Crítica: O Anel de Eva | Suzana Pires e Odilon Wagner brilham neste thriller surpreendente
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Crítica: O Anel de Eva | Suzana Pires e Odilon Wagner brilham neste thriller surpreendente

O Anel de Eva

O Anel de Eva é um longa metragem estrelado por Suzana Pires e Odilon Wagner que sai do eixo Rio-São Paulo e traz uma perspectiva narrativa, de ambiente e até mesmo de fotografia, diferentes. O diretor estreante Duflair Barradas insere uma aura fúnebre desde o primeiro ato, começando pela quebra da estrutura familiar e a briga dos irmãos pelas terras do falecido – mas essa é apenas ponto de um iceberg cheio de reviravoltas.

Ao mesmo tempo, o baixo orçamento não o limita de moldar um universo denso e que vai além da camada superficial, tratando com esmero o roteiro de Eduardo Ribeiro e Pedro Reinato. Portanto, detalhes que poderiam passar despercebidos por muitos, como a questão da ‘raça mestiça’, que serve tanto para compor a raça égua que está na propriedade de Eva, como os ideias nazistas ou a questão da protagonista ser adotada, enchem os olhos do espectador.

Suzana Pires entrega-se de corpo e alma ao papel e como ela mesma revelou na coletiva de imprensa: “a preparação para as cenas de ação foi curiosa. Eu tinha que chegar na mulher que comanda a fazenda, mas sou muito urbana e tenho medo de cavalos, por isso fiz aulas. Já na questão da arma, primeiro entendi a técnica e depois inseri na personagem, pois ela faz tudo isso de forma muito natural“. E essa naturalizada transpassa os 90 minutos, pois há uma ira e uma gana de buscar por suas raízes, que fica impossível não torcer por ela.

As várias linhas narrativas de O Anel de Eva

A história de O Anel de Eva vai ficando cada vez mais intrincada e tive medo que as tramas paralelas atrapalhassem o ritmo. Contudo, fala-se sobre aceitação, conservadorismo e diversos outros temas para complementar o todo. Talvez um ou outro personagem, como o de Sandro Lucose, fique abaixo dos demais, mas este é apenas um grão de areia neste mar de coerência narrativa.

Conforme assistia, achava que o velho alemão Martin Hirsch, vivido por Odilon Wagner, era um tanto unidimensional. Pensando depois, entendo que ele é um homem endurecido pela vida, com inúmeros demônios que o assombram e com um caminho deturpado por uma ideia desumana, ou seja, não teria como ser o contrário.

O embate vai se alicerçando em uma disputa que vai muito além de terras. O terceiro ato chega e o espectador torce pela vida daqueles que, assim como ocorre ainda hoje, são vítimas de algo inaceitável e que deveria ter sido extinto há décadas. Duflair Barradas e toda produção dão voz e vez àqueles que não tiveram a oportunidade de ter um futuro e foram dizimados por atos cruéis de quem, muitas vezes, saiu ileso e sem sentenças coerentes. O Anel de Eva é pesado, porém, necessário!

o anel de eva
O Anel de Eva

Onde assistir O Anel de Eva?

  • Chega aos cinemas nacionais em 13 de junho

Sinopse de O Anel de Eva

Eva Vogler é surpreendida após a morte de seu pai, ao receber um anel nazista com a inscrição “Eva, 1945” acompanhado de um bilhete: “abra-o somente se achar necessário”. Todas as certezas de Eva são postas em xeque, quando a sua investigação a conduz para uma propriedade arruinada, a Fazenda do Alpendre, onde a figura do velho alemão Martin Hirsch, traz respostas e perigo para a sua jornada.

Nota Cinema e Pipoca: ★★★★

Título Original: O Anel de Eva
Ano Lançamento: 2024 (Brasil)
Dir: Duflair Barradas

Elenco: Suzana Pires, Odilon Wagner, Lis Luciddi, Luciano Bortoluzzi, Sandro Lucose, Laíze Câmara

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