Crítica: Olha pra Elas
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Crítica: Olha pra Elas

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Olha pra Elas, dirigido por Tatiana Sager e roteirizado por Renato Dornelles e Luca Alverdi, debate o encarceramento feminino no Brasil. Além disso, ficou em 3º lugar na categoria, no 37º Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo e tornou-se o Melhor Filme no Florianópolis Audiovisual Mercosul em 2020.

Nessa resenha, precisamos começar pelo fim, pois antes dos créditos finais subirem, conferimos dados alarmantes. Dentre eles, temos:

  • o Brasil tem a 3ª maior população carcerária feminina do mundo (cerca de 42 mil mulheres encarceradas);
  • a maioria não possui o ensino fundamental completo;
  • em cada 10 presas, 7 são negras ou pardas;
  • 2/3 são mães e 57% têm mais de um filho. Na ausência de familiares que assumam a guarda, os filhos acabam em abrigos ou são abandonados;
  • cerca de 1500 crianças vivem com as mães dentro da prisão e a maioria das detentas não recebe visita.

O corte final, com pouco mais de 70 minutos, comprova que essa cultura prisional atual é retrógrada, já que deixam pessoas negras e pobres desguarnecidas e sem perspectivas de futuro.

Mais detalhes sobre Olha pra Elas

A princípio, a câmera fica entre as grades da prisão e nos vãos das janelas, pois essa é a visão das presas, dia após dia. O foco vai até um homem e a esposa, que está encarcerada, é o diálogo é interrompido pelo choro da filha do casal.

Olha pra Elas não quer julgar nenhuma das entrevistas, mas sim ouvi-las com atenção… algo que poucos fazem. Com isso, frases como: “Eles nos colocam aqui dentro achando que vão nos educar… mas a gente sai pior”, dita por Adelaide Teresinha Loiola, de 47 anos, condenada a 30 anos por ter, supostamente, sido mandante de homicídio e líder de facção criminosa, surgem para dar um chacoalhão no espectador.

E paramos por aí? Certamente não! A diretora segue para escutar quem está do lado de fora. Filhas explicam todo o constrangimento da revista para entrarem na cadeia, bem como profissionais de Direitos Humanos colocam pontos de interrogação sobre como e quem irá cuidar e criar dos filhos dessas mulheres e etc. É um ciclo vicioso que se repete por décadas e uma desintegração familiar quase interminável.

Fernanda Dias, assistente social da superintendência dos serviços penitenciários, frisa que: “elas chegam na cadeia quando todas as outras instituições como família e escola, já falharam“. Rodado em seis unidades prisionais femininas do Rio Grande do Sul e de São Paulo, não dá para não se emocionar. E essa é apenas uma pequena porcentagem do todo!

Há diversas Naianes, Cátias, Tamaras, Tatianes e etc., por aí. E não é apenas uma questão de bom ou mal caráter. É tudo cultural! E o governo (seja de direita, de centro ou de esquerda) precisa ir além de falar planejadas e atitudes pouco funcionais… Ou então, só compreenderemos, de fato, quando um de nossos entes queridos estiver lá dentro.

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Onde assistir Olha pra Elas?

O filme passou pelos cinemas nacionais, mas segue sem local de exibição.

Sinopse do filme

O longa-metragem apresenta o cotidiano de mulheres que, em comum, têm de ser mães e viver longe dos filhos. Aprisionadas, elas revelam histórias que, mesmo com suas especificidades, representam uma questão de gênero e identidade de mais de 40 mil brasileiras. Prisões precárias, abandono e desestruturação dos lares são os principais problemas enfrentados pelas apenadas.

Nota Cinema e Pipoca: ★★★★½

Título Original: Olha pra Elas
Ano Lançamento: 2023 (Brasil)
Dir: Tatiana Sager

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