Até o dia 09 de setembro o Festival de Veneza será o palco de astros e estrelas do cinema internacional. Mas não é deles que iremos falar, mas sim do curta metragem Meninas Formicida, filmado em Rio Claro, e escolhido como o único representante nacional desta 74ª edição.
Tivemos o privilégio de entrevistar o diretor João Paulo Miranda e você confere tudo logo abaixo!
Cinema e Pipoca: Como surgiu a ideia para o roteiro do curta metragem Meninas Formicida?
João Paulo Miranda: A ideia surgiu anos atrás, quando estava no ensino médio, mas nunca tinha havido uma oportunidade de tirá-la do papel. Ouvi falar dessa expressão ‘Meninas Formicida’, que designava algumas adolescente no interior de Goiás que trabalhavam em reservas de eucaliptos pertencentes a empresas madeireiras. Elas eram responsáveis por encontrar ninhos de formigas e matá-las com veneno.
CP: Como foi o processo de seleção das protagonistas? E como se deu a preparação delas para os papeis?
JPM: A seleção do elenco foi feita através de um teste no Centro Cultural de Rio Claro, onde já trabalho há alguns anos. Chamei a população da cidade para o teste de vários personagens. Já tenho certa experiência de trabalhar tanto com atores, quanto com não atores. No caso, acabamos escolhendo a Amanda Araújo como protagonista, que já faz parte de um grupo de teatro, então tinha experiência, mas nunca havia participado de um filme antes.
CP: Vocês esperavam uma repercussão internacional tão forte?
JPM: O filme já começou de uma forma internacional. No ano passado, em Cannes, quando apresentava um outro projeto meu chamado A Moça que Dançou com o Diabo, conheci uma produtora francesa que queria muito fazer uma parceria. Foi aí que apresentei a ela o roteiro de Meninas Formicidas, que recebeu o apoio do governo francês e o canal de televisão AT. Já havia participado duas vezes seguidas de Cannes, portanto, queria muito conhecer outros festivais. Sonhava em ter a oportunidade de ir ao Festival de Veneza, por isso, inscrevi o filme e quando teve o resultado, foi um sonho realizado.
CP: Verifiquei que houve apoio financeiro de órgãos franceses. Tentou financiamento nacional também? Houve sucesso?
JPM: Aqui no Brasil tentamos um edital do PROAC para curtas, mas infelizmente não conseguimos.
CP: Como é fazer cinema independente no Brasil?
JPM: É difícil, complicado. Minha historia começou em 2006, pois após me formar, voltei para Rio Claro, cidade onde nasci. Criei um grupo para discutir teoria e prática de cinema. Foi aí que senti a necessidade de fazer, do zero, uma equipe de cinema e esta equipe trabalha hoje nos curtas metragens.
Bora prestigiar o cinema independente nacional! Parabéns a todos os envolvidos e muito sucesso nessa caminhada do curta metragem Meninas Formicida!
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