de um roteiro onde, diferentemente de tantos outros, mostra que a humanidade ainda pode deixar as diferenças de lado e trabalhar por um bem maior.
A Dra. Louise Banks, interpretada com maestria por Amy Adams (cadê a indicação dela?), vai descobrindo cada detalhe daquele novo ambiente juntamente com o espectador e toda a atmosfera dentro da nave nos dá uma sensação de desconforto e curiosidade, como poucos projetos conseguiram no ano de 2016.
A dor da perda, apresentado nos primeiros minutos, perdura nos três atos de A Chegada, mas também há o jogo de interesses entre governos e o medo do desconhecido que alicerceiam as quase duas horas de projeção. Nas questões estéticas, a fotografia lembra a de filmes como ‘2001 – Uma Odisséia no Espaço’ e, ao contrário de outros títulos, ela é clara e com uma perspectiva de ângulos mais amplos, até porque, não se trata de uma invasão alienígena, é bem maior que isso.
Quando a “ação” invade a tela, Villeneuve a molda de maneira elegante, sem exageros gráficos, além disso, o design das naves não passam despercebido, casando perfeitamente com os tais ângulos que já comentamos. E então, os alienígenas saem das sombras e aparecem, mas o impacto, assim como ocorreu em ‘Super 8’, seria maior se eles não fossem mostrados.
Uma dezena de naves interplanetárias pairam sobre a Terra e a Dra. Louise Banks, uma famosa linguista, é chamada para traduzir os sinais e verificar se os aliens são uma ameaça. A dificuldade na tradução faz com que alguns países tomem a iniciativa de bombardear as naves, podendo colocar tudo a perder.
Com uma ou outra decisão apressada demais, mas com qualidades que estão acima de tudo isso, A Chegada é um grito pela paz, pela união dos povos (um sonho utópico, talvez), pela aceitação das diferenças e para que, no futuro, as próximas gerações tenham a oportunidade de viverem num ambiente menos caótico que o nosso.
Título Original: Arrival
Ano Lançamento: 2016 (Estados Unidos)
Dir: Denis Villeneuve
Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg, Mark O’Brien
ORÇAMENTO: 50 Milhões de Dólares
NOTA: 8,5
Indicações ao Oscar: Melhor Filme / Melhor Direção / Melhor Roteiro Adaptado / Melhor Montagem / Melhor Fotografia / Melhor Edição de Som / Melhor Mixagem de Som / Melhor Design de Produção
PEARL
Com apenas 6 minutos de duração, ‘Pearl’ é um curta metragem diferentão. Ele se passa todo dentro de um carro e mostra a transformação de um pai e uma filha no decorrer de vários anos, até aqui nada de diferente certo? Certo! O bacana é que a câmera também está dentro do carro e o espectador pode direcioná-la para onde bem entender.
O diretor Patrick Osborne é esperto ao criar personagens empáticos e bem estruturados, mesmo na sua simplicidade. O tempo como rito de passagem e as dores, alegrias e tristezas nesta viagem – mesmo que bem rápida para o espectador – tem o dom de emocionar.
O interessante é que conforme você vai assistindo e colocando a câmera em lugares diferentes, perceberá o cuidado de todos os envolvidos no projeto em diferenciar cada detalhe dentro daquele ambiente. No fim, poderia ter mais alguns minutos para firmar as personalidades de cada um, mesmo assim é algo a ser aplaudido.
Título Original: Pearl
Ano Lançamento: 2016 (Estados Unidos)
Dir: Patrick Osborne
ORÇAMENTO: —
NOTA: 8,0
Por Éder de Oliveira
Indicações ao Oscar: Melhor Curta em Animação
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