14 anos e um dia | Diretora fala sobre o projeto
14 Anos e um Dia é outro dos indicados ao Festicini, que começou no último dia 16 e vai até o dia 30 de setembro. Concorre aos prêmios de Melhor Curta de Ficção e Atriz Coadjuvante e a diretora Lucia Alemany Compte bateu um papo conosco que você confere abaixo.
Cinema e Pipoca: Como surgiu a ideia para o filme?
Lucia Alemany Compte: O filme começou como meu projeto final. E por ser minha carta de apresentação, eu decidi vasculhar minhas feridas e contar uma história muito pessoal, no estilo que eu gosto. Decidi filmar na cidade onde eu nasci e cresci e utilizar a língua falada nas ruas. O intenção do curta é ser hiper-realista e se baseava num pilar: as interpretações das atrizes. Por isso não tinha dúvida de que queria filmar inteiramente com atrizes não-profissionais.
Eu estava tão focada em minhas decisões que o projeto final tornou-se o meu próprio projeto, realizado e concluído sem a ajuda da universidade e de forma independente, graças aos profissionais que me ajudaram. Um dia como qualquer outro, naqueles momentos em que, encontrar a ideia de meu projeto final ocupava as 24 horas do dia, mina amiga Sara lembrou de uma anedota que havia acontecido conosco: era um Festival e Maria havia ficado com Santi. Enquanto esperávamos Isabel chegou, sua namorada se irritou. Todas as mensagens que Maria acreditava ter enviado para Santi, foram recebidas por Isabel. Com esta recordação, comecei a relembrar minha adolescência e indaguei os adolescentes da atualidade. Decidi falar de toda uma geração de garotos e garotas. Nossos pais são pessoas humildes e sem maldades. Gente da zona rural, filhos educados com mãos pesadas por seus professores, pais e irmãos. Pais vítimas da agressividade, que tornam-se agressivos quando educam seus filhos. A relação com meus pais é boa, e os agradeço muito. Por isso deveria me colocar também no lugar de mãe e librar-la de toda a culpa. Não sou mãe e sei que fui adolescente, por isso, a história fala sobre adolescência.
CP: Fale um pouco sobre sua carreira até chegar a ‘14 anys i un dia’.
LAC: 14 anos e um dia foi meu primeiro curta. Rodei anteriormente apenas alguns exercícios práticos da escola que podem ser vistos em minha página do Vimeo: https://vimeo.com/user12186945. Comecei os estudos na Escuela Superior de Cine y Audiovisuales de Catalunya em 2009, antes estudei Comunicação Visual na Universidad de Vic, e paguei meus estudos trabalhando de garçonete.
CP: Como foi abordar o tema da juventude nos tempos modernos?
LAC: Falar de atualidade sempre envolve perspectiva. A resposta que recebi do público é diversificada. Algumas mães dizem que se sentem identificadas com a história, até porque, educar um filho adolescente não é fácil e existem momentos em que pode-se perder os nervos. Ouros me dizem que atualmente, em suas casas, é usada a violência. E alguns pais, estes mais ricos, dizem que isso não acontece e é coisa do passado. Fico encantado com os adolescente e sua linguagem inocente e perversa ao mesmo tempo. Sou apaixonada em abordar o tema e é algo fácil, pois fui jovem e adolescente e os entendo.
CP: O que é cinema independente para você?
LAC: É um cinema que pode falar livremente, sem nenhum condicionamento externo que o diretor queira submeter-se. Normalmente há a questão em que produtores e diretores discutem sobre o que querem contar e o que o público receberá, além da questão de tempo e dinheiro. No cinema independente existe a necessidade de fazer algo de maneira concreta.
CP: No Brasil, os filmes independentes lutam para sobreviver. Como é na Espanha?
LAC: Não posso falar pela Espanha inteira, pois não tenho experiencia suficiente. Para mim foi difícil pois a escola não me apoiou com o curta e tive que termina-lo com a ajuda de profissionais dispostos a me fazerem este favor. E eles fizeram isso pois acreditaram no projeto e nos presentearam com seu tempo e sabedoria.
Numa produção independente, o diretor está sozinho sempre e para ele, seu filme é a coisa mais importante de sua vida. Sendo assim, você não busca receber nada em troca, a não ser a experiência em fazê-lo. É um processo longo e duro, mas no final, é prazeroso vê-lo sendo montado, produzido e distribuído.
CP: Quanto tempo duraram as filmagens e como escolheram o elenco para 14 anos e um dia?
LAC: Colocamos cartazes sobre o casting nos institutos e comércios dos povoados da zona rural. Apresentaram-se cerca de 70 garotas para os quatro papeis: Arantxa, Rossi, a mãe e a namorada de Santi.
CP: Existe algum projeto para o futuro? Poderia nos falar a respeito?
LAC: Depois de grandes preocupações causadas por conta da finalização deste curta, no ano passado um produtor espanhol se encantou com “14 anys i un dia” e decidiu que queria produzir meu primeiro longa metragem. Se tudo der certo, começaremos a rodá-lo em agosto de 2017.
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