A Melhor Amiga da Noiva, produzida pela Ponto Ação Produções e protagonizada pelas atrizes Natalie Smith e Priscilla Pugliese, é a maior websérie LGBT da América Latina. Alcançou um total de 9 milhões e meio de visualizações, 228 mil likes e 19.718 comentários apenas na 1ª temporada. Se baseou em uma fanfic escrito pela autora Nathália Sodré.
Natalie Smith, uma das protagonistas, conversou conosco a respeito da 2ª temporada e disse que “por muito pouco eu não seria a Juliana, mas tinha uma incompatibilidade de horários gigante e não estava conseguindo conciliar e decidi ser a Diana, que era um papel menor. Porém a atriz que faria a Juliana também não deu muito certo por outros motivos e voltei a interpretar a Juliana e sou muito, muito grata por isso. Não tenho como agradecer, é uma felicidade imensa”.
Segue a entrevista completa de Natalie Smith sobre A Melhor Amiga da Noiva:
Cinema e Pipoca: Você e a outra protagonista da série Priscilla Pugliese já se conheciam?
Natalie Smith: Eu vi a Pri quando fizemos um curso juntas há alguns anos atrás e nos conhecemos a partir de uma amiga em comum. Então por meio de amigos a gente já se conhecia, porém nunca havíamos nos falado. Desta forma considero que eu e ela realmente nos conhecemos na preparação de elenco de “Entre Duas linhas”. Desde lá ela me achou um pouco louca e eu pensei “meu Deus, ela não vai ser minha amiga nunca”. Mas no final deu tudo certo (risos).
Cinema e Pipoca: Como foi a preparação para que pudessem conseguir uma química tão boa em frente às câmeras?
Natalie Smith: Acho que foi algo mais forte do que só a preparação. Algumas pessoas possuem uma conexão muito forte, que é o meu caso com a Priscilla. Tivemos uma preparação excelente, mas tínhamos também uma conexão, algo espiritual que realmente acontecia ali. Acredito que a melhor preparação na verdade foi gravar “Entre duas linhas”. Quando fomos gravar “A melhor amiga da noiva”, já foi muito mais tranquilo. Conhecíamos a pele, o corpo, a boca, o beijo de cada uma, isso tudo ajudou muito.
Cinema e Pipoca: Foram mais de 9 milhões de visualizações na primeira temporada, um sucesso absoluto. Imaginavam todo este sucesso no começo do processo das filmagens?
Natalie Smith: Na verdade, quando eu comecei a estudar um pouco mais sobre “Carmen”, eu imaginei que seria um sucesso, porém nunca pensei que fosse ser dessa forma. Nunca pensei que um trabalho independente, feito na internet e sem custo algum, como foi na 1° temporada, teria um retorno tão grande e, principalmente, tão fiel. Temos um público enorme que possui um carinho muito lindo com a gente, que eu nunca vi com outros artistas. Vejo com cantores, mas é outro patamar. Estou muito impressionada, feliz e agradecida por termos atingido de uma forma tão especial o coração das pessoas.
Cinema e Pipoca: Se comparado com a televisão, por exemplo, quais as vantagens de se participar de uma webserie?
Natalie Smith: Como produtora independente possuímos uma liberdade maior na internet. Isso é nítido, é visível. Possuímos uma liberdade de criação, desde o roteiro, como também conversar abertamente. Acredito que em uma emissora não tenhamos uma opinião tão forte quanto quando um produto que está sendo produzido coletivamente entre nós mesmo e sem custos. Acho importante a experiência do ator de passar pelo processo de produção, direção e criação como acontece nas produções independentes. Ajudamos desde a maquiagem, o figurino, produção, direção e atuação. É essencial.
Cinema e Pipoca: Apesar de ser uma série de conteúdo LGBT, deve ser visto por qualquer um, pois são temas cotidianos a todos. Mas como fazer para conseguir dialogar e atingir todos os públicos, driblando o preconceito que, infelizmente, ainda existe?
Natalie Smith: Vejo que cada vez mais conseguimos driblar esse preconceito. O que mais recebemos é a questão da identificação. Às vezes as pessoas não sabem o que fazer com o que estão sentindo. Quando o público vê que tratamos de uma forma tão natural o sentimento de duas pessoas do mesmo sexo, eles passam a se sentirem mais confortáveis e se aceitam de forma mais tranquila. Temos uma longa trajetória, mas acredito que estamos avançando muito bem. Estamos alcançando um público bem legal. Eu vejo o mundo inteiro se mobilizando em prol de uma causa. Não precisam ser, mas estão passando a respeitar, o que já é um passo muito grande.
Cinema e Pipoca: Quais as principais dificuldades de se trabalhar em um projeto independente no país?
Natalie Smith: Acredito que a principal dificuldade, além da financeira, é o reconhecimento. Sofremos muito com isso pois não temos o reconhecimento da grande mídia e de pessoas que trabalham na área. Vivemos um certo preconceito. É você ser jovem, trabalhar em uma produtora independente, você se auto produzir e você ser respeitado porque você se produz, porque você faz. Às vezes não temos apoio de profissionais da nossa própria área, isso se torna ainda mais complicado. Também sinto que as coisas estão mudando cada vez mais, as pessoas estão se ligando de que ou você faz, ou ninguém vai fazer por você. Estamos evoluindo nessa questão.
Quanto ao financeiro, conseguir apoio é extremamente cansativo. É muito complicado correr atrás de empresas que doam um valor merecido. Independente se somos ou não a maior websérie do país ou da América Latina, ainda assim não encontramos financiamento fácil em troca de uma grande divulgação. Falta o conhecimento de que a internet é o futuro e que vale sim a pena investir.
Cinema e Pipoca: Se comparado com a 1ª temporada, quais os pontos que mais evoluíram em sua personagem? E o que você mais gosta na personalidade dela?
Natalie Smith: A Juliana veio de uma fase em que estava descobrindo a sexualidade e obteve uma naturalidade com a aceitação. Nesta segunda etapa viemos com ela ainda mais mulher. Trouxemos uma história familiar, mostrando que é possível construir uma família, casar, trabalhar, que as duas podem cuidar da casa, ter filhos e que não há nada de errado nisso. Em meio a tudo isso, entra a dificuldade da personagem relacionada ao aborto e à depressão devido a essa perda, além de outros conflitos no relacionamento.
Algo que eu gosto muito de citar é que nem sempre é preciso ter um vilão o tempo inteiro. Já temos muitos conflitos no nosso cotidiano que podemos trabalhar em uma produção. Tudo o que a Juliana viveu nessa temporada foi um amadurecimento muito grande para ela. Eu a vi crescer bastante nessa fase e me orgulho da mulher que ela se tornou.
Confira o trailer da 2ª temporada de A Melhor Amiga da Noiva:
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