Há pouco tempo atrás recebi um release e, ao lê-lo, me veio a seguinte questão: O que é o Instituto CEDECINI? E resolvi entrar em contato com Wilson Roque Basso, idealizador ao lado de Carlos Braga e amigo de longa data que, gentilmente, me cedeu esta entrevista.
Comentou que a sigla vem de Centro de Estudo e Desenvolvimento do Cinema Independente, e é uma “iniciativa privada e sem fins lucrativos, voltada para fomentar a arte do audiovisual independente com eventos, cursos livres, workshops, encontros, debates, exposições, mostras e festivais”. Outro propósito é oferecer suporte e incentivo ao pequeno e médio produtor, através de editais.
Mas você deve estar se perguntando: eu posso me associar, mesmo sendo “apenas” um espectador comum?
“Todos podem se associar acessando o site: www.cedecini.org. Não precisa ser profissional do audiovisual, basta gostar de arte e cinema. Ao fazer o cadastro, você receberá através de e–mails, informações sobre as atividades, cursos e eventos do instituto. O associado terá prioridades, vantagens e gratuidade nestes eventos.“, comenta o idealizador.
O instituto está localizado na cidade de São Paulo, mas o interessante é que sua abrangência se estenderá por várias cidades do interior e, dependendo, poderá ir para fora do estado.
E num mundo tão conflitivo quanto o nosso nos dias atuais, Wilson dá destaque para a arte como uma ferramenta para o equilíbrio e conscientização dos jovens pois “tudo que gera cultura contribui com a construção de uma sociedade mais justa e livre. Todo movimento artístico é valioso e permite as pessoas desenvolverem o senso crítico perante o mundo e a realidade em que vivem.”
O olhar sobre o cinema independente nacional
Por estar à frente do FESTICINI – Festival Internacional de Cinema Independente, como idealizador e curador, ele tece um “comparativo entre filmes independentes nacionais e internacionais não criticando, mas tentando buscar uma resposta para tantas produções nacionais em que a maioria se mostrou muito “amadoras” e, produções internacionais vindas dos quatro cantos do mundo com uma qualidade muito superior. Fazendo um panorama entre filmes de universos tão distintos é que falta no Brasil uma “escola” uma compreensão maior sobre a arte da narrativa cinematográfica. Foi o que notei analisando e julgando tantos filmes.”
Vamos ver cinema nacional no cinema!
Como fazer para ensinar o grande público a ter prazer de ir ao cinema para ver filmes nacionais e que não sejam as comédias com atores globais?
Wilson tem uma postura interessante em relação a esta questão e, primeiramente, debate que “a TV Globo impôs uma qualidade “maquiada” e isso é refletido na maioria das pessoas que vão ao teatro e ao cinema só porque determinada peça ou filme é feito em torno de um ator batizado de global. A TV Globo não é referência de qualidade artística – é claro que durante todo esse tempo a emissora realizou produções excelentes e de muita qualidade no caso, as Minisséries: “O Primo Basílio”, “O Memorial de Maria Moura”, “Os Maias”, “O Tempo e o Vento” e tantas outras, mas a maioria de seus produtos que hoje são apresentados, não tem teor cultural e artístico e isso, a mesma TV está levando para o cinema. Pouco se vê filmes de qualidade feita pela produtora Globo Filmes”.
E depois fala sobre a arte ensinada fora deste padrão, para que estes profissionais tenham uma “compreensão mais ampla e livre e que busquem realmente a importância do que está sendo feito e que se importem com o teor artístico cultural. Sempre digo que a arte é livre e deve também ser livre de qualquer espécie de censura e que, de alguma forma, reflita a maneira que um artista enxerga a sociedade à sua volta – esse é o verdadeiro papel da arte. Fazer com que as pessoas tenham uma compreensão um pouco maior sobre o que é artístico, com certeza permite que ela passe a ver filmes, peças realizadas por produtores, atores e diretores ”não globais”, desconhecidos e que geram produtos de excelente qualidade, tão bons e melhores que muitos da emissora”.
E aí, entendeu o que é o Instituto Cedecini? Se curtiu e pretende ficar antenado sobre sua programação é só se inscrever no www.cedecini.org