Salvando Mr. Marbles | Entrevista com Diretor
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Salvando Mr. Marbles | Entrevista com Diretor

Senhor Bolinha de Gude

Salvando Mr. Marbles é um curta metragem argentino que foi escolhido para o FESTICINI – 2° Festival Internacional de Cinema Independente e concorre na categoria de Melhor Documentário.

Na sinopse, em uma das últimas fábricas de mármore da América Latina, Victor Hugo Chiarlo produz bolinhas de gude há mais de 50 anos. Ele está tentando preservar esse clássico brinquedo infantil que está em risco de desaparecer. Confira!

Cinema e Pipoca: Como surgiu a ideia para Salvando Mr. Marbles e como encontrou um personagem tão excêntrico quanto Victor Hugo?
Nico Mu: A idéia veio de uma história chamada “O declínio da bola” das “Crônicas de Anjo Cinza”, de Alejandro Dolina (escritor argentino contemporâneo) que se pergunta: Por volta de 1960, haviam vinte milhões de pessoas no país e não era demais afirmar que no meio século, em seu auge, o jogo de bolinhas de gude foi praticado por dez milhões de pessoas. Agora, quantas bolinhas, em média, um garoto teve? Cinquenta. Multiplique então, cinquenta a dez milhões. São meio bilhão de bolas. Bem, de volta ao presente, algum de vocês viu uma bolinha de gude no último ano? Certamente não. E eu me pergunto: onde estão aqueles meio bilhão de bolas? Quem os têm?

CP: A fábrica é rentável para ele hoje? Quantos funcionários trabalham lá?
NM: A fábrica funciona desde 1953, em San Jorge, Província de Santa Fé e cerca de 400.000 bolas são produzidas diariamente. Conta com 20 funcionários, contando os veteranos, que estão lá há tempos e os parentes.

CP: Quantos dias gastaram na fábrica para coletar todas as entrevistas e entender como é o processo de criação?
NM: Foram apenas 48 horas locais e dois anos com conversas esporádicas para convencê-los a me deixar filmar sua fábrica e assegurar-lhes que não queria roubar os segredos nesta arte de fazer as bolinhas. A ideia nunca foi explicar como as bolas foram feitas, mas sim mostrar quem ainda as produz e para quem.

CP: Com uma fábrica deste tipo por perto, essas crianças esquecem um pouco os computadores e telefones celulares? É uma geração que não vai deixar a brincadeira morrer?
NM: As crianças crescem acompanhando e a quem procuram? O pai. Então os imitam. Portanto nós, como pais, temos que dar o exemplo e nossa relação com a tecnologia não pode ser em excesso.

CP: O que é o filme independente para você?
NM: É de se mover ao longo de um caminho com poucas luzes, longe das áreas comuns. Isso nos leva a algo ou a algum lugar e, em seguida, compartilhamos com o resto. Este lugar está cheio de turistas e é uma decisão nossa viajar para outras praias ou ficar de barriga para cima tomando banho de sol.

Salvando Mr. Marbles
Foto: Divulgação ‘Salvando Mr. Marbles’

CP: Quais são as principais dificuldades de cinema independente na Argentina?
NM: Eu acho que as maiores dificuldades são iguais as que qualquer outro país sul-americano passa, pois o financiamento de muitas obras são tirados dos nossos bolsos ou feitos em conjunto com outros cineastas, como uma cooperativa.

CP: Como está a carreira de Salvando Mr. Marbles em outros festivais?
NM: Na verdade este trabalho não tinha a intenção de ser apresentado no circuito de festivais. Desde que foi feito, a pedido de um canal EUA, o corte foi feito com a intenção só de me agradar. Mas, vamos dizer que tomei-o como cobaia e há um antes e depois desta história comecei a encarar as minhas próprias histórias. Estar no Brasil e ter sido aceito no festival é algo que me enche de alegria, porque é um país que eu sempre quero voltar, de um modo ou de outro.

CP: Existe um projeto para o futuro próximo? Poderia nos falas a respeito?
NM: Há muitos trabalhos a caminho. Estou cada vez experimentando mais o gênero dos documentários e estou indo a lugares que me intrigam. Em tudo isso vejo uma evolução e quero continuar. Em um ano eu vou terminar um par de projetos aqui na Argentina e já estou preparando, há muito tempo, com um colega no Brasil (com quem filmei Sombra Delírio Verde), uma ideia de filmar no Acre. Há um interesse por parte do Ministério da Cultura para financiar o projeto.

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