Se você pensa que esses dois filmes protagonizados pelo excelente ROBERT DOWNEY JR., foram os únicos inspirados no personagem Sherlock Holmes, está redondamente enganado. O detetive foi criado por Sir Arthur Conan Doyle em 1887 e sua primeira aparição foi em um curta-metragem datado de 1900. Morador da Baker Street, 221 B, em Londres, fumante e viciado em cocaína e tendo uma personalidade maníaca compulsiva, o personagem poderia se trancar por dias e noites para tentar decifrar um problema. Poucos sabem que Holmes foi inspirado em um cidadão real, chamado Joseph Bell, que foi professor de Doyle e pioneiro na medicina legal.
Foram 60 casos que o detetive teve que desvendar, até a última coleção, lançada em 1927 e boa parte delas narrada pelo amigo e médico Dr. John H. Watson. Em 1893, o escritor decide terminar as aventuras do personagem, pois queria se dedicar a outro tipo de narrativa e então escreve ‘O Problema Final’, quando o vião Professor Moriarty joga Holmes num precipício. Mas após uma década de muita pressão dos fãs, Doyle volta sua atenção novamente ao detetive. Indo para a parte cinematográfica, é bom se dizer que Holmes é o personagem mais filmado no cinema, com cerca de 200 produções. Um dos atores que mais se destacaram fumando o charuto e usando a rapidez para decifrar os mistérios foi BASIL RATHBONE, que estrelou 14 filmes entre 1939 e 1946, além de uma peça na Broadway. Mas ele surgiu só após o segundo filme, já que o primeiro – “O CÃO DOS BASKERVILLE” – foi estrelado por RICHARD GREENE. BASIL era um ator sul-africano que havia interpretado diversas peças de Shakespeare antes e só ganhou o papel, pois no início de sua carreira interpretou um detetive chamado Philo Vance em O BISPO PRETO (1930), que tinha vários estereótipos presentes na persona de Holmes. Os primeiros projetos dessa franquia fizeram sucesso, mas com o início da 2ª Guerra Mundial, os estúdios se engajaram na propaganda armamentista. Com esse desinteresse da Fox, Holmes vai para a Universal, que continua com o elenco e grava uma continuação em 1942. Agora os roteiros eram mais atuais e abordavam assuntos como o nazismo e discursos patrióticos. O público e os fãs, que sabiam que Doyle era um patriota fervoroso, aprovaram a mudança que começou com SHERLOCK HOLMES E A VOZ DO TERROR e continuou em SHERLOCK HOLMES E A ARMA SECRETA, considerado por muitos um dos melhores filmes da franquia – este projeto ainda inseriu o Inspetor Lestrade. Para se ter uma ideia do sucesso, o diretor ROY WILLIAM NEIL, assumiu a frente dos próximos dez filmes. Em 1936 com A MULHER ARANHA, GALE SONDERGAARD, que interpretava a vilã do longa fatura o Oscar na categoria Atriz Coadjuvante. Ela fez tanto sucesso que ganhou um filme solo chamado O RETORNO DA MULHER ARANHA. No fim das contas, o excesso de continuações e a morte do diretor ROY WILLIAM NEIL, causada por um ataque cardíaco, fez com que a Universal desistisse da franquia. A despedida de RATHBONE aconteceu em MELODIA FATAL (1946), mas mesmo após aposentar o personagem, ficou estigmatizado por ele e isso não mudou nem depois que trocou as telonas pelos palcos da Broadway. Gostando ou não, ele deixou seu legado no universo criado por Conan Doyle e deve ser lembrado e reverenciado por essa nova geração de cinéfilos!