Imagine o quão desesperador seria se você fosse um trabalhador comum, que transportasse mercadorias no Iraque e acordasse, de uma hora para outra, enterrado dentro de um caixão com pouco ar, um celular quase sem bateria, um isqueiro e uma lanterna, sem se lembrar de como foi parar lá. Paul Conroy está nessa situação e precisa urgentemente de ajuda.
O diretor espanhol Rodrigo Cortés, que surpreende já no formato da abertura e apresentação dos envolvidos, usa bem o som para levar a adrenalina do espectador nas alturas e a pouquíssima iluminação (que quase nunca focaliza diretamente o rosto do protagonista), jamais atrapalha ou nos confunde. No fim, existe uma tentativa de crítica social ao FBI (quando Conroy diz algo do tipo: “se eu fosse um político ou um jogador famoso, vocês fariam de tudo para me acharem.”), mas ninguém se importa com isso, pois a preocupação toda está em Conroy e suas tentativas de como sair dali.
Capturando a essência dos bons suspenses Hitchcockianos, Cortés prova que o aparato hollywoodiano de serial killers está defasado e, ao invés de sangue jorrando pelo cinema, causa tensão em closes nos olhos assustados do protagonista e lá pelo meio da película eu já estava afundando na poltrona e prendendo minha respiração, como se, com isso, fosse possível dar uns segundos a mais de vida para ele.
Título Original: Buried
Ano Lançamento: 2010 (Espanha)
Dir: Rodrigo Cortés
Elenco: Ryan Reynolds, Samantha Mathis, Robert Paterson, José Luis García Pérez
ORÇAMENTO: 3 Milhões de Dólares