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ENTREVISTA COM O DIRETOR DO CURTA ‘GATO’

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gato

Mais uma entrevista que o Cinema e Pipoca publica com exclusividade, desta vez, conversamos com o diretor e roteirista do premiado curta-metragem GATO, chamado Joel Caetano, sócio da produtora ‘Recurso Zero Produções’. Veja a matéria na íntegra, juntamente com o filme.

Cinema e Pipoca: Fale um pouco sobre sua carreira, até chegar ao curta metragem ‘O Gato’.

Joel Caetano: Comecei a dirigir e atuar em curtas ainda na faculdade em 2001 no curso de Rádio e TV, mas logo no primeiro ano, percebi que meu negócio era cinema, pois me identifiquei muito com as aulas de roteiro e direção. Junto com Mariana Zani (produtora e atriz) e Danilo Baia (diretor de fotografia e ator), formei a RZP – Recurso Zero Produções, uma produtora de curtas independentes.
Fizemos diversos filmes universitários como Afrodite (2001), Dupla Surpresa (2002) e Despedida (2004), isso só pra citar alguns. Em 2006, fiquei sabendo que iria ter o Festival de Cinema Fantástico de Ilha Comprida (hoje Cinefantasy) e decidi fazer um curta para inscrever no evento. Na época tínhamos apenas uma câmera Mini-DV e um equipamento de luz de fachada de prédio. Pensei então: O que posso fazer com isso? Não tinha como realizar nada muito elaborado devido a falta de equipamentos e tempo, então decidi fazer um filme como estética trash. Seria um curta de zumbis, ou melhor um zumbi, que seria no filme e na vida real minha esposa, Mariana Zani. Assim surgiu o filme “Minha esposa é um Zumbi” que mistura comédia e horror, que conta a história de um homem que se mete em grande confusões ao tentar manter uma vida conjugal com sua esposa morta-viva.
“Minha Esposa é um Zumbi” foi selecionado para o festival e ganhou o prêmio de Melhor Curta pelo Júri Popular em 2006.
No ano seguinte, fiz o curta “Junho Sangrento”.
Em 2008, munidos de equipamentos profissionais, fizemos o filme “O assassinato da Mulher Mental”, um filme que faz uma desconstrução do universo de super heróis. Em 2011, por sua atuação como Mulher Mental, Mariana Zani ganhou o prêmio de Melhor Atriz pelo Júri Popular no Festival Guarú Fantástico.
Com uma produção maior e um roteiro bem mais ousado e elaborado, o filme “GATO” foi lançado em 2009. Desde então, foi exibido em 25 festivais nacionais e alguns internacionais em países como Estados Unidos no HorrorQuest Film Festival, México no Macabro, Colômbia no Zinema Zombie Fest e Uruguai no Piriápolis de Película e Montevideo Fantástico onde ganhou o prêmio de Melhor Curta Latinoamericano em 2010. Depois de GATO ainda fizemos 3 curtas: ESTRANHA (2011), que ganhou o prêmio de Melhor Curta no Espantomania “DR” (2012) uma co-produção entre a RZP e Necrófilos Produções artísticas que
está no circuito de festivais e o mais recente “ENCOSTO” (2013).

CP: Como surgiu a ideia do roteiro? E quais os filmes que mais te inspiraram para compôr tal história?

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JC: Eu e Mariana, minha esposa, adotamos uma gata de rua que chamamos de Cindy Lauper Maria Mancini. Ela estava muito machucada e por sorte, no dia dos mortos de 2007, ao passar por ela, Mariana não se conteve e a pegou para morar conosco. Cuidamos da Cindy por muito tempo e, apesar de ter perdido uma pata devido aos machucados sofridos na rua, ela se tornou um animal muito saudável e parte da família. Mas Cindy é uma gata muito estranha! No período da tarde, eu costumo trabalhar solitariamente em meu computador, nos roteiros, edição e divulgação de meus filmes. Comecei a perceber que Cindy ficava me observando fixamente, tinha momentos que eu achava que ela ia falar comigo. Aí veio a idéia para o curta. Imagine se esse gato falasse? O que ela me diria? O que ela acharia das coisa que faço no dia-a-dia! Daí para o roteiro foi um pulo.
A princípio, não teria o GATO humanóide, seria o homem e a Cindy conversando telepaticamente. Mas aí tive a idéia de inserir esse personagem, que só funcionaria com um ator muito bom. Convidei então, Luiz Carlos Batista, experiente ator, escritor e diretor de teatro, que topou o desafio e deu muita veracidade ao personagem. Outro desafio foi fazer a máscara. Apesar de ser uma produção um pouco maior, o dinheiro saiu totalmente de nossos bolsos, então eu mesmo tive que aprender a fazer a máscara de látex, no melhor estilo “Planeta dos Macacos”, que é uma das minha maiores influências desse tipo de personagem (junto com o coelho de Donnie Darko).

CP: Quanto tempo duraram as filmagens e onde foram feitas as locações do curta metragem?

JC: As filmagens duraram entre 8 e 10 dias, nos finais de semana e as locações foram em meu apartamento em São Paulo e na casa de minha mãe na cidade de Caieiras.

CP: Qual a maior dificuldade na hora de tirar uma idéia dessas do papel?

JC: Houveram algumas dificuldades. A iluminação tinha que dar um clima bem soturno a trama e com o equipamento que tínhamos, era difícil o controle de luz, mas graças a perspicácia e habilidade do excelente diretor de fotografia Danilo Baia, esses problemas foram contornados. O resultado final me agrada muito. Outra dificuldade foi a maquiagem do GATO, tive que aprender a fazer molde do rosto do ator, modelar e fazer a máscara de látex, que seria colada em seu rosto, um processo muito delicado que poderia comprometer o resultado final do filme se não fosse executado de forma correta.
Dirigir a Cindy deu um pouco de trabalho, pois tínhamos que fazer as coisas no seu ritmo, quem tem um gato em sua casa sabe como eles são, se não querem algo não tem que os obrigue a fazer, então foi tudo na base da paciência e carinho, e ela correspondeu muito bem, pois é um animal muito esperto.

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CP: A ideia sempre foi começar com um terror mais psicológico e depois passar para algo mais intenso?

JC: Sim, eu queria entregar um universo e personagens em que as pessoas acreditassem antes de ir pro fantástico e por fim ao absurdo.

CP: A construção do elenco, se deu de forma natural ou houveram dificuldades? E como foi a preparação dos atores na hora de rodas as câmeras?

JC: Trabalho a muito tempo com a maioria do atores do filme, e isso facilita na hora de compor os personagens para cada um, pois sei exatamente onde posso ir com eles. Normalmente escrevo os personagens pensando em quem vai vive-los no filme! No caso da preparação dos atores, fazemos leituras do roteiro onde eu passo as intenções do personagens e suas características, depois, ensaiamos algumas vezes, nesse momento sou totalmente aberto ao que os atores me trazem, gosto que eles criem junto comigo. O resto, nos fazemos em cena mesmo. Prefiro que os personagens falem de forma natural, com uma atuação orgânica, pois o maior desafio é trazer verossimilhança a algo tão fantástico e absurdo e se você conseguir fazer o público acreditar naqueles personagens, o resto fica mais fácil.

CP: Pensa em direcionar roteiros para longas metragens também? Além disso, tem outros projetos engatilhados para um futuro próximo? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles?

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JC: Quero que meu próximo projeto seja um longa metragem, já tenho algumas idéias, mas nada concreto ainda. Gostaria muito de fazer uma ficção científica, com elementos de horror e aventura, e já tenho planos pra isso, mas não posso falar muito ainda, pois não tenho nada certo ainda. Apesar de não ter dirigido nenhum longa metragem, já trabalhei em 2 filmes do talentoso diretor capixaba Rodrigo Aragão. Em “A noite do Chupacabras” de 2011, interpretei o personagem Douglas Silva, um dos protagonistas da trama e em “Mar Negro” que sai agora em maio de 2013, além de fazer um personagem bem engraçado, o puxa-saco do Deputado, assino a assistência de direção e finalização. Toda essa experiência está sendo um grande aprendizado, pois considero o Rodrigo um grande diretor, principalmente no seguimento do cinema de horror.

Obrigado!

Editor CP

ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS

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Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’

– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

ONDE VIVEM OS MONSTROS 2009


Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.

Saiba mais da lista e a entrevista especial sobre o Dia Mundial do Livro Infantil
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Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

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Entrevista com Rosane Svartman

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!

Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.

No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.

Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Sinopse de Vicky e a Musa

O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.

Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.

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Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.

O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.

Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.

Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.

Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.

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Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.

É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.

O elenco da série

O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.

Entrevista com Rosane Svartman
créditos: Globo / Estevam Avellar e Camila Maia

Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.

Entrevista com Rosane Svartman

Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?

  • Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.

De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?

  • Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.

O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?

  • Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.

E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?

  • Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.

E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?

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Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

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casa vazia Ivo Lopes Araujo credito arquivo pessoal

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como GirimunhoTatuagemGreta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau

O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.  

Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.

Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.

Entrevista com Ivo Lopes Araújo
Cartaz Casa Vazia

Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia

Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?

Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.

Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama? 

Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.

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casa vazia Credito Panda Filmes
Crédito: Panda Filmes

Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?

Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.

É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.

E quais são os seus próximos projetos?

Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.

Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.

E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!

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