Que as lendas de nosso país são riquíssimas, isso ninguém duvida, mas jamais a utilizamos de maneira interessante e inteligente nos cinemas ou em seriados. O diretor Bruno Esposti em parceria com a produtora Visom Digital, se basearam nestas histórias e criaram a web-série Imaginário, que conta com 10 episódios na primeira temporada (a segunda temporada já foi confirmada). Confira o bate papo com o diretor logo abaixo e veja o primeiro capítulo da série!
Cinema e Pipoca: Conte-nos sobre sua carreira como diretor até chegar na web-serie Imaginário.
Bruno Esposti: Fui assistente de direção em emissora durante um tempo e após minha saída resolvi escrever pequenos contos de horror. Sempre gostei muito de criar histórias e sempre fui muito medroso. Acho que isso deu um tom interessante para a série.
O Imaginário foi o projeto que escrevi e meu primeiro contato com a direção de um produto. Quando comecei a escrever, queria algo que fosse de fácil acesso e consumo rápido e minhas maiores referências foram Porta dos fundos, American Horror Story e Black Mirror. Confesso que sempre amei Tim Burton.
CP: A população brasileira ainda precisa se interessar mais por suas lendas?
BE: Se a população brasileira pudesse mensurar o tamanho da riqueza de histórias que existem em nosso país, com certeza existiram muito mais outras histórias maravilhosas de terror por ai. Estamos vivendo um forte momento de perda de identidade com toda a “internacionalização” do Brasil e com isso perdendo nossas próprias referências, pés no chão e tambores tocando.
CP: Como foi o processo de pesquisa para conhecer a fundo cada lenda urbana?
BE: Todas as lendas apresentadas eu já conhecia desde criança, mas eu tinha uma visão própria sobre cada uma delas. O chupa cabra pra mim sempre foi assustador, um mostro de verdade que ocupava alguns dos meus pesadelos. Sempre senti que tudo que envolvia o universo dos mitos havia esse toque de mistério e horror. Peguei algumas referências com amigos historiadores, mas eu queria trazer uma nova visão em cima de tudo aquilo que já foi apresentado e de certa forma infantilizado com o nosso folclore.
CP: Quanto tempo durou o processo de escolha das locações e dos atores e como foi a preparação de cada um deles?
BE: Rodamos 80% da série no sítio Paiva Muniz que fica em Ilha de Guaratiba/RJ e isso agilizou bastante a escolha das locações pois filmamos praticamente tudo lá. Rodamos algumas cenas de “Garoto de uma Perna” e “Equino” na Fazenda Recanto do Tinguá localizada em Tinguá/RJ e finalizamos no Quilombo Astrogilda, em Vargem Grande/RJ com algumas tomadas do “Boto” e o episódio inteiro da “Sereia”.
Como não tínhamos cachê para o elenco, precisei contar com muitos amigos que toparam participar da série acreditando no projeto. Eu estava sempre muito envolvido com coisas de produção, pois no início de projetos como este, é preciso fazer várias coisas, ao mesmo tempo, eu estava envolvido produzindo a arte e ligando para marcar a prova de roupas com todos eles.
Em um dia por exemplo, eu agendava com 3 atores em horários diferentes para provar o figurino e conversava sobre cada personagem. Muitos deles eu encontrei no facebook e ainda não haviam entendido completamente o que era o IMAGINÁRIO. Só então, durante cada set de gravação, eu podia ter um tempo maior pra viver os momentos de troca com cada ator e poder trazer cada personagem pra aquela realidade que queríamos apresentar.
CP: Qual a maior dificuldade para tirar um projeto como este do papel?
BE: Provavelmente a falta da produção de bons conteúdos do gênero para o cinema nacional. O terror ou o horror, não é o gênero favorito nas apostas das grandes produções brasileiras, assim como o sci-fi e suspense. Talvez seja mais fácil um investidor que acredite no seu produto e queira apostar em algo inusitado e com provável potencial. A Visom Digital esteve conosco desde o início, a produtora que co-produziu a série e acreditou no projeto.
CP: Como é fazer uma webserie independente no Brasil?
BE: Incrível, pois estamos trazendo o cinema para a internet em dosagens menores e de fácil acesso e ainda podendo explorar o gênero de horror. Na internet, você pode ser o seu próprio dono e produzir um projeto para determinado grupo de pessoas que talvez comprem sua ideia.
CP: A 2ª temporada terá quantos episódios? Ela continuará focada no folclore brasileiro?
BE: O que posso dizer no momento é que sim, vamos ter uma segunda temporada. Infelizmente não posso adiantar mais nada.
CP: Tem algum outro projeto para o futuro? Poderia nos falar a respeito?
BE: Eu havia escrito outros projetos antes, mas o Imaginário está sendo o carro chefe no momento. Acho que na hora certo eles podem começar a aparecer.
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