Cinema e política têm muito em comum e eu só percebi isso agora. Ambos precisam de um timming perfeito para não se transformarem em fracassos absolutos, além da obrigação de convencerem, tanto os espectadores quanto os eleitores com suas propostas – ou trailers, no caso do cinema – antes mesmo de iniciarem os ‘mandatos’, mas às vezes, podem acabar nos decepcionando.
Não havia período melhor para ‘O Candidato Honesto’ estrear, já que o Brasil está em processo de escolha de presidente e diversos escândalos têm sido presenciados e abafados por inúmeros candidatos. José Ernesto é a caracterização de Leandro Hassum para todos esses que se corromperam perante a sociedade, e seria seu personagem mais interessante na telona, não fossem os cacoetes televisivos.
Sua expressividade e homenagem a atores como Steve Carrell e Jim Carrey é louvável, assim como o esforço de Flávia Garrafa como a megera esposa de Ernesto – alguém se lembrou de Rosane Collor? – e a coragem de dar uma alfinetada na bancada evangélico no senado e na mídia que pode se equiparar com a falta de ética dos políticos tiram boas risadas.
O tal João Ernesto é deputado e consegue ir para o segundo turno das eleições para presidente da República, com uma aceitação pública muito maior que a do segundo colocado. Quando vai visitar sua avó, ela joga uma espécie de mandinga nele e dali para frente ficará impossibilitado de mentir. Começa aí a confusão.
No terço final, a óbvia – e utópica – lição de moral, onde todos que merecem passam por uma crise de consciência e transformam-se em mocinhos acontece como já era esperado. Roberto Santucci conhece a fórmula para agradar o espectador nacional e mesmo não sendo um exemplo de cinema, ao menos nos colocará uma pulga atrás da orelha para este segundo turno.
Título Original: O Candidato Honesto
Ano Lançamento: 2014 (Brasil)
Dir: Roberto Santucci
Elenco: Leandro Hassum, Victor Leal, Júlia Rabello, Flávio Galvão, Henri Pagnoncelli, Antonio Pedro, Murilo Grossi
ORÇAMENTO: 6 Milhões de Reais
NOTA: 4,0