Entrevistas
Não sei qual cidade se passa aos olhos dele

Não sei qual cidade se passa aos olhos dele, primeiro longa da Cia Banquete Cultural como produtora e da Xique Xique Neon como pós-produtora, estreia na 18ª edição da Mostra do Filme Livre – maior mostra de cinema independente brasileiro – que acontece nos Centros Culturais Banco do Brasil, das cidades de São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro, de março a junho.
Perguntada sobre a estética híbrida do longa, Thaís Inácio, diretora e montadora, comenta que “estamos num campo híbrido de construção da narrativa, quer dizer entender que a autoria é compartilhada com esses vestígios que desembocam no filme e que ao fim, não se pode determinar suas origens. Por isso, ao invés de propormos um personagem aos moradores, nós nos deslocamos até eles e os entendemos como “performers”, ou seja, fazendo a si mesmos em uma situação não necessariamente pertencente ao cotidiano. Assim, a ação que apresentamos no dispositivo é o que determina a linha em cena e o nosso encontro, entre realizadores e os que propuseram em situação “performática”.
Segue a entrevista na íntegra com Thaís e o diretor e protutor Jean Mendonça:
– Um personagem da peça teatral Áurea, a lei da Velha Senhora ganhou um curta chamado Negrinho, que serviu de inspiração para Não sei qual cidade se passa aos olhos dele. Como foi todo este processo?
Thaís Inácio (diretora e montadora): Na verdade, o curta fazia parte da peça. Era uma forma transmidiática de colocar um dos personagens em cena. O curta foi pensado desde o início da dramaturgia, assinada pelo Jean Mendonça e tomava conta de um argumento: a morte de uma criança. O personagem chamava-se Negrinho, e, no espetáculo, sua presença se diferenciava dos demais atores que estariam ao vivo com o público. Na época, o Jean dirigia a peça e eu, o curta. Estivemos em todo o processo de gravação juntos, e procuramos traçar algumas continuidades com o espetáculo através do convite à Cláudia Barbot e ao Marcus Liberato, que atuavam em Áurea, e ao Sérgio Pererê, que compunha a trilha, para fazerem participações especiais.
Jean Mendonça (diretor de performers e produtor): Tanto a peça, quanto o roteiro do curta “Negrinho”, tinham como motes principais a questão identitária e a tênue relação entre vida e morte numa comunidade isolada dos grandes centros urbanos. Na peça, esse isolamento era simbólico pois o casarão em que se passa a história encontrava-se no meio de uma metrópole. Já no curta e no longa, a ação desenrola-se numa comunidade quilombola e cidade do interior de Minas.
– Como é ter outro diretor trabalhando ao seu lado e houve algum tipo de distribuição de funções?
Thaís: O filme inicialmente foi dirigido por mim no set e na pós produção. Mas ao me deparar com o material na montagem percebi o quanto a performance do João havia trazido tantos dispositivos quanto eu mesma seria capaz de levar. Como disse, a partir do roteiro literário do curta “Negrinho”, do Jean Mendonça e do José Mauro, levei propostas paralelas como o uso do celular pelo João, as cenas da estrada, cidade, água, purpurina e pele. Enquanto João, através de sua recusa constante ao papel de ator, me trouxe inúmeros riscos (no melhor dos sentidos) nas gravações, modificou toda a equipe e escancarou o seu ponto de vista em relação ao filme, se posicionou. Para mim, seu conflito e como ele propôs isso em cena foram os pontos capazes de justificar a montagem do longa. Por isso, o provoquei neste gesto de assumir ao meu lado a direção.

Trecho de Não sei qual cidade se passa aos olhos dele
– O que significa cinema independente para o Brasil?
Thais: A Mostra do Filme Livre é uma iniciativa que valoriza e até possibilita esse movimento no Brasil, nos mais variados níveis. No nosso filme, ela teve um papel fundamental na finalização (que inclusive continua em andamento devido à questões orçamentárias), e agradecemos a oportunidade de estar na competitiva RJ, caminhando com uma versão que é uma espécie de work in progress.
Na mesma diretriz, temos a Mostra de Tiradentes, A Semana, entre outros eventos. Muito embora o cinema independente nem sempre se restrinja a festivais, e se estenda a cineclubes como Subúrbio em Transe, Mate com Angu etc e pequenas exibições, como as do Cinemão, lidando com espaços alternativos. Percebo, através dos amigos que estão criando, a questão de quem leva um filme à frente de forma independente, sem recursos, mas hackeando formas de o realizar, é uma necessidade pessoal e coletiva. Por isso, para mim, cinema independente em um país que até 10 anos atrás tinha poucas universidades federais oferecendo o curso de cinema (e não rádio e TV ou Publicidade), é uma ousadia, mas é possível. É visível a diferença em termos de realização depois que o digital possibilitou experiências de diversos tipos e enfim, com isso, acredito que agora o que está se chamando de “novíssimo cinema brasileiro” se tornou um espaço acessível de formação, mas também de grandes feitos com orçamentos baixos ou inexistentes como Nova Dubai do Gustavo Vinagre, e filmes com os dos grupos Alumbramento, Cavídeo e Filmes de Plástico, entre tantos outros.
– Peça teatral, curta e longa metragem, quais destes formatos hoje, no país, é o mais fácil de se tirar do papel e qual o mais difícil?
Thais: Não há como comparar considerando apenas o formato, porque considerando mesmo somente fatores de produção, depende do tamanho do projeto. Mas dentre os formatos, eu diria que o curta continua com menos circulação, ainda que exista mais espaço, nem que seja na internet.
Jean: A realidade da cultura hoje em dia no Brasil é lamentável. Percebemos um movimento crescente de sucateamento dos órgãos reguladores e ministério, leis de incentivo pouco democráticas e um esvaziamento natural das salas de teatro e cinema. As séries de televisão ganham cada vez mais destaque. A população mundial e, consequentemente, a brasileira, assumiu um ritmo cada vez mais alucinado das grandes metrópoles desde o final do século XX. A era digital veio com toda a força e imprimiu uma nova forma de ver o mundo. Não que haja uma tendência à superficialidade das coisas, mas há sim, uma resistência ao aprofundamento de questões maiores que podem levar à transformação da humanidade. E para que esse aprofundamento não morra com os novos tempos, há necessidade de se rever a linguagem que se pretende trabalhar. Não adianta fazer uma peça teatral ou um filme, curta ou longa metragem, que atenda apenas a um grupo de intelectuais ou artistas do nosso convívio. A transformação também precisa atingir a base da população, precisa tocá-la de uma forma baste um para que o efeito cascata multiplique-se aos demais. Pela Cia Banquete Cultural, consegui realizar com muito êxito, já cinco espetáculos teatrais (“Amor e Restos Humanos” de Brad Fraser, “Áurea, a lei da Velha Senhora” de minha autoria, “Amável Donzela: o capturado” de Castro Alves, “Pobre Super-Homem – o avesso do herói” de Brad Fraser e “O Segundo Armário” de Antonio de Medeiros em cima do livro de Salvador Corrêa), um curta metragem (“Negrinho” de Thaís Inácio com roteiro escrito por mim e José Mauro Pinheiro) e este longa que agora estreia na MFL/2019 (“Não sei qual cidade se passa aos olhos dele” de Thaís Inácio e João Mendonça). É muito difícil levar adiante projetos que lidam com questões sensíveis à humanidade, como temas ligados à solidão nas grandes cidades, liberdade sexual, negritude, homofobia, transfobia e HIV. Poucos são os que se interessam em patrocinar a arte que se dispõe a abrir a mentalidade. O entretenimento e a indústria da fama absorvem todos os recursos e a atenção dos possíveis patrocinadores e da grande mídia. A sensação é que projetos que elevam o pensamento não podem seguir adiante, a não ser se forem feitos com a garra e competência dos idealistas e guerrilheiros. Não tenho dúvida que fazemos a arte de guerrilha e que aqueles que se envolveram conosco neste movimento foram todos transformados. Dos três formatos, o longa metragem é de longe o mais difícil de sair do papel. Os custos de produção e pós-produção são altos, por mais que se trabalhe com baixos orçamentos e que cada membro da equipe consiga assumir mais de um papel na gama de atividades que precisam ser desempenhadas para finalização da obra.

João Mendonça, um dos diretores de Não sei qual cidade se passa aos olhos dele
– O filme vai lidar, dentre outras coisas, com o choque de gerações. E como vocês vêem o tratamento de pais e filhos em relação ao tema?
Thaís: De alguma forma acabamos por privilegiarmos a potência dos que vem depois, demos espaço à essa rebeldia que está na figura do João ao recusar o filme que lhe é ofertado e ceder ao espaço que ele mesmo consegue para si. Porém, paradoxalmente, é o filme do pai que o faz partir de algum lugar, afinal, a reação se deve à provocação. E ficamos em um labirinto entre a negação e a criação. Eu me interesso nesse, e em outros trabalhos, pelo que a família representa em nossa experiência, esse espaço de lidar com a extrema diferença entremeados pelo afeto e o respeito. Mas logicamente essa é apenas uma das camadas do filme.
Jean: Lembro-me bem que foi durante os ensaios de “Amor e Restos Humanos”, primeiro projeto da Cia Banquete Cultural, numa conversa com o ator Marcus Liberato, que surgiu a ideia deste segundo projeto. Senti que precisava falar sobre a negritude para as próximas gerações e para meu filho, que tinha três anos na época e estava inserido numa família de classe média, de certa forma, protegido do restante do mundo e alienado sobre outros heróis esquecidos pela história oficial que ele também poderia se guiar. O longa e o curta, que têm “Negrinho” meu filho como performer principal e os vários moradores como protagonistas de suas próprias histórias, respondem a esta meu anseio de ensinar a ele, desde pequeno, que o mundo lá fora é muito mais amplo do que podemos imaginar e não podemos ficar numa casca de noz; é preciso desbravá-lo, abrir-se para o desconhecido e firmar lutar diárias. Nosso espaço não está garantido, ele precisa ser conquistado, mas de uma forma nobre, que não esmague nossos opositores. O conflito do meu filho em ser dirigido por mim no set de filmagem já me mostrou que ele tem uma personalidade instigante, que não aceita de bate-pronto o pré-estabelecido, que se questiona sobre o que pode ser bom também para ele e não apenas para o outro. Da mesma forma, também vimos que a atuação de D. Ilídia, a senhorinha no auge dos seus cem anos de vida, era de contestação. Ela, da mesma forma que o pequeno de cinco anos, recusavam-se a atuar ou a seguir as orientações de ações físicas propostas por mim no set de filmagem.
– Vocês têm novos projetos para um futuro próximo? Poderia nos falar um pouco sobre eles?
Thaís: Atualmente eu faço parte de uma plataforma de criação chamada Xique Xique Neon, com a fotógrafa Paula Melo, que também fez o filme Não sei qual cidade se passa aos olhos dele. Nosso foco é uma realização no audiovisual e fotográfica por mulheres, e de preferência, que se passe em Minas Gerais, local em que nascemos. Nosso principal projeto atualmente é o longa Passa Tempo, um sci-fi mineiro que conta a história do meu pai e seu primo, Nigim, um ufólogo natural da cidade de Passa Tempo. Nesse projeto a Ana Clara Costa assina o argumento, eu faço direção e montagem e Paula Melo, a direção de fotografia.
Jean: A Cia Banquete Cultural já se prepara para dois novos projetos no médio prazo: uma peça de teatro que também dialogará com o cinema (como aconteceu com “Áurea, a lei da Velha Senhora” e o curta metragem “Negrinho”), em que assino dramaturgia, roteiro e direção, e uma série televisiva, inspirada numa grande obra da literatura brasileira. Ambos os trabalhos, ainda em fase de concepção cênica, por isso ainda o sigilo dos seus títulos, versam sobre o empoderamento feminino na nossa cultura pós-moderna. Enquanto isso, pretendemos circular com o longa Não sei qual cidade se passa aos olhos dele por outros festivais nacionais e internacionais, assim como com o espetáculo teatral O Segundo Armário, em cartaz na cidade do Rio de Janeiro, nas sextas de abril, no Memorial Municipal Getúlio Vargas, na Glória e que entre os dias 10 e 12 de maio, estará em Campos dos Goytacazes/RJ, no Teatro de Bolso Procópio Ferreira.
Crédito das fotos: Paula Melo
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Editor CP
ENTREVISTA E TOP CP – 7 FILMES RECENTES TIRADOS DE LIVROS INFANTIS
Hoje, dia 02 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro Infantil. O gosto pela leitora começa desde cedo e vale a pena os pais incentivarem sempre seus filhos e lerem juntos as mais variadas obras. Além da lista de filmes, que dá nome à postagem, segue uma entrevista com Christian David, autor de livros juvenis como ‘A Menina que Sonhava com os Pés’
– ONDE VIVEM OS MONSTROS (2009)

Baseado no livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’ é um filme que deve ser redescoberto o quanto antes. Há muito simbolismo para pontuar o rito de passagem da criança para a adolescência, sem contar a forma delicada com que o roteiro nos mostra a solidão e ao mesmo tempo, os subterfúgios criados pela mente da criança. Pequeno grande filme.
Entrevistas
Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa, que estreia hoje (19), no Globoplay

A partir de hoje (19), os assinantes do Globoplay poderão acompanhar as aventuras e descobertas dos jovens e adolescentes de Vicky e a Musa, com a estreia da primeira parte da temporada. Por isso, essa entrevista com Rosane Svartman (criadora e escritora do programa) é mais do que bem vinda!
Com direção artística de Marcus Figueiredo, a série mostra a importância da arte na vida das pessoas. “Todo mundo tem um filme que marcou a sua vida, uma música que lembra alguém especial, um livro que nunca esqueceu. Esta é uma série não só sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis a ela e à cultura como um todo, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda melhor o outro. A arte nos faz humanos”, conceitua Rosane.
No primeiro musical criado e produzido pelos Estúdios Globo, se destacam os dilemas da adolescência – uma época em que “tudo parece o fim do mundo e, na verdade, é apenas o começo”, nas palavras da autora, e o amadurecimento dos jovens adultos, já que a trama passeia também por suas escolhas profissionais que se sobrepõem aos sonhos, pela entrada no mercado de trabalho, pelos relacionamentos que se transformam ao longo do tempo, entre outras questões.
Antes da entrevista com Rosane Svartman, vamos conferir a sinopse e o elenco da série!
Sinopse de Vicky e a Musa
O fio condutor dessa história sobre o poder transformador da arte é Vicky (Cecília Chancez), uma jovem estudante cheia de sonhos, que sempre foi apaixonada por música e dança e tenta entender seu lugar no mundo com a chegada da adolescência.
Ela e Luara (Tabatha Almeida) sempre foram grandes parceiras, mas a relação das duas está abalada desde que Luara resolveu deixar a amiga de lado, sem qualquer motivo aparente, e passou a ignorá-la após a morte da mãe durante a pandemia de Covid-19.
Cansada dessa vida solitária e reagindo às provocações de Luara, Vicky desabafa na praça do bairro e, enquanto suas palavras carregadas de sentimento são ditas no timbre mais forte de sua voz, uma brisa intensa levanta a poeira no local e chama a atenção de todos.
O significado disso nem ela mesma sabe, mas seu pedido de socorro está prestes a ser atendido por Euterpe (Bel Lima), a musa da música segundo a mitologia Grega e uma das figuras que mais chama sua atenção nas aulas lecionadas por Isa (Malu Rodrigues), irmã de Luara.
Com inúmeros artistas que se tornaram ícones da música graças aos seus encantos, a filha de Zeus chega à Terra trazendo apenas um propósito: inspirar Vicky para, através dela, arrebatar outras pessoas e, consequentemente, todo o bairro de Canto Belo.
Junto de sua chegada, uma aura de magia toma conta do local, sinalizando que algo muito poderoso está prestes a acontecer: conforme Euterpe caminha pelas ruas, ela inspira as pessoas com sua purpurina mágica, que cantam com ela a música “O Sol”, de Vitor Kley, no primeiro de muitos clipes que embalam a trama.
Assim, a deusa, que chega um pouco perdida porque não pisa no planeta Terra há muito tempo, se encanta pela vizinhança. Sem que ninguém saiba que ela é uma divindade, Euterpe tem papel fundamental na transformação de Canto Belo, já que enxerga nos indivíduos algo que eles mesmos não veem. Apesar da disposição e de estar munida de sua purpurina mágica do entusiasmo, a musa da música logo percebe que a tarefa não vai ser nada fácil.
Para sua surpresa, e ao mesmo tempo, decepção, seu irmão Dionísio (Túlio Starling), deus do teatro, também volta à Terra. Com um jeito excêntrico e ao mesmo tempo atrapalhado, ele tem certa dificuldade de interagir com os humanos. Eles não compreendem suas piadas milenares e seu humor incomum. Dionísio vai provocar muita confusão e, algumas vezes resolver empecilhos, com seu dom de se transformar em outras pessoas.
É no teatro abandonado da região que os irmãos decidem se refugiar. E é, então, nesse lugar ‘sagrado’ que cada jovem envolvido no processo transformador de Canto Belo vai se reconectar com a sua essência ao longo dos episódios. Um efeito cascata terá início com a chegada dos deuses, por meio da arte, e vai propor aos personagens uma jornada de reencontro consigo mesmos e de reconexão em suas relações sociais.
O elenco da série
O elenco da série, cuja segunda temporada tem previsão de estreia em dezembro, tem nomes conhecidos do público nas redes sociais, teatro, cinema e da TV. Além de Cecilia Chancez, Tabatha Almeida, Bel Lima e Túlio Starling, o musical conta ainda com Nicolas Prattes, João Guilherme, Cris Vianna, Dan Ferreira, Jean Paulo Campos, Malu Rodrigues, Hilton Cobra, Pedro Guilherme Rodrigues, Leticia Isnard, Manu Estevão, entre outros. Os episódios finais da primeira temporada chegam ao Globoplay no dia 26 de julho.
Então, sem mais delongas, vamos para a entrevista com Rosane Svartman.
Entrevista com Rosane Svartman
Como descreve a série ‘Vicky e a Musa’ e os elementos que funcionam como fio condutor da história?
- Rosane: ‘Vicky e a Musa’ é uma série que valoriza a arte e a cultura, e mostra como isso pode transformar pessoas e como pessoas transformam territórios. Não é uma história apenas sobre quem faz arte, mas sobre como nós somos permeáveis à arte e cultura, e como isso faz com que a gente se entenda nesse mundo e entenda o outro. Arte é também empatia. Em ‘Vicky e a Musa’, o território também é protagonista, além das pessoas que vivem ali. Ao longo da trama, Canto Belo se transforma, assim como suas personagens. Mas Vicky (Cecilia Chancez) tem extrema importância nesse processo, ela é o fio condutor. É a personagem que sente falta de alguma coisa naquele lugar que nem sabe direito o que é e, sem querer, chama a musa da música. E é a partir da chegada de Euterpe (Bel Lima) que as pessoas e o território são transformados através da arte.
De que forma o gênero musical influencia na escrita da obra?
- Rosane: Influencia muito, porque as músicas precisam ajudar a contar a história e a retratar aquele momento de cada personagem. Acredito que o cancioneiro brasileiro é muito rico e viaja o mundo. Temos artistas incríveis, uma diversidade muito bacana e nós da equipe de roteiro e pesquisa tentamos trazer isso para a série, com músicas de várias épocas e gêneros, mas que precisavam caber na narrativa.
O Teatro Parnasus é um dos principais cenários da série. Qual é a importância desse lugar para a trama?
- Rosane: O teatro começa abandonado até que os jovens o ocupam com a inspiração dos deuses da arte, e, à medida que vão se transformando e transformando o teatro, eles entendem que a arte vai além daquelas paredes e cadeiras.
E a última questão da entrevista com Rosane Svartman é: o que o público pode esperar de ‘Vicky e a Musa?
- Rosane: Espero que o público se inspire. Acho que ‘Vicky e a Musa’ faz a gente pensar sobre o nosso cotidiano, sobre a nossa realidade e como a arte está presente em nossas vidas. Espero que seja uma série lembrada também por alegrar a vida das pessoas.
E então, o que achou dessa Entrevista com Rosane Svartman sobre a série Vicky e a Musa?
Entrevistas
Entrevista com Ivo Lopes Araújo, diretor de fotografia do longa “Casa Vazia”

O Cinema e Pipoca recebeu um material exclusivo, com uma entrevista com Ivo Lopes Araújo, um dos mais aclamados diretores de fotografia da atualidade no país. O cearense ajustou o foco e enquadrou as cenas de recentes sucessos do cinema brasileiro, como Girimunho, Tatuagem e Greta. Também integrou a equipe do internacionalmente premiado Bacurau.
O mais novo trabalho do fotógrafo é o longa-metragem Casa Vazia, que chega aos cinemas neste fim de semana em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Natal, Palmas e no Rio de Janeiro. Por esse filme, Ivo conquistou um Troféu Redentor, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2021, e um Kikito, no Festival de Gramado no ano passado.
Rodada em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul) e Rivera (Uruguai), a produção aborda o empobrecimento da população em áreas agrícolas marcadas pelo avanço da tecnologia e das desigualdades sociais.
Dirigido por Giovani Borba e definido como um neo-western pela revista Variety, o filme explora uma linguagem híbrida entre ficção e documental e tem como protagonista um não-ator, Hugo Noguera, que é um ex-peão de estância.
Confira a entrevista com Ivo Lopes Araújo, sobre o longa Casa Vazia
Casa Vazia foi sua estreia em um filme rodado no pampa gaúcho. Como foi essa experiência?
Ivo: Foi a primeira vez que eu filmei nos pampas gaúchos. Foi incrível porque tem uma luz muito suave. Então durava horas do dia aquela luz suave. Tudo fica muito colorido. Os contrastes ficam certinhos, é uma paisagem incrível mesmo. Mas acho que a paisagem é usada a serviço do filme. E aí tem um trabalho que eu acho que é coletivo. Pra mim, foi um privilégio estar filmando nesse lugar, nessa época, e pra contar essa história. Tudo estava casando muito bem.
Como foi transpor para a tela a imensidão dos campos e essa sensação de vazio que permeia toda a trama?
Ivo: É impressionante como a natureza é forte na imagem. Ela traz tantas sensações. Acho que é nosso inconsciente, nossa memória ancestral que faz com que a gente se relacione com aquilo num lugar muito poderoso. É impressionante como, dependendo da história que se cria, da trama, você pode ter uma sensação de plenitude com a natureza, de solidão. Então, ela amplifica o gesto humano e o que a dramaturgia tá contando. No caso desse personagem silencioso e desse vazio que o filme cria, a natureza é usada para expandir isso, levar para um lugar maior. E funciona muito bem. O que poderia ser uma paisagem bucólica, se torna uma paisagem quase opressora pela sensação de solidão e de vazio que o personagem tá vivendo. É bem interessante o uso da natureza para tornar esse sentimento maior.
Você conquistou um Troféu Redentor e um Kikito com Casa Vazia. Em diversas cenas, a fotografia parece ser a única personagem que dialoga com o protagonista. Essa foi a sua intenção?
Ivo: É bem importante entender que o trabalho de composição da imagem do filme e a forma como ela ajuda na dramaturgia não é um trabalho só do fotógrafo. É um trabalho do diretor de arte, a escolha das locações, o figurino que o ator tá usando numa uma paisagem verde, o próprio ator, a entrega dele, o diretor que tá arquitetando tudo isso. Fico muito lisonjeado com os prêmios de fotografia. Mas é muito importante expandir e entender como essa paisagem natural e essas imagens se tornam poderosas.
É o trabalho de uma equipe toda, a equipe de fotografia, que tá ali junto iluminando, pensando os movimentos, trabalhando o foco, fazendo a imagem se constituir fisicamente mesmo. Não só os elementos de conceito, mas a mão na massa. A câmera estar no lugar certo, os movimentos de câmara, os travellings. Tem um trabalho de botar a mão na massa e materializar a imagem. E que o fotógrafo também não faz sozinho.
E quais são os seus próximos projetos?
Ivo: Tem um filme que foi rodado ano passado na África entre Mauritânia e Guiné Bissau, dirigido por um realizador português, Pedro Pinho. Amanhã será outro dia é um filme enorme, nunca tinha participado de uma produção tão grande. Foram vinte semanas de filmagem, um roteiro muito grande e uma história muito interessante.
Eu tô bem curioso e ansioso pra ver esse filme pronto e na tela. Tô agora em fase de finalização e colorização do filme dirigido pela Clarissa Campolina e pelo Sérgio Borges, que se chama Fera na Selva. Também foi um grande prazer trabalhar de novo com esses realizadores.
E então, o que achou dessa entrevista com Ivo Lopes Araújo? Comente com a gente em nossas redes sociais!
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