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Entrevistas

O Sonho de Rui: o Chuck Norris brasileiro

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Pedro Monteiro Ulisses Mattos e Cavi Borges dir. foto Eduardo Riganelli

O Sonho de Rui é uma comédia dramática que começa a ser filmada no Rio de Janeiro e fala sobre um ator fracassado que herda um apartamento do pai e decide vendê-lo para realizar seu maior sonho: seu transformar no Chuck Norris brasileiro e estrelar a refilmagem nacional de um filme famoso do astro.

O projeto independente foi idealizado pelo ator Pedro Monteiro, que vive o personagem-título, com roteiro de Ulisses Mattos e direção de Cavi Borges. No elenco, também estão os atores Augusto Madeira, Cadu Fávero, Pedroca Monteiro e Gabriela Estevão.

Conseguimos um bate papo exclusivo com o diretor Cavi Borges e o roteirista Ulisses Mattos e você confere tudo agora!

Cavi Borges

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Cinema e Pipoca: A Cavídeo começou como uma vídeolocadora. Você aproveitou O Sonho de Rui e a questão de ter Chucky Norris como pano de fundo para prestar uma homanegam a esta época?

Cavi Borges: Inicialmente, a Cavídeo seria uma locadora especializada em filmes de luta e ação. Eu era atleta de judô profissional é só gostava desses filmes. Então, desde o início, em 1997, já tínhamos no nosso acervo quase todos os filmes do Chuck Norris, pois ele também era lutador. Mais tarde, a locadora acabou indo para um perfil mais de filmes de arte, mas até hoje ainda tem quase todos do Chuck, van Damme, Stalonne, Bruce Lee, entre outros. Claro que, ao fazer o filme O SONHO DE RUI, usei todas as minhas referências e lembranças desses filmes que marcaram minha adolescência.   

CP: Quais as principais dificuldades de se filmar uma comédia?

Cavi Borges: Fazer comédia, na minha opinião, é muito difícil! Tem que ter um bom roteiro e bons atores. Além disso, existem vários tipos de comédia! Fazer uma comédia engraçada e inteligente é o maior desafio. Acho que, graças ao grande roteiro do Ulisses, temos tudo para conseguir isso: fazer rir e também fazer refletir. Um humor corrosivo e ácido que também faz pensar e refletir sobre nosso mundo atual.

Chuck Norris brasileiro

O diretor Cavi Borges (de costas), gravando uma cena de Pedro Monteiro

CP: Quais as locações utilizadas e planejam filmá-lo em quanto tempo?

Cavi Borges: Usamos praticamente uma única locação: um superapartamento na Vieira Souto, de frente para o mar de Ipanema.  Pelo roteiro, precisávamos de um superapartamento e conseguimos.  Filmamos em 8 dias pela facilidade de quase tudo ser em uma mesma locação e também por causa do baixo orçamento da nossa produção. No cinema, tempo é dinheiro. Então como nosso filme é 100% independente, precisávamos filmar rápido e reduzir os custos.

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CP: Quais os seus filmes favoritos de Chucky Norris?

Cavi Borges: Meus filmes favoritos do Chuck Norris são os Braddocks e também os três filmes do Comando Delta.

CP: Como foi trabalhar novamente com o ator Pedro Monteiro?

Cavi Borges: Sempre achei que meus filmes seriam todos dramas e filmes mais políticos. Foi o Pedro quem, em 2007, me levou para a comédia, quando filmamos juntos ‘Vida de Balconista’. E agora de novo com o Sonho de Rui. Uma experiência muito legal e, pra mim, um grande desafio. Pedro, além de ser muito engraçado, também é um empreendedor. Nos identificamos muito. Ele fazendo mais teatro e eu mais cinema. Poder trabalhar de novo com ele está sendo muito legal. Um ator produtor que corre atrás de seus sonhos e projetos, batalhador e empreendedor. Admiro muito. Sorte tê-lo como ator e parceiro neste novo projeto. 

Ulisses Mattos

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Cinema e Pipoca: Você e o ator Pedro Monteiro foram os responsáveis pela idealização inicial da ideia e do roteiro. Quais as facilidades e dificuldades de se trabalhar em quatro mãos?

Ulisses Mattos: Eu nem considero que foi um roteiro a quatro mãos, como são os que escrevo pra TV. O Pedro veio com um argumento que eu achei ótimo e me encomendou um roteiro. Ele tinha umas ideias de personagens e um desfecho para a história. A partir daí, desenvolvi dinâmicas entre esses personagens e criei situações cômicas para eles. Depois conversei com o Pedro sobre o final, que eu estava achando muito Deus ex machina, sugeri um plot twist e ele concordou.

CP: Por que você acha que Chuck Norris se transformou neste ícone da internet, mesmo ele não sendo desta geração?

Ulisses Mattos: Acho que a nova geração nem o conhece direito, mas se diverte com a ideia de um astro de filmes de ação indestrutível. Poderia ter sido o Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger, mas eles fizeram outros tipos de papéis também. Norris variou menos. Além do mais, o cara era durão na vida real também, era campeão de artes marciais. Um prato cheio para memes.

Chuck Norris brasileiro

Pedro Monteiro e Augusto Madeira, dois dos atores filme

CP: Você acredita que há uma padronização das comédias nacionais hoje em dia?

Ulisses Mattos: Sim, como há na TV também. Fazer um filme é muito caro. Para se pagar, ou para que seu diretor tenha chance de emplacar uma nova produção, é preciso que vá muito bem nas bilheterias. Então ele tem que pegar o povão, que tem um tipo peculiar de humor, sem muitas referências, sem muita crítica. Na própria TV fala-se que o público brasileiro quer chegar em casa e se divertir, sem ter que pensar muito.  Eu nem vejo isso como algo prejudicial, já escrevi muito humor popular e estou em projetos de filmes desse tipo também. Mas o problema é que um nicho, fã de outro tipo de humor, fica sem opção de comédia nacional.

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CP: Qual a grande diferença deste roteiro?

Ulisses Mattos: Essa história mescla momentos dramáticos, com inquietações do personagem principal, e situações cômicas, muitas vezes investindo no humor de constrangimento, no estilo The Office, quando você ri e tem pena do personagem ao mesmo tempo. Há também espaço para crítica de costumes e piadas sobre a cultura pop. Acho que são ingredientes que não vemos muito no cinema e na TV aqui no Brasil. Talvez algo assim esteja mais presente em programas de humor na internet.

CP: Como vê o cinema independente nacional hoje em dia?

Ulisses Mattos: Não acompanho muito o cinema independente nem daqui nem de fora. Estou entrando nesse mercado agora mais como uma necessidade de satisfazer uma necessidade de expressão própria. Quando faço trabalhos para o grande mercado, temos que seguir certos padrões, para sucesso comercial. O cinema independente tem essa vantagem, é algo mais artístico. Uma pena que falte verba.

CP: Qual a previsão para o filme estrear nos cinemas?

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Ulisses Mattos: Não tenho certeza, o diretor saber responder melhor. Mas estamos pensando mais em festivais do que em circuito. De qualquer forma, já estamos em conversas para exibir o filme nem que seja em uma única sala, por um ou dois meses. Mas sem uma grande distribuidora envolvida, impossível estar nas salas de shopping.

E aí, o que achou da ideia do filme? E o que achou do Chuck Norris brasileiro?

Crédito das fotos: Eduardo Riganelli

Confira outras entrevista do Cinema e Pipoca!

Editor CP

ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS

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Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’

– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

ONDE VIVEM OS MONSTROS 2009


Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.

Saiba mais da lista e a entrevista especial sobre o Dia Mundial do Livro Infantil
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Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

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Entrevista com Rosane Svartman

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!

Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.

No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.

Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Sinopse de Vicky e a Musa

O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.

Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.

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Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.

O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.

Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.

Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.

Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.

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Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.

É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.

O elenco da série

O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.

Entrevista com Rosane Svartman

Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?

  • Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.

De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?

  • Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.

O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?

  • Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.

E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?

  • Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.

E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?

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Entrevistas

Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

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casa vazia Ivo Lopes Araujo credito arquivo pessoal

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como GirimunhoTatuagemGreta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau

O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.  

Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.

Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.

Entrevista com Ivo Lopes Araújo
Cartaz Casa Vazia

Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia

Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?

Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.

Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama? 

Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.

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casa vazia Credito Panda Filmes
Crédito: Panda Filmes

Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?

Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.

É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.

E quais são os seus próximos projetos?

Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.

Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.

E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!

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