A Revista Preview está no ar há mais de 6 anos e é uma das únicas especializadas em cinema por aqui. Tivemos o prazer de entrevistar Ricardo Matsumoto, diretor de redação da Preview, que falou sobre o mercado editorial, as futuras mudanças da revista, sobre o cinema nacional e muito mais. Confira!
Entrevista com Ricardo Matsumoto, da Revista Preview
A Revista Preview surgiu num momento em que os cinéfilos estavam órfãos deste tipo de publicação. Como foi a aceitação deste público?
Ricardo Matsumoto: Posso dizer que o nosso início não foi fácil. Na verdade, na época em que a revista foi lançada, em 2009, tínhamos vários concorrentes (a SET, que retornou depois de uma breve ausência, além da MOVIE e também da SCI-FI NEWS, que apesar de não ser um concorrente direto, explorava um público semelhante). Por essa razão, contar com a confiança de leitores que já conheciam a gente de outra publicação foi muito importante.
Edição 39 da Revista Preview
Num momento em que o impresso está em baixa, como é ter uma revista? Quais as maiores dificuldades que encontram e vocês acreditam que o formato impresso de revistas, jornais e etc., poderá acabar?
RM: O problema, na verdade, é muito mais complexo. O impresso pode até estar em baixa, mas as revistas especializadas sempre tiveram um forte apoio dos leitores fiéis. O que tem acontecido agora é que enfrentamos dificuldades para levar a revista a todos os lugares do Brasil. Então muita gente acaba não conseguindo achar a revista. Se você analisar mercados na Europa, o impresso continua firme e forte. Mas é bem diferente você distribuir uma revista em países com dimensões reduzidas.
Como é feita a divisão entre os repórteres, de quem vai cobrir este ou aquele filme?
RM: Isso depende muito. Geralmente escolhemos as pessoas por suas aptidões. Não adianta você pedir para alguém falar sobre filmes de super-heróis se ele tem um conhecimento maior em cinema de arte. Então vale mais a coerência.
Quais as principais diferenças do conteúdo do site e das revistas?
RM: No site procuramos oferecer reportagens e notícias mais curtas. Acho que a maioria das pessoas prefere uma leitura mais ágil no online. E na revista podemos explorar o assunto com maior profundidade.
O que acham de toda esta polêmica envolvendo quem gostou e quem não gostou de ‘Batman vs. Superman’?
RM: Acho que cada pessoa tem direito a ter sua própria opinião. O que não concordo é que muita gente tenta te convencer de que um filme é ruim apenas porque a maioria das pessoas achou isso. Não concordo que você precise seguir a maioria. Eu gostei do filme, e fiz a crítica positiva na revista. Já o Edu, que é nosso colaborador, não gostou tanto assim (mas também não achou o desastre que muita gente publicou). E acho que isso que é legal em uma publicação: você poder expor sua opinião sem forçar ninguém a concordar ou não com você.
O que acham do cinema nacional nos dias atuais, pois vejo este crescimento e melhora nos filmes, mas parecem muito centralizados nos mesmos diretores, atores e produtoras.
RM: Acho que ainda falta um pouco uma certa variedade no cinema nacional. O que você vê mais são as comédias, porque é o gênero mais bem sucedido atualmente. E como não temos uma indústria como a americana (que não depende de incentivos fiscais), você acaba vendo sempre os mesmos atores e diretores. Mas acho que estamos no caminho certo, com mais gente se arriscando em outros gêneros.
Vocês falam sobre grandes filmes, mas também tem o cuidado de colocarem projetos independentes em todas as edições. Como é feita essa escolha de pauta, no sentido de colocar ‘este filme menor’ (no sentido de orçamento) e não aquele?
RM: Gostamos muito de variedade, e isso significa abrir espaço para todo tipo de filme. Do Blockbuster ao cinema alternativo, passando pelas produções nacionais. Sempre procuramos oferecer uma revista com um conteúdo bastante diversificado.
Alguma mudança que será feita em breve na revista e que vocês podem nos contar?
RM: Nada de muito radical, apenas alguns aprimoramentos visuais. Nossa meta é aumentar o número de páginas da revista (e voltar para a estrutura que tínhamos no passado, com 84 páginas), mas precisamos que as vendas aumentem e também que o mercado melhore. Por enquanto, tentamos oferecer o melhor que podemos com os recursos que temos disponíveis.