O cinema já retratou a guerra um sem número de vezes, com histórias firmadas na força de vontade e perseverança de muitos que perderam suas vidas para ‘um bem maior’ (entre grandes aspas). Mel Gibson, que após mais de 10 anos volta a se sentar na cadeira de diretor, cria um épico de guerra baseado em fatos reais e oscila bastante entre a ação impactante e o clichê religioso chatinho intitulado Até o Último Homem.
O romance, que poderia cair num pastiche tremendo, ganha química inesperada pois o ex-Homem Aranha Andrew Garfield e Teresa Palmer se esforçam ao máximo e conquistam o público. Antes que isso ocorra, porém, Gibson trata de usar toda sua experiência e lotar a personalidade de Desmond de bondade e dramaticidade – um homem incomum, com pensamentos e atitudes incomuns e inesperadas em um ambiente tão bizarro e frio quanto a guerra.
O problema é não saber dosar isso de maneira mais eficaz, como fez no excelente ‘A Paixão de Cristo‘, por exemplo. Mas ao entrar no campo de batalha, Gibson deixa todos os meandros de lado e adota a postura que o fez faturar o Oscar em ‘Coração Valente’ e, sem perder tempo, insere o público naquele inferno, lotado de corpos por todos os lados e uma tensão que paira no ar a todo tempo – as balas cortando o ar e as locações esfumaçadas são provas disso.
Desmond T. Doss enfrenta a preparação para entrar no exército, mas se recusa a pegar em armas por conta de coisas que ocorreram em sua vida e por sua fé. Vira médico e durante a Batalha de Okinawa salva a vida de 75 homens, ganhando assim, o respeito de todos que não acreditavam que aquilo fosse possível.
Dos coadjuvantes, Hugo Weaving e Benedict Hardie são os destaques, já Sam Worthington (tentando se desvencilhar da figura de ator canastrão) e Vince Vaughn quase tiram risos do espectador. Para o bem ou para o mal, Até o Último Homem foi um feito dentre tantos outros presentes na guerra, que deveria ser contado e conhecido por muitos.
Título Original: Hacksaw Ridge
Ano Lançamento: 2017 (Estados Unidos)
Dir: Mel Gibson
Elenco: Andrew Garfield, Sam Worthington, Luke Bracey, Teresa Palmer, Hugo Weaving, Rachel Griffiths, Vince Vaughn
ORÇAMENTO: 40 Milhões de Dólares
NOTA: 7,5
Por Éder de Oliveira
Indicações ao Oscar: Melhor Filme / Melhor Diretor / Melhor Ator / Melhor Mixagem de Som / Melhor Edição de Som / Melhor Edição