No filme O Ano em que meus pais saíram de Férias há três visões do Brasil. Ou seja, o diretor por Cao Hamburguer (do seriado Castelo Rá-Tim-Bum) expõe, em primeiro lugar, a visão destes tempos pelo ângulo inocente, criativo e tocante do garoto, interpretado por Michek Joelsas. Ele é deixado num abrigo pelos pais e só se preocupa com a Copa do Mundo de 70.
Em seguida, temos os adultos desesperados e que tentam sobreviver como animais, amontoados nos edifícios. E, enfim, vemos atitudes governamentais que levavam muitos jovens a irem contra essas duvidosas leis.
Nessa forma delicada, a obra acaba sendo minimalista e bela. Além disso, a trilha sonora (obviamente derivativa daquela época), mantém esse ar nostálgico, necessário à obra.
Longe do impacto causado pelo mega-sucesso Tropa de Elite, a produção entoa características próprias de nossa sociedade. Talvez isso explique a escolhida para representar o Brasil na corrida pelo Oscar.
Provavelmente com outro diretor, esse tom infantil seria enfadonho. Mas Cao prova entender o achado e nos entrega uma experiência capaz de gritar aos quatro cantos o quanto esse período deve continuar morto. O filme O Ano em que meus pais saíram de Férias é mesmo uma pequena grande obra!
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