Terceiro Segredo | Diretor fala sobre o projeto
Entrevistas Curta Metragem

Terceiro Segredo | Diretor fala sobre o projeto

terceiro segredo
Foto: Divulgação

Terceiro Segredo é um curta metragem que falará sobre as dificuldades das pessoas ao se recuperarem de perdas. O diretor José Roberto, que fez uma campanha no Catarse para arrecadar fundos para este projeto (e você pode doar clicando aqui), bateu um papo sobre este e outros assuntos com o Cinema e Pipoca.

Cinema e Pipoca: Conte-nos um pouco sobre sua carreira até chegar em Terceiro Segredo.
José Roberto: Eu vim do interior da capital de São Paulo, de Limeira, para estudar Artes Cênicas. Formei-me como ator e após isso entrei para o Grupo Macunaíma do Diretor Antunes Filho, no CPT (Centro de Pesquisa Teatral), em São Paulo. Lá comecei a escrever meus primeiros textos para o Teatro. De lá pra cá estudo cinema e continuo escrevendo.

CP: Terceiro Segredo é um filme tipicamente interiorano. Acredita que falta mais projetos deste tipo no circuito?
JR: Eu acredito que falta sim. O fomento para este tipo de realização é pequeno justamente pelo fato da cultura e especificamente do cinema serem concentrados em grandes centros urbanos. Este pensamento não ajuda na compreensão de que o cinema pode crescer e se desenvolver com bastante autonomia e facilidades de produção nas grandes e pequenas cidades regionais, que são pouco exploradas.

CP: A cidade de Piracaia sempre foi a primeira opção para locações? Se sim, por que?
JR: Sem duvida! Como tive o privilegio de viver enquanto criança em sítios e em locais mais rurais, pra mim foi importante encontrar uma cidade que dialogasse como essa simplicidade que só encontrei em Piracaia. As ruas de terra, estradas, e a realidade rural que eu precisava são muito genuínas e originais por lá. É como seu eu tivesse voltado as minhas origens quando me deparei com toda essa realidade ainda possível.

CP: Por que falar sobre a morte?
JR: Eu encaro a morte de maneira natural. Quando digo isso, falo que a entendo como consequência e ponto. Mas entendo o quanto ela ainda é cercada de mistérios. O que mais me chama a atenção é a dificuldade que nós temos de nos capacitar e adquirir habilidades para o entendimento da morte. É um imenso tabu mesmo, a gente nascendo e sabendo que ela acontecerá para todos. Quando o roteiro estava em processo, minha Bisavó, já com 96 anos, veio a falecer de morte natural. As sensações de perda e luto são iguais para qualquer um, e não foi diferente comigo.

CP: Como preparar os atores para fazerem personagens tão densos?
JR: Eu tenho o habito de escrever para atores que atendam não somente aos requisitos físicos, mas que sejam profundos em suas personalidades. Durante o processo de escrita, eu escrevo pensando diretamente nos atores que quero para o filme. Escrevi este roteiro pensando na Gilda Nomacce. Poder trabalhar com uma atriz tão talentosa quanto ela, faz com que os diálogos do filme se amplifiquem. Mesmo os que não são ditos. Digo o mesmo sobre o Felipe Falanga que fará o personagem Lucas, com grande experiência no cinema, apesar da pouca idade. Quando os atores são acima da média, o trabalho de criação no set se torna algo muito gratificante.

CP: Qual o personagem mais parecido com você e por quê?
JR: O Lucas tem algumas coisas. Mas o personagem Lucas tem uma inocência que só um adolescente querendo entender o mundo tem. Nessa época isso é muito forte.

CP: Uma campanha no Catarse é melhor do que tentar financiamento por um edital?
JR: De fato é. Existem alguns editais para iniciantes que ainda são um tanto burocráticos e isso atrapalha no processo de criação. Alguns são acessíveis, outros requerem uma experiência que só o tempo dá. O CATARSE, além de te aproximar diretamente do seu público logo no inicio de qualquer ideia, ele constrói uma dinâmica de moeda de troca que só a cultura é capaz de fazer. Não são pessoas prestando um favor. Trata-se do seu próprio público, que acredita que sua idéia é capaz de dar certo. Sem falar de que é totalmente fácil acessar a plataforma como realizador e colaborador.

CP: O que fazer para que o cinema independente seja tratado com mais respeito no Brasil?
JR: Os coletivos de cinema são a grande aposta para esse fomento e respeito ao cinema de baixo orçamento e independentes. A regionalização do cinema nas cidades pode ajudar muito. Abrir caminhos fora do grande eixo e movimentar a cultura regional pode dar muita força ao que ainda não foi desenvolvido territorialmente.

CP: Tem novos projetos para o futuro? Poderia comentar um pouco sobre eles?
JR: Estou escrevendo uma peça de Teatro para o ano de 2017 e um roteiro para o meu primeiro Longa metragem que também se passa numa cidade de interior, não poso dizer muito, mas posso dizer que se trata de um suspense.

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