REQUIÉM PARA UM SONHO
Após os créditos finais de ‘Requiém para um Sonho’ subirem, o espectador se sente verdadeiramente nocauteado, pois a visão do diretor Darren Aranofsky (‘Fonte da Vida’) é tão pessimista e realista que chocam. Numa profusão de sentimentos dúbios e supérfluos, percebemos o quanto somos alienados por meios cada vez mais presentes no cotidiano (desde nossa relação com todo tipo de drogas, passando pelas senhoras em busca de um falso rejuvenescimento e chegando às grade de programação de nossos televisores).
Usando imagens frenéticas e perturbadoras e uma edição que não poupa cortes rápidos, Aranofsky traduz o roteiro magnificamente e, de quebra, faz Jennifer Connelly (‘A Casa de Areia e Névoa’), Jared Leto (‘O Senhor das Armas’) e Marlon Wayans (‘Todo Mundo em Pânico’), em sua única escolha certa da carreira, terem uma química monstruosa. Mas ninguém tem maior domínio e brilho que Ellen Burstyn (‘W.’), entregando-se de corpo e alma para uma personagem complexa e essencial para o longa.
A alusão ao consumismo e ao sedentarismo, por exemplo, destoam todo ilusório sonho americano, pois o diretor nos apresenta um pedaço flagelado e sem perspectivas daquele país, em cenários sujos e decadentes e sequências de fazer o estômago revirar (mas são utilizadas corretamente e sem exageros).
Harry Goldfarb é viciado e juntamente com seus amigos sai de casa. Sua mãe recebe um telefonema de um programa televisivo e acaba deixando sua vaidade falar mais alto (vai ao médico e faz uma dieta à base de anfetaminas, tornando-se dependente). O desfecho anti-hollywoodiano e sem finais felizes, faz deste filme um dos melhores dramas da década passada, simplesmente espetacular.
NOTA: 10,0
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