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Rafael Ribas, diretor de Lino, bate um papo com o Cinema e Pipoca

Em setembro do ano passado, uma animação nacional ganhou os cinemas e hoje, temos o privilégio de entrevistar Rafael Ribas, diretor de Lino: Uma Aventura de Sete Vidas, a animação nacional com maior arrecadação de todos os tempos: faturou mais de R$4.3 milhões em bilheteria.. Mas vocês devem estar se perguntando: por que só agora saiu a entrevista? O filme ganhou carreira internacional, estreando na Rússia em grandes proporções, com 1200 salas de cinema 3D e 2D.

Comparando um estúdio nacional com um norte-americano, a diferença é gritante em relação a número de profissionais trabalhando. “Aqui no nosso estúdio o número máximo de profissionais foi de 42. Fora algumas pessoas de outras empresas que fazem parte de processos que não são feitos aqui, como música e efeitos sonoros e geração do DCP para cinema. Somando todos os profissionais , não chegaríamos a 80 pessoas, enquanto um estúdio como a Dreamworks já chegou a ter 800 profissionais no estúdio de animação”, comenta o diretor.

Agora, bora para a entrevista completa com Rafael Ribas, diretor de Lino.

Cinema e Pipoca: Como surgiu a ideia para Lino e quanto tempo demorou entre o início da ideia até a chegada do filme aos cinemas?

Rafael Ribas: Lino surgiu no final de 2009, logo após o lançamento do nosso segundo filme do Grilo Feliz. Sentia que precisávamos de um filme mais abrangente, que atingisse um público maior e que não fosse para um target tão baixo como os filmes do Grilo. Isso faria bem tanto para nós quanto para a Fox , que é nossa coprodutora no filme. A partir dai fizemos várias reuniões de criação para encontrarmos um caminho e surgiu a ideia de um filme sobre um rapaz que se transformava em um personagem de desenho animado.

Mas a história não estava dando muita liga e um certo dia, me lembrei de um amigo que tinha feito um bico como animador de festas infantis, e me contou que sofreu bastante nas mãos da criançada. Foi ai que decidi mudar para uma animador de festas que virava a propria fantasia. Acabou que, diante de tantas dificuldades para realizar um filme de animação no Brasil, levamos longos 8 anos da concepção até o lançamento.

Rafael Ribas, diretor de Lino
Cena do filme Lino: Uma Aventura de Sete Vidas

Cinema e Pipoca: Qual a parte mais difícil para se fazer uma animação no Brasil?

Rafael Ribas: Sem dúvida a parte mais difícil é captar recursos para fazer a animação. Muitas vezes, demora mais tempo pra gente captar recursos do que a produção do filme em si.

Cinema e Pipoca: O elenco de vozes é excelente. Como foi o processo de escolha dos atores Selton Mello, Dira Paes e Paolla Oliveira?

Rafael Ribas: Selton já estava na minha cabeça desde sempre, escrevi o filme pensando nele. Conversei com ele em 2010, ele topou participar e nos ajudou muito durante todo o processo, ele é um ator genial. Dira e Paolla entraram um pouco depois, já em 2013, quando começamos as gravações das vozes originais. Minha produtora executiva tinha acabado de produzir um filme e uma serie com elas, e quando soube dessa proximidade, logo pedi para convida-las para o filme e elas toparam.

Selton Mello dublando o filme

Cinema e Pipoca: Como foi a carreira de Lino nos cinemas? O público daqui abraçou a ideia de uma animação feita por brasileiros?

Rafael Ribas: Diante da crise que vive o cinema, que afetou muito mais o cinema infantil, fomos muito bem. Lino estreou num feriado e foi a maior abertura da história de um filme de animação nacional. Chegamos a 316 mil espectadores, e 4.3 milhões em renda. Não temos como brigar com filmes da Disney/Pixar, Dreamworks etc, mas fizemos mais público do que todos os animados estrangeiros lançados em 2017, que não são de grandes empresas. Mas todos esses filmes custavam pelo menos 20 vezes mais que o nosso, então acredito que estamos no caminho certo.

Cinema e Pipoca: Disputar com grandes animações estrangeiras não deve ter sido tarefa fácil. Qual foi a estratégia para tentar levar espectadores para o filme de vocês, ao invés dos outros blockbusters?

Rafael Ribas: Realmente a única estratégia para tentar brigar com filmes gigantes como esses é o investimento. Mas a nossa realidade não nos permite gastar tanto em campanha. Então a estratégia foi fugir das datas dos filmes grandes, e torcer para ser a segunda opção para os espectadores. Até porque, entrando em cartaz uma ou duas semanas depois, o trailer acabava passando massivamente nessas outras animações gigantes que atraiam grande público, e ajudaram muito na divulgação.

Paolla Oliveira dublando o filme

Cinema e Pipoca: Imaginava uma carreira internacional para Lino?

Rafael Ribas: Sim, pois no nosso contrato com a Fox, já contemplava a possibilidade do filme ser lançado internacionalmente. Por isso o filme foi todo pensado em ser universal. Não poderíamos ter nada muito regional, para termos a possibilidade de negociar com qualquer país.

Cinema e Pipoca: Em relação à série de TV, já tem alguma data de estreia e número de episódios?

Rafael Ribas: Ainda não, estamos em fase de desenvolvimento e preparação, apresentando para possíveis investidores e canais de tv. Mas já temos um bom feedback e acredito que ano que vem estaremos com a serie pronta.

Dira Paes dublando o filme

Cinema e Pipoca: Tem outros projetos para o futuro? Poderia nos contar um pouco a respeito deles?

Rafael Ribas: Dia 1 de janeiro estreamos nossa série de Tv chamada “Buzzu na escola intergaláctica”, que está na programação do canal NatGeo Kids em toda América latina. E estamos em fase de desenvolvimento do terceiro filme do Grilo Feliz.

Queremos agradecer imensamente a Rafael Ribas, diretor de Lino, pela atenção e carinho ao Cinema e Pipoca!

Confira o trailer de Lino: Uma Aventura de Sete Vidas:

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