A partir do dia 7 de janeiro, chega a minissérie Grande Sertão na Globo e promete encantar os telespectadores. Essa é uma adaptação da obra literária Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Sob a direção de Guel Arraes e com roteiro assinado por ele e por Jorge Furtado, a produção transpõe o universo dos jagunços do sertão para o cenário urbano e distópico das periferias cercadas por muros gigantescos, em um tempo indeterminado. A minissérie será exibida em quatro episódios, de terça a sexta-feira, logo após BBB O Documentário – Mais que Uma Espiada.
A adaptação ousada aborda temas atemporais e relevantes, como os conflitos entre população e Estado, a violência nas periferias brasileiras, dilemas morais e o questionamento do papel do homem no mundo. A trama centraliza ainda uma paixão proibida que desafia as normas da sociedade.
Uma nova perspectiva para um clássico: Grande Sertão na Globo
Em Grande Sertão, a selva de concreto substitui o sertão vasto e agreste da narrativa original, trazendo um Brasil futurista e sem lei, onde a luta entre policiais e gangues ganha proporções de uma guerra. A história de Riobaldo (às vezes professor, às vezes jagunço), interpretado por Caio Blat, é entrelaçada em três linhas do tempo: o passado, quando ele e Diadorim (vivida por Luisa Arraes) se conhecem na adolescência; o presente, retratando um confronto sangrento entre a gangue de Joca Ramiro (Rodrigo Lombardi) e a polícia liderada por Zé Bebelo (Luis Miranda); e o futuro, que revela uma traição devastadora e intensifica os sentimentos reprimidos entre os protagonistas.
“Foi uma grande aventura representar essa história“, comenta Caio Blat, que tem uma relação longa com o texto de Guimarães Rosa. “Eu já tinha feito a peça de teatro durante três anos e um filme com a Bia Lessa. Quando veio essa superprodução, senti que estava, como Riobaldo, regendo uma grande orquestra. Há centenas de atores, personagens e efeitos especiais de guerras. É uma produção épica, contando a história do nosso país“, acrescenta.
Blat celebra a chegada da minissérie à TV aberta. “Popularizar essa obra-prima é nosso grande objetivo. É um livro muito respeitado e estudado, mas que carrega um ar erudito que pode afastar algumas pessoas. Na verdade, é uma história popular em sua essência, baseada nos contos e lendas do sertão“, explica.
Expectativas do elenco da minissérie Grande Sertão
Luisa Arraes, que vive a misteriosa e enigmática Diadorim, também compartilha seu entusiasmo pela exibição na TV aberta. “Minha expectativa é que o Brasil inteiro veja. Fizemos uma obra para que todos possam assistir. O formato de minissérie é interessante porque permite ao público absorver a história em doses. ‘Grande Sertão’ é muito rico em detalhes“, comenta.
A produção contou ainda com um elenco de peso, incluindo Eduardo Sterblitch, Mariana Nunes e Luellem de Castro, além de uma equipe técnica de alta qualidade, sob a produção de Manoel Rangel, Egisto Betti e Heitor Dhalia.
O Impacto de Grande Sertão: Veredas na cultura brasileira
Publicada originalmente em 1956, Grande Sertão: Veredas é considerada uma das maiores obras da literatura brasileira. A narrativa complexa e cheia de nuances de Guimarães Rosa explora as dualidades da existência humana: bem e mal, amor e ódio, coragem e medo. A adaptação para o formato audiovisual não apenas resgata essa riqueza, mas também a insere em um contexto contemporâneo e universal.
Para Guel Arraes, o desafio foi manter a essência da obra enquanto se explorava uma linguagem acessível e visualmente impactante. “O sertão do Guimarães Rosa é um espaço simbólico. Decidimos trazer essa simbologia para o mundo urbano, que hoje é, de certa forma, o novo sertão: um lugar de conflitos, de resistência, de busca por identidade“, explica o diretor.