Mr. Vingança, a violência crua de Park Chan-wook
Aquela velha frase ‘a vingança é um prato que se come frio’, passa muito longe da trilogia dirigida por Park Chan-wook. Não há beleza na vingança de seus personagens e a forma com que dirige as cenas de violência, deixaria Hollywood no chinelo com seus projetos ‘água com açúcar’.
Mr. Vingança é o primeiro capítulo de uma trilogia premiadíssima em festivais mundo afora, pois além da tal violência já citada, temos a excelente utilização de diversas técnicas do cinema. A começar pelo som e a falta dele, pois o espectador deve sentir todo o incômodo causado pela surdez do protagonista, passando pela construção do roteiro – que pode ter muitos momentos onde o destino joga a favor dos personagens e isso é um pouco prejudicial -, trilha sonora e ângulos, tudo calculado milimetricamente.
Há uma tragédia iminente que vai se moldando e se mostrando cada vez maior (e o caos econômico e social é o estopim disso) e ao tecer uma linha tênue entre bem e mal, o diretor deixa o espectador num tremendo mal estar, pois não há lado certo para torcer. Por conta disso, Mr. Vingança acaba sendo, acima de tudo, um estudo sobre o quanto a ira pode cegar.
Mr. Vingança poderia ter um corte final com 15 minutos a menos, mas mesmo assim, é uma obra minuciosa de um diretor que, acima de tudo, consegue entender que a alma humana está em decadência e que se não fizermos nada para recuperá-la, tudo continuará na mesma, ou seja, os fins continuarão justificando os meios.
Sinopse de Mr. Vingança:
Ryu é um jovem surdo-mudo que cuida de sua irmã, que necessita urgentemente de um transplante de rim. Ao ser enganado por traficantes e perder seu próprio rim, decide sequestrar a filha do ex-patrão para levantar o dinheiro necessário para um transplante particular.
Título Original: Boksuneun Naui Geot
Ano Lançamento:2002 (Coreia do Sul)
Dir: Park Chan-wook
Elenco: Bae Doona, Song Kang-ho, Ha-Kyun Shin, Boa-bae Han, Jae-woong Park
ORÇAMENTO: 4 Milhões de Dólares
NOTA: 7,5
Por Éder de Oliveira
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