LINHA DE PASSE
A alusão de colocar o futebol lado a lado com o cotidiano da população mais carente em ‘Linha de Passe’ não é novo, mas foi de uma competência absurda, principalmente porque o roteiro de George Moura e Daniela Thomas propicia tais artimanhas e dá muita liberdade aos diretores Walter Salles e a própria Daniela.
Diferente do tratamento de Bruno Barreto no péssimo ‘Última Parada 174’, aqui a classe baixa não é simplesmente o esboço da criminalidade atual e apesar das dificuldades, encontra meios para sonhar com o futuro. Além da performance arrebatadora de Sandra Corvelone (vencedora da Palma em Cannes), há também João Baldasserini, José Geraldo Rodrigues, Kaique de Jesus Santos e Vinícius de Oliveira (o garotinho de ‘Central do Brasil’), dividindo a tela com maestria.
Cleuza é mãe de quatro filhos e está grávida do quinto. Na casa humilde, cada um segue a vida de forma distinta.
Dario sonha em ser jogador profissional, Reginaldo em encontrar o pai biológico, o motoboy Dênis quer reconstituir a família e o evangélico Dinho, procura entender o resumo de fé, no meio de tanto sofrimento.
Carimbando a ótima fase do cinema nacional, ‘Linha de Passe’ exala dinamismo por todos os lados, desde a trilha sonora comandada por Gustavo Santaolalla, passando pela montagem e edição e chegando na direção. Merecia maior reconhecimento do público, mas quem sabe não seja redescoberto em DVD.
6 comments