Já no primeiro take Aronofsky dá a entender que usará a iluminação como alicerce para a narrativa e assim o faz até o final (quando a claridade ofuscante toma conta da tela) e nos brinda com o grande milagre de transformar Mila Kunis (‘O Livro de Eli’) numa atriz em potencial, algo que ela não tinha mostrado até então.
Os surtos e exageros estão lá e emocionam demais, assim como a sintonia de Natalie Portman (‘Closer – Perto Demais’) em todos os 108 minutos de projeção, começando como uma garota frágil e dócil e radicalizando totalmente e sumindo na pele de Nina. Aliás, até nas sequências sensuais – e não são poucas – os roteiristas Mark Heyman, Andres Heinz e John J. McLaughlin têm o cuidado de nunca expô-las demasiadamente para não as tornarem vulgares.
Nina é uma bailarina veterana que deseja o papel principal no novo espetáculo de Thomas Leroy (Vincent Cassell). Mas ao perceber que Lilly também tem chances, ela se vê presa num confronto moral e profissional.
Além disso tudo, sua mãe, uma ex-bailarina, crava uma rigorosidade cega e prejudicial. No fim das contas, Nina fica tão sobrecarregada que não sabe o que é real ou imaginação no seu dia a dia.
As imagens fortes de Nina transformam cada sequência deste drama com toques de suspense numa mágica viagem ao mais íntimo sonho e desejo de cada ser humano e ao trata-lo tão respeitosamente e usando o balé para compor este fascínio, Aronofsky cria uma obra prima que vale ser vista diversas vezes. Em tempos de escassez, ‘Cisne Negro’ é um devaneio brilhante aos olhos dos cinéfilos.
Título Original: Black Swan
Ano Lançamento: 2010 (EUA)
Dir: Darren Aronofsky
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Winona Ryder, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Ksenia Solo, Kristina Anapau
ORÇAMENTO: 13 Milhões de Dólares
PERGUNTA PARA O INTERNAUTA:
* O que você achou de CISNE NEGRO ?
* Qual a melhor ‘transformação’ de um ator, num personagem que você já viu ?
INDICAÇÕES AO OSCAR 2011:
Melhor Filme, Diretor, Atriz (Natalie Portman), Edição e Fotografia