É muito interessante notar que a Academia ampliou as indicações e nos trouxe projetos dirigidos por um mexicano, um grego e um polonês, só para citar alguns. E Guerra Fria de Pawel Pawlikowski molda um panorama político, social e cultural extremamente ricos, além de um romance lotado de idas e vindas que consegue escapar dos diversos clichês hollywoodianos.
O diretor é perspicaz e não perde tempo em construir uma narrativa convencional, pois ele deduz que iremos notar todas as passagens de tempo presentes no roteiro, inserindo transições mais longas e pequenas mudanças nos protagonistas. Já a paixão de Wiktor e Zula, vividos por Tomasz Kot e Joanna Kulig (que dão um show e se entregam de corpo e alma nos papeis), poderia ser melhor conduzida para criarmos empatia por eles.
As canções, que também se transformam em personagens, são incríveis e me fizeram querer ouvir mais músicas polonesas como estas. E mesmo com o foco quase sempre no casal, alguns coadjuvantes entram e saem, mas sem tanta força dramática quanto poderiam conter.
Em seus 88 minutos, a composição de cenários e a fotografia em preto e branco, com tomadas longas e reflexivas, exemplificam todas as agruras passadas por aquele povo naquele período. Depois dos premiadíssimos Last Resort e Ida (que faturou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2014), Guerra Fria de Pawel Pawlikowski representa outra evolução artística na carreira do diretor e apesar de ser um projeto difícil, é essencial para todo e cinéfilo que se preze.
Sinopse de Guerra Fria
O pianista Wiktor viaja buscando novos cantores para um espetáculo que falará sobre a cultura polonesa. Uma das cantoras é Zula, que se destaca e ainda ganha o coração de Wiktor. Mas com a aliança política entre a URSS e a Polônia, ele precisará sair do país, fazendo com que o relacionamento tenha diversas idas e vindas durante os vários anos de exílio.
Título Original: Zimma Wojna
Ano Lançamento/País de Origem: 2019 (Polônia)
Dir: Pawel Pawlikowski
Elenco: Joanna Kulig, Tomasz Kot, Borys Szyc, Agata Kulesza, Jeanne Balibar, Cédric Kahn
ORÇAMENTO: 4 Milhões de Dólares
NOTA: 7,5
INDICAÇÕES AO OSCAR: Melhor Direção / Melhor Filme Estrangeiro / Melhor Fotografia
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