Extermínio – A Evolução | Vale a pena assistir?

Filmes no cinema em Sumaré

A franquia Extermínio sempre esteve um passo à frente no uso da tecnologia e na forma de retratar o apocalipse. O filme original, de 2002, dirigido por Danny Boyle e escrito por Alex Garland, foi pioneiro não apenas por reinventar a figura dos zumbis com infectados extremamente ágeis, mas também por ter sido um dos primeiros longas a utilizar câmeras digitais em larga escala. Agora, mais de duas décadas depois, a dupla retorna em Extermínio – A Evolução, e o faz de maneira igualmente ousada: o longa é quase inteiramente filmado com iPhones, algo que não soa apenas como um truque de marketing, mas como uma afirmação do compromisso criativo com a evolução da linguagem cinematográfica.

Essa escolha técnica tem mais do que valor simbólico. A estética resultante é crua, imersiva e incrivelmente contemporânea. O que poderia parecer uma limitação — filmar com dispositivos móveis — se transforma em diferencial estético, ampliando a tensão e gerando imagens que oscilam entre o hiper-realismo das cenas familiares e o pesadelo dos momentos de terror absoluto. Esse contraste é intensificado por uma fotografia magnífica, que aposta em cores vivas e naturais, o que, ironicamente, torna as cenas de violência e desespero ainda mais impactantes. O mundo está mais bonito… e mais assustador do que nunca.

Zumbis e sua evolução

Narrativamente, A Evolução também tem méritos consideráveis. Há um evidente cuidado em ampliar o universo sem recorrer a clichês fáceis, algo raro no gênero de zumbis/infectados, que se desgastou nos últimos anos com obras derivativas e preguiçosas (Army of the Dead, por exemplo). Aqui, os tipos de infectados são melhor definidos e ganham quase uma hierarquia biológica e comportamental, como se o vírus tivesse evoluído também. Os “rastejantes”, os “alfa”, os “corredores” – há uma tentativa clara de transformar essas criaturas em algo mais complexo e, portanto, mais ameaçador.

Esse novo capítulo funciona como fechamento e reinício de ciclo. É impossível não perceber o peso simbólico do próprio Boyle “revisitar” um subgênero que ele ajudou a redefinir, agora incorporando elementos contemporâneos de outras mídias que se inspiraram no seu trabalho, como The Last of Us ou Madrugada dos Mortos. Extermínio – A Evolução dialoga com essas obras e, em muitos momentos, se apropria delas para enriquecer sua própria narrativa, criando uma espécie de ecossistema compartilhado de influências. O efeito é duplamente interessante: ao mesmo tempo em que presta homenagem ao legado do próprio gênero, também se afirma como peça central dessa linhagem.

Elenco de Extermínio – A Evolução é incrível

No centro de tudo está um elenco afiadíssimo. Aaron Taylor-Johnson (Kick Ass) entrega fisicalidade e presença de tela como poucos, enquanto Jodie Comer brilha no papel da matriarca, equilibrando fragilidade e força de forma comovente. Ralph Fiennes, por sua vez, se diverte e assusta como um médico à beira da loucura — um clichê que nas mãos erradas soaria cansado, mas que aqui ganha densidade emocional. No entanto, o grande destaque é Alfie Williams, de apenas 14 anos. Sua atuação é magnética: ele transita entre doçura, desespero e maturidade de maneira natural. Em um gênero onde crianças costumam ser mal escritas ou exageradamente sábias, Alfie é um sopro de autenticidade.

Além do horror explícito e do suspense constante, o filme também propõe uma reflexão delicada sobre perda, amadurecimento e diferentes formas de enxergar o mundo, dependendo da idade e do contexto emocional. Enquanto os adultos são guiados pelo trauma e pela culpa, as crianças — em especial o protagonista — encaram o caos com outra perspectiva: não menos dolorosa, mas talvez mais aberta à esperança.

Ainda assim, Extermínio – A Evolução não é perfeito: aqueles cinco minutos finais destoam totalmente do restante, fazendo com que a cena de abertura seja, em maior ou menor grau, desnecessária. A obra não reinventa o gênero, mas o reconecta com suas raízes e o projeta para o futuro. Combinando recursos técnicos inovadores, performances sólidas e um olhar cuidadoso sobre as emoções humanas em tempos extremos, o filme confirma que Boyle e Garland ainda têm muito a dizer. Se este for realmente o início de uma nova trilogia, o público pode esperar uma abordagem tão reflexiva quanto visceral — e isso é tudo o que o bom cinema de terror deveria ser.

Extermínio - A Evolução no cinema Hortolândia
Extermínio – A Evolução no cinema Hortolândia

Onde assistir Extermínio – A Evolução?

  • O filme está nos cinemas dessas cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Londrina, Caxias do Sul, Vitória, Recife, Salvador e Fortaleza

Sinopse de Extermínio – A Evolução

Na trama, Stella é uma jovem judia alemã que cresce em Berlim durante o regime nazista. Apesar da repressão no país, ela sonha em ser cantora de jazz. A vida da garota se transforma em uma tragédia quando, em fevereiro de 1943, ela é forçada a se esconder com os pais. Porém, após ser capturada e torturada pela Gestapo, Stella aceita uma condição para evitar que ela e a família sejam mandados para o campo de concentração de Auschwitz: trair e deletar outros judeus.

Nota: ★★★★

Título Original: 28 Years Later
Ano Lançamento: 2025 (Estados Unidos | Reino Unido)
Dir.: Danny Boyle
Elenco: Jodie Comer, Aaron Taylor-Johnson, Jack O’Connell, Ralph Fiennes, Joe Blakemore, Alfie Williams, Celi Crossland

Curiosidades de Extermínio – A Evolução

  • O trailer de Extermínio – A Evolução apresenta uma gravação rara de 1915 do poema “Boots”, de Rudyard Kipling, recitado por Taylor Holmes. Essa gravação é usada por militares dos EUA para simular os efeitos psicológicos do cativeiro.
  • Embora confirmado fora do elenco, um zumbi no trailer gerou rumores de que Murphy teria feito uma participação secreta. No entanto, o ator Angus Neill confirmou que ele é o zumbi em questão.
  • A produção foi majoritariamente realizada com o iPhone 15 Pro Max, tornando-se o maior longa já filmado com um smartphone.
  • Se chamaria, originalmente, “28 Meses Depois“, mas, devido à longa espera desde o último filme, foi rebatizado como “28 Anos Depois.
  • O produtor de Extermínio – A Evolução, Andrew Macdonald, recomprou os direitos do primeiro filme e os revendeu à Sony Pictures, com a condição de que financiassem as sequências.
  • Embora tenha sido convidado para dirigir, Garland preferiu focar na escrita após comandar dois projetos seguidos: Guerra Civil (2024) e Tempo de Guerra (2025).
  • Em uma das cenas de Extermínio – A Evolução, imagens em preto e branco de Extermínio 2 aparecem brevemente, fundindo passado e presente da franquia.
  • A música “Abide With Me” é cantada por crianças em uma escola — a mesma que toca na cena em que Jim encontra seus pais mortos no primeiro filme.
  • Garland revelou que o enredo do novo filme foi inspirado por Kes, um drama britânico dos anos 60 que nada tem a ver com zumbis.
  • O primeiro trailer de Extermínio – A Evolução teve 60 milhões de visualizações online nas primeiras 24 horas após o lançamento.
  • Partes íntimas de personagens foram criadas com próteses fotorrealistas, evitando CGI e mantendo o realismo visual de Extermínio – A Evolução.
  • Extermínio – A Evolução marca a primeira sequência dirigida por Danny Boyle desde T2: Trainspotting.
  • Diferente dos filmes anteriores, lançados pela Fox Searchlight, este teve os direitos adquiridos pela Columbia Pictures.
  • Este é o primeiro filme da franquia a receber classificação 15 anos no Reino Unido. Os anteriores tinham classificação 18.
  • Muitas das locações foram escolhidas para espelhar visualmente cenas icônicas do primeiro Extermínio, como ruas desertas e prédios abandonados.
  • Mais do que ação e terror, Extermínio – A Evolução foca no impacto psicológico da pandemia e no tema da sanidade como moeda frágil.
  • Segundo os produtores, Extermínio – A Evolução é o início de uma nova trilogia, com 28 Anos Depois – Parte II já em desenvolvimento.

Primeiro vingador do Cinema e Séries (antigo Cinema e Pipoca) e do Pipocast, sou formado em Jornalismo e também em Locução. Aprendi a ser ‘nerdzinho’ bem moleque, quando não perdia um episódio de Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete ou os clássicos oitentistas na Sessão da Tarde. Além disso, moldei meu caráter não só com os ensinamentos dos pais, mas também com os astros e estrelas da Sétima Arte que me fizeram sonhar, imaginar e crescer. Também sou Redator Freelancer.

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