O SOLISTA
Joe Wright saiu do habitat natural, de dramas passados há séculos atrás como ‘Orgulho e Preconceito’ e ‘Desejo e Reparação’, para filmar um mais atual. Escolheu protagonistas talentosíssimos e pelos primeiros trailers disponibilizados na internet, parecia uma obra contundente e sem grandes maniqueísmos.
Mero engano, pois ‘O Solista’ é um amontoado de clichês, feitos para agradar em cheio Academia e abocanhar prêmios mundo afora. As idas e vindas no roteiro atrapalham e deixam a película ainda mais cansativa e indigesta, as narrações em off seguem um ritmo tão padronizado que parece trabalho de roteirista inexperiente (o que não é o caso, pois Susannah Grant escreveu nada menos que ‘Erin Brokovich’).
O menos contaminado com esta preguiça é Robert Downey Jr. (‘Homem de Ferro’), provando o tamanho do talento mesmo em um produto bem fraquinho, já Jamie Foxx exagera na performance e, mesmo com boas sequências, está longe do ideial. A trilha sonora clássica nos remete, outra vez, ao que havia dito no segundo parágrafo: “estão querendo agradar a Academia de qualquer jeito” e ensaiam um terceiro ato todo montado em cima delas.
Steve Lopez é um jornalista em busca de matérias inusitadas e exclusivas. Certo dia, encontra nas ruas de Los Angeles um indigente tocando violino com apenas duas cordas, seu nome é Nathaniel Ayers e sofre de esquizofrenia. A aproximação dos dois trás à tona uma forte amizade e agora Lopez ajudará Ayers a realizar o sonho de tocar no Walt Disney Concert Hall.
Trocando em miúdos, ‘O Solista’ pregou uma grande peça em todos e a visão manipuladora nestes 117 minutos é quase irritante. Portanto, senhor diretor, volte ao seu mundo encantado do século XVII e fique por lá, pois não será no presente que se dará bem.
ORÇAMENTO: 60 Milhões de Dólares
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